Locais bonitos com vistas incríveis ao longo das orlas de grandes cidades são frequentemente negligenciados devido aos vestígios industriais de uma economia passada baseada no transporte marítimo e manufatura. A transição desses setores econômicos e o potencial desses locais têm levado à adaptação desses espaços para uso público. Enquanto algumas cidades optaram por demolir e começar completamente do zero, a transformação do Brooklyn Bridge Park na orla marítima da cidade de Nova York incluiu a preservação de parte de seu caráter industrial. No livro "Brooklyn Bridge Park", os arquitetos do escritório Michael Van Valkenburgh Associates discutem seu processo projetual que incorporou a materialidade e as estruturas existentes dos píeres para contar a história do lugar.
Anteriormente um porto desolado na década de 1980, a Autoridade Portuária doou 34 hectares e 6 píeres do Brooklyn Bridge Park para a cidade após uma década de esforços comunitários. Isso deu início a um longo processo de projeto e construção que se encerrou em dezembro de 2021.
Em vez de considerar a infraestrutura deteriorada e falha como uma limitação, a MVVA enxergou isso como uma oportunidade. Eles aproveitaram os desafios inerentes do local para criar um espaço público único, preservando a estrutura dos armazéns existentes, e utilizando-os de várias maneiras no parque. Alguns servem como apoios de iluminação, enquanto outros proporcionam sombra. Essas estruturas foram pintadas de azul, em homenagem à cor utilizada pela Autoridade Portuária nos galpões décadas atrás. A maior estrutura preservada é um pavilhão esportivo projetado pela arquiteta Maryann Thompson, que utiliza a estrutura original do galpão e um telhado ondulado reinserido.
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Requalificação de orlas marítimas e fluviais: projetos que repensam a relação da cidade com a águaAlém de manter a estrutura dos galpões, eles também reutilizaram materiais recuperados, incluindo peças retiradas do local e da infraestrutura urbana. Porções de concreto removidas dos píeres foram realocadas e usadas como elementos esculturais em um parque aquático. Madeira proveniente do armazém do National Cold Storage foi reutilizada para bancos, mesas de piquenique e equipamentos de playground. Granito da reconstrução de duas pontes da cidade de Nova York também foi reutilizado, incorporado como aterro e assento.
O Hassel Studio usou uma abordagem semelhante em West Bund, na China. Anteriormente um centro industrial ao longo do rio Huangpu em Xangai, a cidade transformou sua orla marítima em um vibrante espaço público. A preservação e celebração do local existente foram fundamentais para sua estratégia de projeto. Uma série de edifícios ao longo da orla foi preservada e convertida em museus, utilizando também materiais reciclados, como painéis de concreto e pavimentação existentes.
Há um grande potencial na transformação de estruturas industriais em espaços públicos, tanto pela junção entre o antigo e o novo quanto pela variedade de infraestruturas públicas que isso pode gerar. Uma abordagem que reutiliza o existente pode tanto promover práticas de construção sustentável quanto produzir espaços distintos para suas localidades. Isso pode resultar na criação de marcos que não apenas contam a história de uma cidade, mas também revelam sua evolução ao longo do tempo.