Cidades em destaque: lições de 2023 sobre resiliência ambiental

No cenário em constante evolução do século XXI, as cidades despontam como modelos de inovação em relação aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Criativamente, enfrentam desafios urbanos urgentes, como densidade populacional, transporte, habitação e resiliência. Possuem o potencial de liderar uma agenda climática abrangente, atuando como laboratórios para iniciativas sustentáveis, inovações inter-setoriais e estratégias orientadas para a comunidade. As cidades agem como catalisadoras de revoluções, implementando soluções impactantes que podem ser aplicadas globalmente.

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Inúmeras cidades enfrentam atualmente problemas de degradação ambiental, infraestrutura urbana insuficiente e crescimento descontrolado. O impacto ambiental das cidades é preocupante, representando uma ameaça aos recursos naturais essenciais para sustentar o desenvolvimento econômico e aliviar a pobreza. Encontrar um equilíbrio entre o crescimento econômico e o estabelecimento de cidades sustentáveis e habitáveis é o principal desafio para as áreas urbanas em todo o mundo.

A interconexão entre os sistemas social, político, econômico e ecológico dentro das cidades e regiões metropolitanas destaca o papel delas na busca global por um futuro sustentável. Desde os arranha-céus verdes de Milão e de Singapura até as iniciativas de Barcelona para incentivar o transporte público sustentável, o ano de 2023 testemunhou prósperas iniciativas de várias cidades pelo mundo:

Como as cidades podem equilibrar as necessidades dos cidadãos e do meio ambiente - Amsterdã, Holanda

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The Whale / de Architekten Cie. Imagem © de Architekten Cie

Em 2020, em meio à primeira onda de bloqueios devido à pandemia, o município de Amsterdã anunciou sua estratégia para se recuperar dessa crise adotando o conceito de “Economia Donut” (traduzido também como economia da rosquinha). O modelo é desenvolvido pela economista britânica Kate Raworth e popularizado por meio de seu livro, Doughnut Economics: Seven Ways to Think Like a 21st-Century Economist, lançado em 2017. Ela argumenta que o verdadeiro propósito da economia não precisa igualar o crescimento. Em vez disso, o objetivo é encontrar um ponto ideal, uma forma de equilibrar a necessidade de fornecer a todos o que precisam para viver uma vida boa, uma “base social”, enquanto limitamos nosso impacto no meio ambiente, “o teto ambiental”. Com a ajuda de Raworth, Amsterdã reduziu essa abordagem às proporções de uma cidade. O modelo agora é usado para informar estratégias em toda a cidade em apoio a essa ideia abrangente: proporcionar uma boa qualidade de vida para todos sem colocar mais pressão no planeta.

Como as cidades podem adotar o urbanismo socioecológico - Ganvie, Benin

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Vista Aérea da Vila Flutuante de Ganvie. Imagem © Victor Espadas González

Localizada na parte sul da República do Benin, perto da cidade portuária de Cotonou, Ganvie é a maior vila flutuante da África. Situada no meio do Lago Nokoué, é caracterizada por casas coloridas sobre palafitas de madeira construídas ao redor de ilhas artificiais do século XVII. Foi mantida ao longo do tempo pelos seus sistemas socioecológicos aquaculturais comunitários e hoje se tornou uma atração turística do país. A aquacultura tornou-se cada vez mais desafiadora de manter, pois a vila luta para sustentar sua base econômica. Além disso, as práticas tradicionais de construção foram substituídas por modernas, e a vila enfrenta desafios ambientais contínuos. No entanto, o estilo de vida único dos moradores em torno da água ainda pode oferecer muitas lições para o design de futuras cidades flutuantes.

Como as cidades podem ser reconstruídas à luz da elevação do nível do mar - Jacarta, Indonésia

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Jacarta, via de ônibus em Bundaran. Imagem © Om khonjin

O parlamento da Indonésia aprovou um projeto de lei para transferir a capital, Jacarta para uma cidade completamente nova a ser construída na ilha de Bornéu, a 1.300 quilômetros da capital atual. A decisão, anunciada pela primeira vez em 2019, surge como uma reação aos inúmeros desafios enfrentados por Jacarta, incluindo poluição, congestionamento de tráfego e, talvez o mais ameaçador, o aumento do nível do mar. Como consequência da extração excessiva de água subterrânea, urbanização rápida e aumento do nível do mar, 40% da cidade está atualmente abaixo do nível da água. O presidente Joko Widodo propôs uma alternativa: realocar o centro administrativo do país para uma nova metrópole, chamada de Nunsantara, que significa "arquipélago" em javanês antigo.

Como as cidades podem lidar com tempestades - Nova York, EUA

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Chuva na cidade de Nova York. Imagem © Cavan-Images

Em setembro deste ano, a cidade de Nova York vivenciou uma tempestade severa que inundou suas ruas com mais de 177 mm de água em menos de 24 horas, causando o fechamento de várias ruas, a inundação de carros e o bloqueio de ônibus. Esse evento destacou novamente a incapacidade da antiga infraestrutura da cidade de lidar com chuvas torrenciais. À medida que as mudanças climáticas se intensificam, os especialistas alertam que esses eventos se tornarão cada vez mais frequentes. Essa vulnerabilidade é especialmente preocupante em áreas urbanas densamente ocupadas, como a cidade de Nova York, onde os riscos de inundação aumentam devido à grande quantidade de superfícies impermeáveis.

Como as cidades podem reduzir as emissões de carbono limitando a altura dos edifícios - Paris, França

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Tour Triangle, Paris. Imagem cortesia de Herzog & de Meuron

A cidade de Paris reinstaurou oficialmente uma regra que limita a altura de novos prédios na capital francesa a 37 metros, ou 12 andares. Entre os fatores para a decisão estava a controvérsia em torno da construção da Tour Triangle, projetada por Herzog & de Meuron, com 180 metros de altura e que teve a construição iniciada em 2021 após mais de uma década de batalhas legais e críticas. A nova regulamentação de planejamento urbano é apresentada como parte do Plano Urbano Bioclimático Local da prefeita Anne Hidalgo, que visa reduzir as emissões de carbono de Paris.

Como as cidades podem criar paisagens responsivas - Hangzhou, China

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Asian Games Park / Archi-Tectonics. Imagem © SFAP

Em 2018, as firmas Archi-Tectonics NYC e !Melk foram anunciadas como vencedoras de uma competição para desenvolver um masterplan para o Parque dos Jogos Asiáticos de Hangzhou 2022. Com uma área de 47 hectares, o projeto agora concluído inclui um amplo Eco Parque e sete edifícios. Embora seu propósito inicial fosse servir de sede para os Jogos Asiáticos de Hangzhou 2022, a equipe ampliou sua proposta para muito além do evento, traçando um novo caminho para o futuro ambiental da cidade. Seguindo uma abordagem paisagística de “Cidade Esponja”, o projeto estabeleceu um oásis montanhoso destinado ao uso recreativo durante todo o ano. Na verdade, o oásis atua como um pulmão verde, revitalizando o ecossistema local.

Como as cidades podem promover iniciativas de reflorestamento - Nova Orleans, EUA

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Restauração de um terreno baldio como parte do programa de estratégias alternativas para lotes baldios da New Orleans Redevelopment Authority. Imagem © Spackman Mossop Michaels

Nova Orleans tem o efeito de ilha de calor urbano mais forte dos EUA, com temperaturas quase 5°C mais altas do que as áreas naturais próximas. A cidade perdeu mais de 200 mil árvores com o furacão Katrina, diminuindo a área sombreada para apenas 18,5%. A ONG Sustaining Our Urban Landscape (SOUL) fez uma parceria com arquitetos paisagistas da Spackman Mossop Michaels (SMM) para criar um plano de reflorestamento acessível e focado na equidade. O plano fornece um roteiro para alcançar a marca de 24% de área coberta por árvores até 2040. Mais importante, o plano também busca igualar a área sombreada por árvores, de modo que pelo menos 10% de todos os 72 bairros estejam cobertos. Atualmente, mais da metade dos bairros está abaixo da marca de 10%.

Como as cidades podem mapear o progresso na construção sustentável - Copenhague, Dinamarca

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Copenhague, Dinamarca. Imagem © Daniel Rasmussen | Kroyers Plads

Copenhague sediou por cinco dias o maior encontro no campo da arquitetura sustentável, reunindo mais de 6.000 participantes de 135 nações. O Congresso Mundial de Arquitetos da UIA 2023 teve como foco o tema "Futuros Sustentáveis - Não Deixar Ninguém para Trás". O evento serviu como um fórum para pesquisadores e profissionais renomados de diversas áreas e idades se aprofundarem em métodos de criação de edifícios que abordam as mudanças climáticas, fortalecem a biodiversidade e promovem a inclusão social. À medida que o congresso chegava ao fim, foram reveladas as “lições de Copenhague": dez princípios destinados a facilitar o progresso rápido e transformador no campo da construção sustentável.

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Zeche Zollverein na Alemanha. Imagem © Gili Merin

A necessidade de cidades sustentáveis vai além das aspirações de urbanistas e entusiastas ambientais - é uma necessidade crucial na luta contra as mudanças climáticas. Infraestruturas sustentáveis atuam como uma defesa contra uma ampla gama de desafios, desde inundações e ondas de calor até o comprometimento do abastecimento de água. Notavelmente, até a propagação de doenças, como a pandemia de COVID-19, pode ser contida ou eliminada por meio do planejamento urbano sustentável. Cidades que mitigam proativamente os riscos climáticos e desastres naturais se beneficiam com a redução de danos materiais, menores perdas de seguros e menos vítimas, destacando a indispensabilidade de práticas urbanas sustentáveis para o sucesso a longo prazo. Reconhecendo que mudanças impactantes devem ocorrer em escala urbana, os esforços para impulsionar a transformação em áreas urbanas tornam-se cruciais para atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2030. À medida que as cidades mudam, o mundo também muda, enfatizando a interconexão entre a resiliência urbana e a pegada ambiental global.

This article is part of the ArchDaily Topics: Year in Review, presented by Randers Tegl.
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Sobre este autor
Cita: Gattupalli, Ankitha. "Cidades em destaque: lições de 2023 sobre resiliência ambiental" [2023 Cities in Focus: Lessons in Environmental Resilience ] 20 Dez 2023. ArchDaily Brasil. (Trad. Simões, Diogo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/1010936/cidades-em-destaque-licoes-de-2023-sobre-resiliencia-ambiental> ISSN 0719-8906

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