Uma olhada cuidadosa pelas fachadas dos prédios de muitas cidades brasileiras como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, revela que o uso de esquadrias de alumínio é muito comum e popular no Brasil. Adotadas nas mais diversas tipologias de edifícios, como os residenciais e os comerciais, e em suas mais variadas modalidades como portas, janelas e guarda-corpos, essas estruturas versáteis são amplamente utilizadas pela construção civil e representam cerca de 80% do volume total de alumínio consumido pelo setor no país. Mas, afinal, porque as esquadrias de alumínio tem sido tão utilizadas nas cidades brasileiras?
Até a década de 1950, o uso do alumínio na construção civil era quase inexistente no Brasil. A pesquisadora Magda Reis aponta que foi a construção de Brasília, nova capital federal erguida no final dessa mesma década, o grande marco inicial dessa utilização. Esse período marca não somente um momento de grande desenvolvimento da arquitetura modernista no país, sobretudo no que diz respeito às suas inovações técnicas, mas também o aperfeiçoamento tecnológico de muitas empresas fabricantes do material. Em 1970, há a criação da Associação Brasileira de Alumínio (ABAL), em São Paulo, insinuando uma maior organização e estruturação desse setor industrial no país. Hoje, o Brasil está entre os maiores produtores de alumínio do mundo, atrás apenas de China, Rússia, Canadá, Estados Unidos e Austrália.
Num país onde o clima tropical prevalece em muitas regiões, as esquadrias de alumínio se destacam como uma escolha popular devido a uma série de fatores como resistência, durabilidade, versatilidade, facilidade de manutenção e de reciclagem. O alumínio é um material altamente resistente à corrosão, o que o torna adequado para áreas costeiras ou regiões com alta umidade, e também para locais que sofrem com os elevados índices de poluição, como é o caso de muitas cidades brasileiras. Por ser um material leve porém robusto, ele é capaz de suportar cargas e garantir a estabilidade de esquadrias, como as janelas e portas. Além disso, as esquadrias de alumínio também oferecem variadas opções estéticas e de design, visto que seus perfis podem ser personalizados em diferentes formas, tamanhos e cores, permitindo sua adaptação a diferentes estilos e usos.
Numa pesquisa realizada sobre a reincidência da escolha de esquadrias de alumínio em edifícios de apartamentos de padrão médio-alto na cidade de São Paulo, desenvolvida pela arquiteta Magda Reis em sua tese de doutorado, ela comprova o predomínio do uso desse tipo de esquadria nesse nicho da capital paulista, ressaltando esta ser uma tendência para o setor. A partir de entrevistas com construtoras selecionadas para a amostra representativa, ela destaca quatro aspectos relevantes nos critérios de escolha: "a exigência do mercado consumidor, produtos com certificado de qualidade, reconhecimento do mercado sobre a qualidade e o desempenho técnico-construtivo dos sistemas de esquadrias de alumínio; e vantagens do alumínio em relação aos demais materiais".
No entanto, apesar de oferecerem uma série de vantagens, as esquadrias de alumínio também podem apresentar algumas desvantagens a serem consideradas em sua especificação. Dentre elas está seu baixo isolamento térmico e acústico, que pode resultar numa maior transferência de calor ou de frio entre o interior e o exterior de um edifício, por exemplo, ou de barulhos típicos do cotidiano urbano de muitas cidades, como os ruídos de trânsito. Ademais, em sua produção em série e aspecto industrial, essas esquadrias podem ocasionar numa certa padronização e repetição das fachadas de muitas construções, comprometendo a multiplicidade e complexidade estética e visual inerentes à paisagem urbana. Nesse tipo de processo produtivo não há maiores brechas para criações, grandes acabamentos ou originalidades, diferentemente de trabalhos mais artesanais como nas esquadrias de madeira.
Assim, a escolha e especificação das esquadrias de alumínio deve ser feita após uma análise equilibrada das vantagens e desvantagens do material, levando em consideração alguns fatores como desempenho técnico, durabilidade, custo e aspectos estéticos envolvidos no projeto.
Referência bibliográfica
REIS, Magda Netto dos. Esquadrias de Alumínio: análise dos critérios de escolha destes componentes em edifícios de apartamentos, padrão médio-alto, na cidade de São Paulo. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011.