Londres é uma das grandes metrópoles do mundo e enfrenta um problema comum aos centros urbanos: a poluição do ar causada por veículos movidos à combustíveis fósseis. Para combater este programa, a cidade criou, em 2008, Zonas de Baixa Emissão e passou a multar veículos de grande porte que circulavam com emissões de poluentes acima dos limites estabelecidos.
Em 2019, a iniciativa foi ampliada e passou a multar qualquer veículo que não estivesse dentro das normas e poluísse o ar em determinadas regiões da cidade, dando origem às Zonas de Emissões Ultra Baixas de Londres (ULEZ), que impõe uma cobrança diária de £ 12,50 aos veículos que mais poluem e circulam nestes locais. Estas zonas foram ampliadas em 2021 e agora passam a incluir toda a cidade.
“Este é um momento marcante para a nossa cidade, que levará a uma Londres mais verde e saudável para todos”, declarou o prefeito Sadiq Khan. Com esta decisão, Londres passa a ser a maior Zona de Emissões Ultra Baixas de todo o planeta. A expectativa é que cinco milhões de pessoas respirem um ar mais limpo e de uma redução de emissões de carbono em cerca de 30 mil toneladas nos bairros periféricos.
O valor das multas arrecadadas na ULEZ será investido em transporte público, incluindo a expansão dos serviços de ônibus nos arredores de Londres. “A decisão de expandir a ULEZ para toda Londres foi difícil, mas necessária para salvar vidas, proteger os pulmões das crianças e ajudar a prevenir a asma, a demência e outros problemas de saúde”, completou o prefeito.
A ULEZ é a principal estratégia que Khan está usando para reduzir a poluição do ar em Londres. Medidas adicionais incluem mais autocarros com emissões zero, bem como a adição de estações de carregamento de veículos eléctricos à rede da cidade.
A decisão não vai afetar a maioria das pessoas que vive na cidade já que muita gente não tem carro e, entre os que têm, cerca de 90% dos veículos já cumprem os limites de poluição. Isso é resultado de um programa municipal que pagou pelos carros antigos, ajudando a tirar estes veículos de circulação, além de contribuir para a compra de carros novos (e menos poluentes).
Foram investidos £ 160 milhões de libras no programa. Quem entrega seu carro antigo para o sucateamento recebe até £ 2 mil e, quem entrega motos velhas, pode receber £ 1 mil. Instituições de caridade e pequenas empresas também podem obter pagamentos maiores de subsídios. Foram feitas isenções para veículos acessíveis a cadeiras de rodas e pessoas com deficiência até outubro de 2027.
Resultados positivos
Desde 2019, o ULEZ evitou mais de 880 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono, o que equivale a 1,1 milhão de voos entre Londres e Nova Iorque. Também ajudou a reduzir em um terço o número de internamentos de crianças por asma devido à poluição atmosférica.
A poluição atmosférica no centro de Londres foi reduzida em quase metade por causa da ULEZ, e a poluição atmosférica no interior de Londres foi reduzida em um quinto. Um relatório recente, publicado antes da ampliação da ULEZ para toda a cidade de Londres, traz algumas informações que justificam a decisão:
- O número de veículos mais antigos, altamente poluentes e não conformes na zona caiu quase 60% desde que a ULEZ foi expandida.
- As emissões de óxido de nitrogênio (NOX) caíram 23% em toda Londres desde 2019, em comparação com o que teriam sido sem o ULEZ. Dentro da ULEZ, as emissões de NOX caíram 26%.
- As emissões de partículas finas (PM2,5) caíram sete por cento ao longo dos quatro anos em toda Londres, em comparação com o que teriam sido sem o ULEZ. As emissões de PM2,5 caíram 19% dentro da própria ULEZ.
- As emissões de dióxido de carbono caíram 3% em Londres desde 2019 e 4% na ULEZ.
- As concentrações de NOX foram 21% mais baixas do que seriam sem o ULEZ no centro de Londres e 46% mais baixas no centro de Londres.
- As emissões de dióxido de azoto (NO2) não regressaram aos níveis anteriores à pandemia quando o tráfego aumentou, sugerindo o impacto da ULEZ.
- Os níveis médios de PM2,5 caíram 41% no centro e no centro de Londres desde 2017.
O especialista em poluição atmosférica urbana do Imperial College London, Dr. Gry Fuller, revisou o relatório e afirma que a iniciativa londrina pode ser inspiração para outras cidades. “Muitas cidades no Reino Unido e em todo o mundo procuram seguir o exemplo de Londres. Espero que as evidências aqui apresentadas melhorem a concepção de esquemas semelhantes de forma mais ampla.”
Via CicloVivo.