Publicação gratuita traz soluções para tornar cidades mais azuis

A relação das cidades com a sustentabilidade do oceano foi destaque no Pavilhão Brasil da COP28, a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas. O painel “Cidades, portos e conservação: esforço integrado para cidades resilientes e adaptadas às mudanças climáticas”, reuniu representantes do Governo Federal, de governos subnacionais, do setor privado e da sociedade civil, além de marcar o lançamento da publicação “Oceano Sem Mistérios – Construindo Cidades Azuis”.

O material em formato e-book, elaborado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica (coordenada pela UNIFESP, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e UNESCO) em parceria com a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), apresenta soluções para tornar as cidades mais azuis em temas como educação, economia, turismo, resiliência climática, água e saneamento, saúde e conservação dos ecossistemas.

Ronaldo Christofoletti, da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), coordenou o painel na COP28. Ele explica que o objetivo da publicação é nortear as cidades no caminho da sustentabilidade relacionada ao oceano. O especialista ressalta que o documento foi elaborado com a contribuição de representantes de municípios de todas as regiões do país. “Inserimos sugestões para ações práticas em diversas áreas, incluindo também casos de sucesso e projetos de referência para inspirar as cidades brasileiras a serem mais azuis”, conta.

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Imagem: Reprodução | Oceano Sem Mistérios – Construindo Cidades Azuis

Christofoletti espera que o documento contribua para ampliar a cultura oceânica no Brasil, valorizando o papel da conservação marinho-costeira para a adaptação às mudanças do clima. “Os eventos extremos que ocorreram ao longo deste ano mostraram que precisamos agir fortemente para a adaptação às mudanças climáticas. A conservação e o uso sustentável do oceano são estratégias fundamentais para enfrentarmos esse grande desafio. O mais interessante é pensar que todas as cidades podem ser mais azuis, independentemente da distância em relação ao litoral”, frisa Christofoletti.

O conceito de “cidade azul” envolve a sustentabilidade ambiental, social, econômica, cultural e a governança dos municípios – integrando políticas públicas, ações de cidadania e instituições conectadas com o oceano. “Sem um oceano saudável, resiliente e sustentável, não seremos bem sucedidos na missão de evitar o agravamento do quadro atual. Nesse sentido, cada ambiente marinho importa e precisa ser cuidado e preservado”, afirma Janaína Bumbeer, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário.

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Mangue no Saco do Mamanguá, em Paraty, Rio de Janeiro. Foto: Adriane A Medeiros, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

O Brasil e o mar

O Brasil possui 7.367 quilômetros de litoral, onde estão localizadas 443 cidades costeiras, que abrigam cerca de 25% da população. Estes municípios estão na linha de frente na batalha contra as mudanças climáticas, principalmente quanto aos impactos da elevação do nível do mar. Especialistas ressaltam que esforços de conservação dos ambientes costeiro-marinhos podem contribuir para reduzir o aquecimento global e também ampliar a resiliência dos municípios ao novo cenário climático.

“Os manguezais, por exemplo, conseguem estocar até quatro vezes mais carbono por metro quadrado que outros ecossistemas e precisam ser mais protegidos e valorizados. Quando lembramos que o Brasil é o país com a segunda maior área de manguezais do mundo, temos noção da nossa responsabilidade”, afirma Bumbeer. A gerente da Fundação Grupo Boticário lembra que outro ecossistema que precisa de atenção são os recifes de corais. “Além de toda a importância para a biodiversidade, para a economia e o turismo, os recifes de corais também conseguem reduzir em até 90% a energia das ondas que chegam até a costa”, explica.

Educação e cultura oceânica

Entre as políticas públicas que podem servir de inspiração para os municípios está a Lei da Cultura Oceânica adotada por municípios brasileiros, que insere o ensino sobre o oceano no currículo municipal. A iniciativa já é reconhecida pela Unesco como política pública mundial que pode ser exemplo para outros países. “O Brasil foi o primeiro país no mundo a ter um município incluindo a cultura oceânica no currículo escolar e hoje já possui outros 16 municípios integrados ao projeto Escola Azul, além de muitos outros interessados já em tramitação”, salienta Christofoletti.

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Imagem: Reprodução | Oceano Sem Mistérios – Construindo Cidades Azuis

O sexto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão de ciência climática da ONU, reconhece que estão no oceano diversas soluções para os desafios globais. Por isso, o relatório lista uma série de iniciativas para proteger, restaurar e gerir de forma sustentável os recursos naturais e ecossistemas marinhos. Fazem parte desses esforços a meta de proteção de até 30% do oceano até 2030 e um tratado global para reduzir drasticamente a poluição por plástico nos mares.

O oceano, além de ser responsável pela produção de 54% do oxigênio que respiramos, é considerado um grande regulador do clima da Terra, sendo responsável pela absorção de até 90% do excesso de calor da atmosfera e pela retenção de cerca de 25% do dióxido de carbono (CO2) emitido no planeta.

Para baixar o e-book gratuitamente, clique AQUI.

Via CicloVivo.

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Sobre este autor
Cita: CicloVivo. "Publicação gratuita traz soluções para tornar cidades mais azuis" 19 Jan 2024. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/1012157/publicacao-gratuita-traz-solucoes-para-tornar-cidades-mais-azuis> ISSN 0719-8906

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