Para muito além do conhecimento técnico de sua formação como engenheiro, Eladio Dieste (1917-2000) adquiriu sensibilidade arquitetônica rara. Foi pioneiro e mestre da técnica da alvenaria armada, que em resumo trata-se de um sistema de "casca" relativamente fina em que os blocos cerâmicos são comprimidos, as barras de aço são tracionadas e o concreto solidariza o conjunto. A resistência estrutural é aumentada através do desenho de geometrias espaciais complexas que respondem com precisão aos esforços solicitantes, utilizando assim o mínimo possível de material. Desta forma são vencidos grandes vãos e balanços e as cargas são elegantemente conduzidas ao solo.
A honestidade do sistema estrutural e construtivo se faz então protagonista de sua obra. Dieste demonstrou maestria através do exímio domínio sobre a luz natural, controlando sua incidência nas superfícies texturizadas dos blocos cerâmicos. Deste modo criou atmosferas diversas que oscilam entre o místico e o cenográfico, passando pelo funcional. Deixou um enorme legado de edificações no Uruguai e em outros países, sendo muitas no Brasil. Ao tratar espaços profanos e sagrados com o mesmo esmero, qualificou ambientes de trabalho ordinários, como fábricas e depósitos, ao mesmo tempo em que edificou obras-primas como a Iglesia de Atlántida Cristo Obrero, entre outras:
Iglesia de Atlántida Cristo Obrero y Nuestra Señora de Lourdes (Canelones, 1960)
Iglesia de Malvín Nuestra Sra. de Lourdes (Montevidéu, 1965)
Fábrica Domingo Massaro S.A. (com Martín Boada, Montevidéu, 1976)
Depósito Julio Herrera y Obes (Montevidéu, 1978)
Gimnasio y Colegio Don Bosco (Montevidéu, 1983)
Montevideo Shopping Center (com Gómez Platero e Enrique Cohe, Montevidéu, 1984)
Teatro de Verano (Dieste & Montañez e Carlos Pascual, Montevidéu, 2006)
Revisite Tóquio neste outro ensaio fotográfico de Eron Costin que reúne obras de Tadao Ando, Kengo Kuma, Kisho Kurokawa, Kenzo Tange, Kazuyo Sejam, entre outros.