Reconstrução urbana nas cidades europeias: a luta para retomar os espaços verdes

Desde o nascimento de nossas cidades, garantimos a proteção dos espaços verdes dentro delas. Civilizações tão antigas quanto os romanos construíram amplos parques no coração da cidade, como o Rus in Urbe — traduzido como Campo na Cidade — ainda hoje referenciado. Para controlar o boom da urbanização em meados do século XX, as políticas de cinturão verde em muitas cidades europeias literalmente cercaram os ambientes naturais ao redor delas, tornando a qualidade do ar e o acesso à natureza parte da vida urbana.

A cidade pós-pandemia, no entanto, é uma nova espécie de conurbação, e estes parques urbanos e cinturões verdes já não são suficientes. À medida que migramos em busca de climas mais verdes e saudáveis, as cidades que abandonamos estão evoluindo e provando que também podem ser verdes, trocando as superfícies menos utilizadas de ruas por parques. Esses quatro projetos na Europa transformaram os espaços urbanos não utilizados de volta aos ambientes verdes naturais e regenerativos que já foram.

Pátio da Estação Zwolle / PosadMaxwan

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© Aiste Rakauskaite

Estatisticamente, mais de um terço de todos os holandeses utilizam a bicicleta como seu principal meio de transporte. Com o aumento dos preços dos combustíveis e das preocupações ambientais, espera-se que esse número cresça ainda mais. A preocupação dos urbanistas na cidade de Zwolle, que adora bicicletas, era como acomodar todas elas sem transformar o centro da cidade em uma ilha de calor com um novo parque para bicicletas de vários pavimentos.

No entanto, em vez de construir uma estrutura pesada acima do solo, a PosadMaxwan, escritório de urbanismo do projeto, decidiu afundar uma estrutura sob uma entrada da estação, com grandes floreiras. "A vegetação da praça da estação foi ampliada para se encontrar com o estacionamento", explicam os urbanistas, "os ciclistas são guiados pelas rampas por um jardim inclinado com plantas que mudam com as estações". Enquanto isso, os canteiros acima do solo servem para direcionar os ciclistas e pedestres entre a estação, o estacionamento para bicicletas e as rotas de acesso.

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© Aiste Rakauskaite

Escadas Belvedere / Bertrand Taquet Architectes

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© Antoine Sequin

Embora faça sentido ocultar novas estruturas de vários pavimentos no subsolo para não obstruir o ambiente acima da superfície, o que fazer se as estruturas já estiverem construídas? A escola Dunois em Paris foi “projetada em uma escada, com cada pavimento recuado do nível inferior”, explica Bertrand Taquet Architectes. As escadas Belvedere conectam os dois telhados da escola, o que significa que os edifícios têm mais espaço na cobertura do que outros com a mesma capacidade.

Essa disposição arquitetônica urbana permite que uma fazenda urbana se instale na cobertura da escola, juntamente com fachadas de vegetação exuberante ao redor das fachadas. Transformar telhados como esses em espaços verdes é uma maneira simples de devolver a natureza às áreas construídas de uma cidade e manter os edifícios em uso. Ao conectar a cobertura principal à cobertura inferior, a Escada Belvedere amplia o acesso a ambas as coberturas e permite a expansão da fazenda urbana, com mais espaço para crescer e aprender.

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© Antoine Sequin

Five Corners Square / WXCA

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© Bartek Barczyk

Com o aumento do uso de bicicletas e do transporte público, muitas cidades estão trocando suas ruas e cruzamentos por zonas e praças para pedestres. Um exemplo disso é a Praça Five Corners em Varsóvia, onde a cidade limitou o uso das ruas apenas ao transporte público, moradores e equipes de emergência. Ao estreitar as ruas, os arquitetos da WXCA substituíram o tráfego pelo espaço público. "Queríamos devolver essa parte da cidade aos moradores", explicam eles.

Utilizando pavimentação de grandes formatos que complementam as fachadas ao redor, árvores de bordo com sistemas anti-compressão de massa de raízes e assentos de carvalho inseridos esparsamente, a WXCA mantém a praça intencionalmente ampla, incentivando-a a desenvolver um caráter individual ao longo do tempo. Com a permissão para que as árvores cresçam e os cafés e bares do entorno tenham espaço para seus próprios assentos ao ar livre, uma área animada é configurada. "Não queríamos que a praça fosse apenas um local de passagem – nós a projetamos como uma estrutura para a vida na cidade."

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© Bartek Barczyk

Cemitério Metropolitano de Montpellier / Agence Traverses - Paysage, Urbanisme, Architecture

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© Marie-Caroline LUCAT

Para onde vamos quando morremos? Em um sentido espiritual, um dos grandes mistérios da existência continua sem resposta. No entanto, em um sentido mais literal, a resposta geralmente não é muito clara. Com os espaços verdes rapidamente ocupados por construções ou para uso recreativo, não resta muito espaço para cemitérios modernos e respeitosos. O cemitério tradicional é uma anomalia espacial da tipologia. Embora muitas vezes esteja repleto de vegetação e natureza, sua associação mórbida e a exigência de privacidade respeitosa podem resultar em uma atmosfera hostil e pouco acolhedora.

"Tratando o cemitério como um parque público com paisagismo", como apresentam os arquitetos da Agence Traverses - Paysage, Urbanisme, o Cemitério Metropolitano de Montpellier é diferente. Uma paisagem memorial pacífica é formada respeitosamente usando as linhas limpas e as composições criativas da arquitetura moderna, em diálogo com a topografia natural do local. Como explicam os arquitetos, "o céu e a terra conversam entre si por meio de dispositivos de calçadas, molduras e aberturas materializadas por uma comunhão", com as estruturas e os percursos que os acompanham formados de concreto aparente, porém bruto, expressando a relação do local com a terra.

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© Marie-Caroline LUCAT

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Sobre este autor
Cita: Wormald, James. "Reconstrução urbana nas cidades europeias: a luta para retomar os espaços verdes" [Urban Rewilding in Europe: The Fight Is on to Retake Green Space] 29 Ago 2023. ArchDaily Brasil. (Trad. Bisineli, Rafaella) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/1005778/reconstrucao-urbana-nas-cidades-europeias-a-luta-para-retomar-os-espacos-verdes> ISSN 0719-8906

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