Neuroarquitetura e demência: estratégias de design residencial para qualidade de vida e bem-estar emocional

A neuroarquitetura pode ser valiosa para ajudar pessoas com demência a manter sua autonomia. Criar ambientes estimulantes, de apoio e seguros os ajudará a permanecer engajados e independentes por mais tempo. É importante projetar uma casa prática e de suporte que promova a função cognitiva, o bem-estar emocional e a interação social.

Dado o rápido crescimento da população idosa mundialmente, estudos mostram que mais de um terço dos idosos vivem em suas casas, apesar do declínio de suas habilidades cognitivas e físicas. No entanto, nem todos podem ser considerados totalmente autônomos, pois precisam da ajuda de terceiros para realizar suas algumas de suas atividades diárias.

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A demência é um declínio cognitivo progressivo que afeta a memória, o pensamento e o comportamento. É causada por danos às células cerebrais e pode ser causada por vários fatores, incluindo idade, depressão, alcoolismo e acidente vascular cerebral. Não há cura para a demência, mas existem tratamentos que podem ajudar a retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida.


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A independência é essencial para atender às necessidades humanas, e a perda de autonomia é uma das características mais prevalentes em idosos com demência. Hoje, com o conhecimento da neuroarquitetura, podemos projetar ambientes que podem ajudar a manter e até melhorar o seu bem-estar. Além disso, podemos auxiliar os idosos em suas atividades diárias com sensores, softwares e automação residencial inteligente.

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Armários com portas de vidro podem facilitar as terefas diárias. Foto © Pedro Vannucchi

Mas afinal, como a Neuroarquitetura pode ser útil para a demência?

Existem várias maneiras de usar a neuroarquitetura para apoiar pessoas com demência. Uma delas é criar ambientes fáceis de caminhar. As pessoas com demência muitas vezes têm dificuldade em compreender o seu ambiente. Isso pode ser devido a vários fatores, incluindo problemas de memória, percepção espacial e função executiva. Como resultado, eles podem se perder em lugares familiares ou ter dificuldade em se orientar em novos lugares.

Algumas metas de design para ajudar as pessoas com demência a caminhar em sua moradia incluem o uso de sinalização fácil de ser compreendida para evitar confusões espacias e fornecer muita luz natural. Isso inclui o uso de imagens, pontos de referência e outras dicas para ajudá-los a se orientar e encontrar o caminho.

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Uso de cores nos interiores. Foto © José Hevia

Por exemplo, as pessoas com demência às vezes não conseguem tomar uma xícara de café porque esquecem onde estão as xícaras de café, portanto, um bom objetivo de design pode ser ter portas transparentes nos armários e armários da cozinha. Dessa forma, eles podem ver claramente onde estão suas coisas. Outra maneira é criar um ambiente estimulante e envolvente, com muitas atividades e oportunidades de interação, além de um ambiente de suporte e seguro.

Pessoas com demência são propensas a mudanças comportamentais e experimentam estresse e ansiedade. A implementação de elementos de design biofílico pode ajudar a reduzir esses sintomas. Esse design trata-se de integrar aspectos da natureza de forma direta ou indireta no ambiente construído.

Há evidências crescentes de que o design biofílico pode impactar positivamente a saúde e o bem-estar humanos. Estudos demonstraram que passar tempo na natureza pode auxiliar a reduzir os níveis de cortisol, um hormônio associado ao estresse.

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Presença de vegetação. Foto © Leonardo Shieh

Quando se trata de demência, o design biofílico também pode ajudar a melhorar a função cognitiva de várias maneiras, oferecendo oportunidades para estimulação sensorial adequada. As pessoas com demência geralmente têm dificuldade em processar informações sensoriais, e o design biofílico pode ajudar a criar ambientes ricos em estímulos sensoriais facilmente compreensíveis. Isso pode ser alcançado projetando com padrões, formas orgânicas, diferentes texturas, iluminação dinâmica e uso de aromas marcantes.

O uso de contraste de cores é outra consideração importante ao projetar uma casa para esses indivíduos, pois eles geralmente têm dificuldade em processar cores, especialmente aqueles com doença de Alzheimer. Isso pode causar confusão e frustração pela ausência de acuidade visual.

Alguns estudos mostraram que o uso de cores de alto contraste, como preto e branco, pode ajudá-los a distinguir melhor os objetos, facilitando a navegação no ambiente e a conclusão de tarefas de forma independente. Outros estudos mostraram que o uso de cores com alta saturação também pode ser útil, facilitando a identificação de objetos e pessoas quanto às tarefas mais estimulantes.

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Luz natural. Foto © Adrià Goula

Para concluir, ao projetar um espaço arquitetônico para pessoas com demência, é crucial considerar fatores como:

  • Acessibilidade: Certifique-se de que o espaço seja acessível a pessoas com problemas de mobilidade. Lembre-se que as pessoas com demência têm dificuldade em encontrar coisas, por isso é importante projetar móveis para que possam ver o que está dentro.
  • Orientação: O layout do espaço deve ser simples e intuitivo, com caminhos e pontos de referência claramente definidos para ajudar as pessoas a se orientarem.
  • Iluminação: A iluminação adequada é vital para a segurança e a navegação. Evite contrastes fortes entre áreas claras e escuras e considere o uso de luz natural sempre que possível.
  • Contraste de cores: o uso de cores brilhantes e contrastantes pode ser útil para orientar e afetar positivamente o humor.
  • Segurança: Evitar perigos potenciais, como cantos afiados ou tapetes soltos, é essencial para a segurança.
  • Flexibilidade: O espaço deve ser flexível e adaptável à evolução das necessidades, podendo fechar ou restringir o acesso a determinadas áreas conforme a necessidade.
  • Espaço exterior e biofilia: A ligação à natureza e o acesso a espaços exteriores são essenciais para o bem-estar físico e mental das pessoas com demência.
  • Familiaridade com o espaço: Conectar-se com o passado ou coisas familiares é essencial para auxiliar a evocação de memórias.

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Uso de materias com diferentes texturas. Foto © lago Corraza

De fato, o convívio com a demência é desafiador e até o momento não há cura por tratar-se de uma doença neurodegenerativa. Porém, mesmo com o diagnóstico, a pessoa continua tendo vontades, desejos, história de vida e necessidade de se sentir pertencente a sua própria moradia. Merece valorização, respeito e qualidade de vida. O diagnóstico não deve encarado como fim, mas sim o início de uma nova dinâmica de vida.

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Sobre este autor
Cita: Ciro Férrer Herbster Albuquerque. "Neuroarquitetura e demência: estratégias de design residencial para qualidade de vida e bem-estar emocional " 02 Jul 2023. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/1002326/neuroarquitetura-e-demencia-estrategias-de-design-residencial-para-qualidade-de-vida-e-bem-estar-emocional> ISSN 0719-8906

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