Os arquitetos Amit e Britta Knobel Gupta se mudaram de Londres, na Inglaterra, para Nova Delhi, na Índia, e se depararam com um problema grave: uma poluição atmosférica que nunca haviam visto. Para ajudar a tornar o ar mais respirável e a cidade mais habitável, o casal desenvolveu uma torre capaz de purificar o ar usando como ferramenta o design. “Nosso principal negócio é arquitetura, não queríamos entrar na purificação do ar”, disse Amit. “Mas a poluição aqui simplesmente era inaceitável. É muito ruim.”
E eles tem razão. Um estudo publicado pela revista médica The Lancenet revelou que, apenas em 2019, a poluição do ar tenha causado quase 1,6 milhão de mortes na Índia. Nova Delhi é regularmente envolta em poluição, com emissões de veículos, queima de plantações e usinas movidas a carvão, todos contribuindo para o declínio da qualidade de vida da cidade. Foi neste cenário que os recém chegados decidiram atuar.
A Verto, desenvolvida pelo Studio Symbiosis, pode parecer uma instalação de arte urbana. Mas, além de ser elegante, o design a aerodinâmico e curvo da torre tem como função principal fazer com que o ar passe através das múltiplas aberturas da estrutura. Ventiladores ajudam a sugar o ar que é então direcionado para cubos de filtragem que podem limpar 600 milmetros cúbicos de ar por dia, o equivalente ao conteúdo de 273 balões.
Com 5,5 metros de altura, a Verto reduz os níveis de dióxido de nitrogênio e partículas finas perigosas. Segundo os fabricantes, cada torre pode limpar o ar em um raio de 200 a 500 metros em espaços fechados e entre 100 a 350 metros em espaços externos, variando devido à direção do vento e outros fatores.
Para reduzir o impacto ambiental, os ventiladores usam uma inteligência artificial e seu funcionamento varia de acordo com as condições locais (desacelerando quando a poluição é baixa ou quando ventos fortes fornecem fluxo de ar natural).
Os arquitetos afirmam que cada torre consome eletricidade equivalente a usada por um aspirador industrial. Os filtros, que precisam ser trocados a cada três a nove meses, são parcialmente recicláveis e o ruído gerado pelas torres é de, no máximo, 75 decibéis, semelhante ao de um liquidificador comum de cozinha.
Uma primeira torre foi instalada no berçário Sunder de Nova Delhi e, segundo disse Amit em entrevista à CNN, os testes iniciais com um protótipo instalado em foram bem sucedidos e os próximos passos são conversas com poder público para novas instalações.
A maior parte do processo de desenvolvimento foi garantir que o ar não girasse em torno da torre, mas que cada sopro fosse puxado para dentro, o que eles conseguiram estudando uma variedade de designs aerodinâmicos, usados em parte de carros a aeronaves. “Foi um processo de vaivém, em termos de tentar obter a forma ideal que aumentasse a velocidade do vento e a área de superfície”, conta Amit.
Os idealizadores do equipamento acreditam que a torre possa ser produzida em grande escala e colocada em vários pontos da cidade, em especial em parques, já que recebem um grande número de pessoas e são espaços para promover a saúde da população.
“Acho que as torres podem ser instaladas em parques e praças públicas, onde as pessoas passam um tempo de qualidade ao ar livre”, disse Britta, acrescentando que instalar as torres em locais onde pessoas em situação de rua dormem é outra opção muito benéfica.
O Studio Symbiosis acredita que instalar 100 torres poderia ser o suficiente para limpar todo o centro de Nova Delhi. Nos EUA algumas empresa já cogitam usar os equipamentos para filtrar o ar em canteiros de obras, e compradores da França, Nova Zelândia e Uzbequistão já estudam a instalação em seus territórios.
Via CicloVivo.