Floresta Cidade é um programa de extensão, pesquisa e ensino da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, iniciado em 2020 e coordenado pela professora Iazana Guizzo. Ao versar sobre a vida urbana carioca através das questões do antropoceno e do deslocamento da perspectiva antropocêntrica, objetiva-se a troca de saberes em torno do habitar na metrópole. A transdisciplinaridade com diversos campos do conhecimento e com sensibilidades conectadas à floresta, historicamente silenciadas, formam o caminho para deslocar o modo habitual de pensar.
O programa teve início em contexto pandêmico ao questionar práticas hegemônicas de planejar, projetar e construir. Busca perder a antítese entre floresta e cidade ao envolver-se com relações regenerativas nos assentamentos urbanos. Começou como um projeto de extensão em plataformas digitais, sobretudo com a produção de um podcast com convidados diferentes em cada episódio. São múltiplas cosmopercepções na construção conjunta de uma forma não hegemônica de ver a cidade, dando voz a diferentes mestres do saber, universitários ou não, priorizando diferentes campos e pluralidade étnica.
Com o retorno à circulação na cidade e com um coletivo consolidado, foi possível dar espaço às frentes de atuação nos territórios com a promoção de ações e projetos regenerativos em contato direto com as comunidades locais em situação de disputa territorial com o mercado imobiliário, poder público e paralelo. As primeiras frentes territoriais se deram no bairro da Gamboa e nas favelas da Maré e Providência, criando rede com atores locais em uma luta coletiva capaz de disparar agendas, práticas, projetos e outras ideias. As frentes mais recentes são na região do Maracanã e no recôncavo da Guanabara. Através de metodologias corporais, sensíveis e afetivas, o programa repensa o ensino na universidade ao mesmo tempo em que firma importantes parcerias com instituições e comunidades a fim de pesquisar e praticar urgências do morar contemporâneo.
Continuamente, o programa de extensão é aliado ao grupo de Pesquisa Floresta Cidade e às práticas de ensino na graduação denominadas Ateliê Floresta Cidade. As demandas das disciplinas de projeto desse Ateliê partem dos próprios territórios e são viabilizadas a partir dos projetos de extensão. A pesquisa apoia as ações nos territórios e visa principalmente aprender com as sensibilidades afro-ameríndias e, além disso, tecer em palavras a história afetiva que o grupo narra desde 2020.
Recentemente, o coletivo foi reconhecido pela premiação do projeto "Pontos de Floresta” no concurso nacional de ideias “Outros Futuros São Possíveis: territórios e cidades democráticas” promovido pelo Instituto Lula e coordenado pelo IAB nacional. Com a experiência acumulada até aqui afirmamos que a universidade pode e deve ser um espaço que cultiva afeto e que respeita diferentes formas de viver e saber, sobretudo as ancestrais. Junto aos territórios que resistem com vida e encanto na metrópole carioca ecoamos a possibilidade de habitar uma t/Terra viva, que tem coração e respira.