A África tropical abriga vastas florestas que se estendem por 3,6 milhões de quilômetros quadrados nas regiões Ocidental, Oriental e Central do continente. Essas florestas desempenham um papel crucial, fornecendo madeira para os setores de móveis, combustíveis e indústrias de papel. No entanto, a madeira ainda não faz parte da arquitetura contemporânea dessas regiões. Embora o gosto arquitetônico seja um fator, a principal razão para essa ausência está relacionada à incapacidade das indústrias madeireiras em atender aos requisitos de disponibilidade, acessibilidade, apelo estético, durabilidade e desempenho climático e estrutural da madeira. A indústria madeireira na África tropical é composta principalmente por operações informais e de pequena escala, focando principalmente no corte de toras, em vez de refinar a madeira para uso em projetos arquitetônicos ou estruturais. Apesar disso, o grande número de empresas informais na região apresenta uma oportunidade para remodelar a indústria e aproveitar os recursos florestais locais na construção de edifícios em madeira.
As indústrias informais, embora não sejam registradas ou reconhecidas pelo governo, desempenham um papel crucial nas economias dos países em desenvolvimento, especialmente na região tropical. Por exemplo, na Nigéria, as serrarias informais representam coletivamente mais de 70% da indústria madeireira, considerando fatores como consumo de madeira, geração de empregos e volume de negócios. Nos Camarões e na República Democrática do Congo, a produção informal de madeira doméstica supera em 30% a produção formal. Situações semelhantes ocorrem em Uganda, Gabão, Quênia e Gana. Essas indústrias possuem características como resiliência, flexibilidade e laços comunitários rurais que lhes permitem prosperar e contribuir para a economia local utilizando os recursos madeireiros.
Apesar do potencial das indústrias madeireiras de pequena escala para fortalecer os mercados domésticos, a questionável legalidade dos mercados informais pode prejudicar seu desenvolvimento. Isso impede que essas indústrias tenham acesso a apoio financeiro e técnico, limitando assim seu nível de inovação, não apenas em setores menores como móveis, mas também na arquitetura. É crucial que o governo intervenha e reconheça como as políticas e regulamentações governamentais afetam as ações dos participantes das empresas informais. Essas políticas devem servir como base para a reestruturação dessas empresas, começando com a criação de estruturas fiscais e de licenciamento que acomodem a flexibilidade das empresas informais e criem um ambiente econômico que promova seu crescimento e sucesso.
Auxiliar as indústrias madeireiras de pequena escala a atingir seu pleno potencial requer uma compreensão abrangente dos participantes do mercado informal e das conexões entre artesãos, operadores de serrarias, designers e construtores. Na África Ocidental, por exemplo, essas indústrias desempenham um papel na moldagem e preparação da madeira para andaimes e estruturas de telhado na arquitetura contemporânea. A colaboração entre arquitetos, construtores e indústrias madeireiras informais pode levar a abordagens inovadoras na seleção de materiais de construção para projetos arquitetônicos. Um bom exemplo é a escola flutuante de Makoko em Lagos, Nigéria, projetada por NLÉ, o estúdio fundado pelo arquiteto nigeriano Kunlé Adeyemi. Essa estrutura triangular de madeira, projetada para flutuar na água, foi construída por residentes locais usando sobras de madeira de uma serraria próxima e bambu de origem local. Essa colaboração entre o designer, os moradores e as serrarias de pequena escala não apenas aprimora suas habilidades e técnicas, mas também estabelece essas indústrias madeireiras como componentes vitais da arquitetura em Makoko.
Uma abordagem ousada para transformar os papéis das indústrias madeireiras de pequena escala na África tropical é descentralizar os processos de fabricação de madeira e estabelecer parcerias de produção entre grandes empresas formais e empresas informais de pequena escala. Embora as grandes indústrias madeireiras formais tenham a capacidade técnica e financeira para realizar todas as etapas da fabricação de madeira, incluindo o desdobramento, o refinamento e a produção em larga escala, sua presença limitada na região restringe o acesso de produtos de madeira a pessoas de maior poder aquisitivo dentro da área.
Um sistema poderia conectar essas duas indústrias, aproveitando a grande presença de empresas informais de pequena escala e o conhecimento técnico das grandes empresas formais. Esse sistema divide o processo de fabricação de madeira, empregando empresas informais para realizar as primeiras etapas de refinamento da madeira antes de passar para as indústrias formais para o refinamento final. Por exemplo, ao produzir painéis de fibras de média ou alta densidade, as indústrias informais de madeira podem ser envolvidas na realização de tarefas como a trituração da madeira, a detecção de metais e a lavagem da madeira. Após essa etapa, as fibras são enviadas às indústrias formais de madeira para colagem, prensagem e controle de qualidade. Através desse sistema, haveria um aumento significativo na produção, no espaço para experimentação e um maior número de participantes explorando os requisitos arquitetônicos desses produtos de madeira.
Consequentemente, ocorreria um contínuo intercâmbio de ideias, habilidades, tecnologia e métodos inovadores de fabricação de madeira entre as indústrias formais de madeira e as indústrias informais de pequena escala. Essa colaboração impulsionaria o crescimento e a influência da construção em madeira na região tropical. Além disso, essa parceria tem o potencial de ir além das interações técnicas e incluir políticas que reconheçam as indústrias de pequena escala como empresas formais.
Uma alternativa viável seria licenciar essas indústrias informais de madeira como subsidiárias das grandes indústrias formais, permitindo que elas se beneficiem de incentivos fiscais e apoio financeiro do governo, ao mesmo tempo em que mantêm sua autonomia dentro de suas comunidades. É essencial que os governos reconheçam o valor gerado pela integração de empresas informais em sistemas formais, uma vez que elas desempenham um papel significativo em atender à demanda local por madeira. Para alcançar esse objetivo, é necessário explorar e testar soluções técnicas e políticas inovadoras. O objetivo final é maximizar os benefícios das indústrias informais de madeira de pequena escala e criar um impacto sustentável em todos os setores dos países da África Tropical, incluindo a sua arquitetura.
Este artigo é parte dos Temas do ArchDaily: O futuro da madeira. Mensalmente, exploramos um tema em profundidade através de artigos, entrevistas, notícias e projetos de arquitetura. Convidamos você a conhecer mais sobre os temas do ArchDaily. E, como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuição de nossas leitoras e leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.
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