A reciclagem é o processo de reaproveitamento de materiais descartados. Seu objetivo é reintroduzi-los na cadeia produtiva a fim de que ainda gerem valor e sejam reutilizados, aumentando a preservação dos recursos naturais e melhorando a qualidade de vida das pessoas. É considerada uma das alternativas mais eficientes para tratar os resíduos sólidos, tanto do ponto de vista ambiental quanto social, e está diretamente inserida no contexto da economia circular.
Panorama da reciclagem no Brasil
O panorama da reciclagem no Brasil é repleto de desafios proporcionais ao tamanho do território nacional. Alguns números ajudam a ilustrar os obstáculos para a promoção da logística reversa das embalagens no país, envolvendo o ciclo que vai do descarte da embalagem até o reaproveitamento do material após a reciclagem. Em 2022, foram produzidos no Brasil mais de 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, de acordo com a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). Trata-se de um peso equivalente a mais de 70 mil estátuas do Cristo Redentor.
Apesar de cerca de 30% dos resíduos serem de material reciclável (plástico, papel, metais e vidros), uma parcela mínima, entre 3% e 5%, é reciclada, índice muito abaixo de países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA).
Segundo a Abrelpe, atualmente 61% dos resíduos sólidos urbanos produzidos no Brasil acabam em aterros sanitários. Isso significa que 39% dos resíduos sólidos urbanos não têm destinação ambientalmente adequada, e são levados para lixões e aterros controlados, que causam muitos prejuízos ao meio ambiente e à saúde da população ao redor desses locais.
Qual o impacto de não reciclar?
Entre os principais impactos, podemos citar:
- contaminação da água, a tornando impotável;
- degradação das cidades;
- poluição da terra, podendo a deixar infértil;
- entupimento das galerias pluviais, provocando alagamentos em períodos de chuva;
- diminuição da vida útil do aterro sanitário,
- proliferação de pragas nas comunidades próximas do aterro.
O que são resíduos e quais seus tipos?
Define-se resíduo como todo material que sobra de determinado produto após sua utilização. Pode ser dividido entre resíduos sólidos e resíduos úmidos e/ou orgânicos. Ambos possuem grande potencial para serem reutilizados ou reciclados.
Resíduos Sólidos
Os exemplos mais comuns de resíduos sólidos no nosso dia a dia são: papel e
papelão; plásticos; vidros; e metais. Na maioria das vezes, eles compõem os mais diversos tipos de embalagens como: caixas, garrafas, potes, latas, sacolas. A boa notícia é que praticamente todos esses resíduos podem ser reaproveitados ou reutilizados de alguma forma. Isso quer dizer que eles possuem valor econômico junto às empresas e operadores de reciclagem.
Resíduos Úmidos ou Orgânicos
Vale ainda lembrar que, além dos resíduos sólidos, é preciso atentar-se também para o descarte correto dos seguintes resíduos, dito úmidos ou orgânicos: resto de alimentos; geralmente provenientes de origem animal ou vegetal, óleo de cozinha.
Outros tipos de resíduos
Além dos recicláveis e do resíduos orgânico, alguns tipo de resíduos merecem atenção especial:
- pilhas, possuem um processo de destinação ambientalmente correto muito específico e não podem ser descartadas em lixo comum. Procure um ponto de entrega voluntária para pilhas, são normalmente dispostos em supermercados, caso não encontre, vale ligar para a prefeitura;
- eletrônicos, assim como as pilhas, a logística reversa de eletrônicos é paramentada pela legislação ambiental e possui postos de entrega para a coleta desses materiais;
- medicamentos e outros resíduos tóxicos também precisam de destinação específica que pode ser conferida junto ao fabricante.
Na prática: como e onde descartar resíduos corretamente?
De forma simples e prática, todos nós podemos gerenciar o resíduo produzido em nossa casa e descartá-lo de forma correta e ambientalmente adequada. Basta apenas um pouco de paciência. Assim como um novo hábito é normal demorar um tempo para se adaptar a novos processos no seu cotidiano.
Separe resíduo seco do resíduo orgânico
Comece separando o resíduo gerado em sua residência entre os secos (papel, plástico, vidro e metal) dos úmidos e orgânicos (restos de comida e etc dos restos de alimento e roupa). Essa simples separação faz toda a diferença para as cooperativas e operadores de reciclagem, pois evita a contaminação de materiais que poderiam ser facilmente recicláveis. Separando você evita que o papel, por exemplo, chegue molhado ou muito cheio de comida.
Atenção às cores
Além da separação que falamos anteriormente, quando houver lixeiras padronizadas com as cores próximas de você ou de sua residência, busque separar os resíduos para cada tipo deles:
- Vermelho: plásticos
- Verde: vidros
- Azul: papel e papelão
- Amarelo: metais
Algumas marcas já disponibilizam embalagens com cores que atendem a padronização da coleta seletiva. Se o produto que você comprar não tiver essa indicação na embalagem, você pode descartar na lixeira que mais se aproximar do material. A separação correta é para facilitar o processo de triagem de cooperativas e operadores de reciclagem, não para te fazer desistir dela. Se apareceu alguma embalagem com material muito diferente ou uma mistura deles, você pode descartar naquela lixeira na qual se aproxime mais do material predominante.
Nem tudo pode ser reciclado, mas tudo pode ser repensado
A reciclagem é uma responsabilidade compartilhada defendida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, uma vez que o descarte incorreto dos resíduos traz diversas consequências para todos. Portanto, todos nós temos que repensar nossas escolhas e adotar um consumo mais consciente.
Concluindo, as ações do presente são fundamentais para impactar positivamente a sociedade e transformar os cenários dos próximos anos: o futuro que queremos ver se recicla hoje. E, vamos juntos construir um mundo mais sustentável!