Este artigo foi originalmente publicado no Common Edge.
Desde o surgimento do modernismo, os arquitetos têm enfrentado um dilema ao lidar com a realidade do tempo. Isso se torna um problema, pois o tempo e a gravidade são duas forças universais. Os arquitetos são extremamente bons em lidar com a gravidade — ela está presente em tudo o que projetamos e realiza uma dança simbiótica com a estrutura. Não importa o quanto um projeto simule a ausência de peso, sua massa não pode ser negada. Os arquitetos devem enfrentar a gravidade, seja nas varandas da Casa da Cascata de Frank Lloyd Wright, ou nos edifícios paramétricos potencializados pelos softwares da atualidade.
No entanto, os arquitetos estão em negação quando se trata do tempo. Embora possamos utilizar as regras da gravidade para controlar a forma e o espaço, todos os nossos edifícios são construídos no agora, porém estão cercados pelo passado e pelo presente, e viverão em um mundo futuro que desconhecem. Como os arquitetos não podem projetar o tempo, muitas vezes recorrem a copiar o passado ou, de maneira perversa, fingir que o tempo não existe.
Mas o tempo é uma realidade muito diferente. Embora o vivenciemos naturalmente quanto vivemos na gravidade, ele está completamente além da capacidade de qualquer pessoa de entender, muito menos de manipular. O tempo nos envolve, mas nossa resposta a ele é escorregadia e evasiva. A grande poetisa Emily Dickinson já afirmava:
"Dizem que o "tempo ameniza" —
Isto é faltar com a verdade —
Dor real se fortalece
Como os músculos, com a idade
É um teste no sofrimento —
Mas não o debelaria —
Se o tempo fosse remédio
Nenhum mal existiria".
A poetisa expressa a completa falta de controle que todos têm em relação ao tempo. No entanto, assim como a gravidade, os arquitetos precisam lidar com ele. Nossa única capacidade de controlar parcialmente o tempo é a compreensão que podemos ter da história. Podemos reunir e cruzar os imensos dados de nossa experiência, valores e padrões divinos. Apesar de nossos melhores esforços, a história não controla o tempo; a história é apenas a memória compreendida das coisas que não podemos controlar.
Esse desejo de controlar o incompreensível não se limita à arquitetura. Criamos religiões para entender a morte e os reinos espirituais além dela. Inventamos a astrologia (e todo tipo de "autoajuda") para tentar compreender quem somos. Utilizamos a política para codificar nossos valores. Na arquitetura, copiamos a história ou fingimos que ela não existe. Essas tentativas de controle se tornam os "estilos" que substituem a religião, a astrologia e a política. Ambos são tentativas de negar o tempo. Para os arquitetos, é apenas mais fácil assim.
O renomado filósofo Paul Weiss afirmou: "Aqueles que merecem ser lembrados não pertencem a nenhuma escola."
Essas tentativas acabam fracassando, pois não podemos congelar o tempo ou inventar nossa própria versão dele. Em seu novo e maravilhoso livro, Untimely Moderns, Eeva-Liisa Pelkonen, vice-diretora e professora na Escola de Arquitetura da Universidade de Yale, abraça a realidade do tempo como uma verdade universal que desafia a ideia de "um estilo serve para todos". Ela cita uma palestra do filósofo Paul Weiss, que famosamente afirmou: "Aqueles que merecem ser lembrados não pertencem a nenhuma escola".
Existem arquitetos que incorporam o elemento temporal em seus projetos sem tentar copiá-lo. Edwin Lutyens enxergava a beleza no mundo do passado, ao mesmo tempo, em que manifestava inovação e criatividade. Diébédo Francis Kéré projeta no contexto pleno de seus edifícios, atendendo simultaneamente seus clientes, às comunidades locais e à arte coletiva. O Memorial dos Veteranos do Vietnã, de Maya Lin, com aquela profunda parede de nomes gravada na terra, é ao mesmo tempo, paisagem, história e arte.
O que temos agora em nossa cultura é uma corrida para suspender o tempo, seja o futuro ou o passado, simplificando os edifícios para seus denominadores estéticos comuns. A ortodoxia conveniente resultou na crescente irrelevância da política, religião e, sim, da arquitetura neste século. Ao nosso redor, há um excesso de Modernismo Lite que pode ser visto em dezenas de vencedores de concursos da AIA. Por outro lado, o desenvolvimento residencial está estagnado na imitação tradicional ou na cópia do Modernismo de meados do século. Os resultados se materializam em desfiles de edifícios cinco-por-um com adições ornamentais tradicionais ou elementos modernos coloridos.
Nossa nação tomou a decisão há muito tempo de que "Separados, mas Iguais" era um paradoxo. Na arquitetura, a resposta recente tem sido fugir da criatividade, optando por edifícios projetados para vender, semelhantes aos resultados de pesquisas na Amazon. Como resultado, os arquitetos se isolaram em autorreferência. É hora de abraçar nossa completa incapacidade de controlar o tempo. O tempo simplesmente é. Não podemos estilizá-lo para submissão, não importa o quanto tentemos. Robert Venturi e Denise Scott Brown sabiam disso. Em "Learning from Las Vegas", eles escreveram sobre essa impossibilidade: "Crianças nuas nunca brincaram em nossas fontes, e I.M. Pei nunca será feliz na Rota 66."