A aquisição de imóveis através de criptomoedas, como o Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e Binance Coin (BNB), já é uma realidade em muitos países como os Estados Unidos, a Inglaterra e o Brasil. Com a ascensão desse mercado e a maior aceitação desses ativos como uma forma legítima de pagamento, investidores e compradores estão explorando novas possibilidades de transação com as criptomoedas, o que, nos anos recentes, vem incluindo o setor imobiliário entre as negociações.
As criptomoedas são moedas digitais que utilizam a criptografia para garantir a segurança de suas transações e controlar a criação de novas unidades. Diferentemente das moedas tradicionais, que são emitidas por governos, as criptomoedas são baseadas na tecnologia blockchain, um banco de dados público que registra o histórico de todas as operações realizadas. A mais conhecida dentre as inúmeras criptomoedas existentes atualmente é o Bitcoin (BTC), criado em 2008 por Satoshi Nakamoto (pseudônimo), como uma resposta e nova possibilidade de transação para o mercado, frente à crise financeira daquele período. Desde então, diversas outras criptomoedas foram lançadas, cada uma com suas características e finalidades específicas.
Em relação ao setor imobiliário, dentre as principais vantagens apontadas para a realização de operações através de criptomoedas está a redução das burocracias que envolvem a aquisição de um imóvel, devido a alguns benefícios inerentes à modalidade das moedas digitais. Podem ser citadas: uma maior celeridade e eficiência nos processos como um todo, um maior acesso de compra global, na medida em que as criptomoedas não estão restritas a fronteiras geográficas e podem ser utilizadas em qualquer lugar do mundo, um menor custo com intermediários e conversões, uma vez que transações imobiliárias tradicionais costumam envolver outras partes, como agentes imobiliários, advogados e instituições financeiras, e até uma maior segurança nas operações, devido a sua proteção de dados e operações através de criptografia.
No entanto, é importante ressaltar que a compra de imóveis com criptomoedas ainda enfrenta alguns desafios e ressalvas que devem ser levados em consideração em um possível interesse de venda ou aquisição. Um dos principais obstáculos é a falta de aceitação generalizada deste tipo de ativo, sobretudo por parte dos vendedores e instituições imobiliárias, pois ainda existe uma resistência considerável por parte daqueles que estão mais acostumados com os métodos tradicionais de pagamento. Além disso, a complexidade técnica que envolve a operação, a falta de regulamentação específica dessa modalidade em alguns países e a volatilidade do mercado também são fatores a serem considerados, uma vez que a cotação das criptomoedas pode variar drasticamente em curtos períodos de tempo, o que pode causar incertezas tanto para o comprador quanto para o vendedor. É essencial que ambas as partes estejam dispostas a lidar com essa volatilidade ou encontrem maneiras de mitigar os riscos envolvidos.
Num panorama mais amplo, ainda é interessante citar outras iniciativas que envolvem o setor imobiliário e o mercado das criptomoedas. Em 2018, Jeffrey Berns, um empresário e advogado americano adquiriu uma área significativa de 67.000 acres do deserto de Nevada, nos Estados Unidos, com o objetivo de transformá-la em uma comunidade experimental chamada Innovation Park, em torno da tecnologia do blockchain, "que será desenvolvido em uma cidade inteligente com Blockchain descentralizado subjacente a toda a infraestrutura”. Em 2022, a prefeitura do Rio de Janeiro, no Brasil, anunciou que a população da cidade poderia pagar um tipo de imposto referente a propriedades e construções urbanas através de criptomoedas a partir de 2023, o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), tornando-se a primeira cidade do país a aceitar o pagamento de qualquer tributo através desse tipo de ativo.
Apesar dos desafios, a negociação e compra de imóveis através de criptomoedas apresenta uma nova perspectiva para o mercado imobiliário. À medida que elas continuam a ganhar popularidade e a serem adotadas por mais pessoas, é possível que sua aceitação como forma de pagamento para imóveis aumente gradualmente. No entanto, é fundamental que os compradores e vendedores estejam bem informados sobre as implicações legais, fiscais e financeiras dessa forma de transação, consultando profissionais especializados, como advogados e corretores de imóveis familiarizados com o assunto, para garantir uma negociação segura e bem-sucedida.