Os avanços na tecnologia de impressão 3D estão progredindo num ritmo sem precedentes, acompanhados pelo aumento na capacidade computacional para manipular e criar geometrias complexas. Essa sinergia oferece aos arquitetos um alto grau de liberdade artística em relação às texturas que podem ser geradas, graças à alta resolução e à capacidade de fabricação rápida. Se as dificuldades técnicas inerentes à produção estivessem fora de questão e os arquitetos pudessem esculpir virtualmente qualquer coisa em uma fachada, o que eles fariam?
Embora tenhamos visto desenvolvimentos no campo da impressão 3D de alta resolução na forma de protótipos, no último ano, testemunhamos a concretização de projetos arquitetônicos utilizando essa tecnologia nas fachadas. O Studio RAP em Amsterdã efetivamente fabricou sistemas modularizados impressos em 3D que utilizam geometrias geradas algoritmicamente. No ano passado, concluíram a "Ceramic House", uma loja boutique em Amsterdã, construída usando azulejos de cerâmica impressos individualmente em 3D montados em uma estrutura de aço inoxidável cortada a laser, empregando um design algorítmico inspirado na arte da tecelagem.
Até o momento, grande parte dos protótipos arquitetônicos impressos em 3D tem se baseado na manipulação de sua viabilidade estrutural e no processo de fabricação em camadas, testando materiais e os limites da arquitetura de alta resolução. Muitas pesquisas da ETH Zurich exploraram o potencial da impressão 3D na fabricação de peças ricas em detalhes, no desenvolvimento de colunas de concreto ornamentadas e em telas de metal. Além disso, técnicas de construção tradicionais e habilidades artesanais também serviram de inspiração para criar peças impressas em 3D altamente texturizadas.
Enquanto grande parte dos testes dessa tecnologia se concentrou em avaliar seus limites, ainda restam algumas perguntas em relação à estética. Entre protótipos que exploram as oportunidades artísticas usando essa tecnologia estão algumas obras de Michael Hansmeyer e, mais recentemente, Barry Wark. Ambos trabalham com arte gerada por computador inspirada na natureza. Michael Hansmeyer e Benjamin Dillenburger desenvolvem algoritmos com base em processos observados na natureza; esses algoritmos criam geometrias incrivelmente complexas que eles conseguiram imprimir em 3D, como a "Parede Arabesca" e o "Digital Grotesque II". A obra de arte desenvolvida por IA de Barry Wark imita os processos de erosão da natureza, criando formas que confundem os limites entre o orgânico e o ornamental.
A incorporação dessas tecnologias na arquitetura ainda está em seus estágios iniciais. À medida que a impressão 3D e a tecnologia de geração de imagens avançam, inevitavelmente surgem questões sobre arte, decoração e ornamentação na arquitetura. Será que este se torna o espaço para trabalhos interdisciplinares entre arquitetura e arte? Será uma oportunidade para os arquitetos se inspirarem na arte e na escultura? Com a capacidade de produção de imagens em nossas mãos, não faz sentido seguir noções nostálgicas de ornamento. A disponibilidade de software de geração de imagens ultrarrápido e as oportunidades de fabricação que a impressão 3D traz abre um novo mundo para os arquitetos explorarem – criando novas possibilidades de criatividade e inovação, bem como a chance de trazer texturas mais expressivas à nossa arquitetura e às cidades.