Como verdadeiros orquestradores espaciais, a expertise dos arquitetos se estende além da simples construção de edifícios, muitas vezes transcendo o reino físico do design. Eles possuem a habilidade única de criar espaços que não apenas são visualmente atraentes, mas que também parecem acolhedores, harmoniosos e, acima de tudo, funcionais. Abraçar esse papel fundamental envolve uma consideração cuidadosa de todos os detalhes que compõem um projeto; desde as fundações de um prédio até um sofá, os arquitetos devem garantir que todos os elementos, em todas as escalas, se unam de maneira coesa e influenciem positivamente nossas vidas cotidianas.
Mobiliários são uma parte chave dessa equação. Uma abordagem holística ao design não pode excluí-los, e compreendê-los como parte integral do processo arquitetônico inevitavelmente elevará qualquer experiência espacial. Assim como os móveis devem complementar o cômodo que ocupam, o próprio cômodo deve ser projetado para garantir uma sincronização perfeita com o mobiliário. Os arquitetos podem planejar isso com antecedência; por exemplo, optando desde cedo colocar uma janela de frente para onde um sofá provavelmente ficará, ou podem projetar um espaço amplo e aberto prevendo nele divisórias móveis ou peças modulares para máxima flexibilidade. Até mesmo a colocação estratégica de tomadas de parede é significativa, pois isso afetará diretamente como o mobiliário será disposto.
Seja para rearranjar móveis para uma rápida renovação ou começar do zero em uma nova construção, é sempre útil considerar algumas dicas e truques. Aqui, por meio de uma série de diagramas conceituais, exploraremos alguns pontos-chave e princípios de design a serem levados em conta ao arranjar móveis, todos unidos por um objetivo comum: otimizar espaços ao máximo.
Atenção às proporções
Antes de tomar qualquer decisão de design, observar e medir o espaço com o qual se está trabalhando deve ser sempre o primeiro passo. Ter uma planta em escala e conhecer a forma, largura e comprimento de um cômodo é crucial para selecionar peças do tamanho apropriado, posicioná-las corretamente e manter um equilíbrio entre as dimensões do mobiliário, o tamanho do cômodo e quaisquer elementos arquitetônicos. Isso está alinhado com os princípios defendidos por Ernst Neufert, um renomado arquiteto alemão e autor do influente livro "Arte de projetar em arquitetura", que enfatizou a importância de compreender as dimensões e proporções espaciais para criar designs funcionais. Um dormitório quadrado de 3x3 metros, por exemplo, pode acomodar uma cama de casal no meio e ainda deixar espaço livre nas laterais. Enquanto isso, um cômodo retangular menor se beneficiará de uma cama de solteiro colocada ao longo da parede mais longa (e com uma cômoda colocada diretamente em frente).
Crie áreas de conversa
Depois de alguns anos de isolamento relacionado à pandemia, hoje desejamos interação cara a cara mais do que nunca. Com isso em mente, layouts de móveis bem projetados podem criar um ambiente propício para conversas, promovendo a proximidade, o conforto e um senso de união. Devido aos limites da audição humana e questões relacionadas às interações sociais, os móveis geralmente devem ser colocados a uma distância de 2,15 a 3 metros. E em grandes salas de estar, as peças podem ser colocadas para criar “ilhas” separadas - por exemplo, colocando dois sofás no centro e um grupo de cadeiras e mesas laterais em uma extremidade da sala para criar um cluster de conversas separado.
Deixe espaço para circulação e tráfego
Nenhum espaço é funcional sem fornecer o espaço necessário para se mover de forma livre e confortável. Se pegarmos a sala de estar padrão, geralmente é recomendável deixar um mínimo de 90 cm para passagens usadas com frequência e 30-45 cm entre assentos e mesas de café. Princípios semelhantes se aplicam às salas de jantar - um mínimo de 90 cm entre cada borda da mesa e a parede mais próxima é um padrão comum (no entanto, se o tráfego não passar atrás das cadeiras de um lado da mesa, 60 cm deve ser suficiente). Independentemente de cada caso específico, é vital mapear suas rotas de tráfego e lembrar que, na maioria das vezes, menos é realmente mais.
Defina um ponto focal, se necessário
Os espaços tendem a ser projetados em torno de um objeto, seja uma janela, uma lareira, uma obra de arte ou uma TV. Uma vez identificado esse ponto focal, os móveis podem ser orientados de acordo. Isso pode significar organizar móveis para tirar proveito de belas vistas de uma janela fixa, mantendo a visão de uma lareira clara ou posicionando todos os elementos de uma maneira que a exposição à luz natural é otimizada. De qualquer forma, as maiores peças de mobiliário - como o sofá da sala ou a cama do quarto - devem enfrentar o ponto focal. Se a TV for o protagonista da sala, a distância mínima de visualização entre o conjunto e os assentos deve ser o dobro do tamanho da tela (medido na diagonal), enquanto a distância máxima de visualização deve ser três vezes o tamanho da tela.
Considere flexibilidade e adaptabilidade
À medida que cresce a demanda por espaços adaptáveis, híbridos e multifuncionais, os arquitetos devem considerar o arranjo de móveis em relação à flexibilidade. Móveis modulares são uma escolha ideal, pois podem ser facilmente reorganizados ou reconfigurados em forma e tamanho para acomodar as mudanças nas necessidades. Partições móveis e portas de embutir também podem ser úteis para criar diferentes ambiências em um único quarto, levando a versatilidade a um espaço rígido.
Equilíbrio visual e variedade
"O equilíbrio é fundamental", diz o velho ditado. O arranjo de móveis não é exceção. Para um layout uniforme e equilibrado, é aconselhável variar formas, tamanhos e texturas. Um tapete de área é ótimo para ancorar diferentes móveis e adicionar textura extra - como uma regra geral, deve ser centrado em um arranjo de assentos com as pernas dianteiras de grandes peças de móveis sobre ele. Existem muitas maneiras de brincar com o contraste, seja combinando linhas retas com curvas ou emparelhando sólidos com vazios. Algumas combinações bem-sucedidas incluem: justapor móveis ortogonais com uma mesa redonda, combinando uma cadeira com uma mesa lateral sólida e assim por diante.
Não se esqueça dos gostos pessoais
Seguir essas diretrizes gerais certamente pode ser útil ao organizar móveis. Mas, no final do dia, é importante ter em mente que tudo se resume à função da sala e, naturalmente, gosto, estilo e preferência pessoais. Essa é a última - mas sem dúvida a regra mais importante: seja você um arquiteto, designer ou proprietário, faça questão de atender às necessidades e toques individuais daqueles que habitarão o espaço, mesmo que isso implique experimentar, desafiando padrões convencionais e pensar fora da caixa.
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