Transformação da iconografia na arquitetura eclesiástica: 20 exemplos de vitrais contemporâneos em igrejas

Escrito por James Wormald | Traduzido por Diogo Simões
Publicado em 06 de Fevereiro de 2024

Independentemente da religião à qual nos identificamos, ou mesmo se renunciamos ou criticamos ativamente a religião organizada em todas as suas formas, um único aspecto do Cristianismo que afeta as pessoas em países predominantemente cristãos em algum momento de suas vidas é a estética clássica da arquitetura da igreja.

Seja frequentando a igreja várias vezes por semana, comparecendo uma ou duas vezes por ano, ou apenas uma vez a cada dez anos para um dos três eventos principais da vida: nascimentos, mortes e casamentos, sempre ficamos impressionados com os arcos elevados, os complexos trabalhos em pedra e, em dias ensolarados, a beleza espiritual e os arco-íris coloridos de luz que fluem através dos vitrais.

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Representando a luz de Deus que entra em nossas vidas, o design e a localização das janelas de uma igreja são fundamentais para a espiritualidade palpável no interior de uma igreja antiga. Por outro lado, as janelas das igrejas com vitrais coloridos combinam luz com beleza artística e movimento, destacando ainda mais essa presença reconfortante.

Transformação da iconografia na arquitetura eclesiástica: 20 exemplos de vitrais contemporâneos em igrejas - Imagem 7 de 27 — Meditation Chapel. Imagem © Kim Yongseong

Com paredes e pilares imensos, essenciais para sustentar seu peso, os primeiros vitrais nas igrejas eram relativamente pequenos. Contudo, à medida que os arcos imponentes e os largos contrafortes, que hoje associamos à arquitetura de igrejas e catedrais, se tornaram mais predominantes, janelas muito maiores conferiram uma presença ainda mais imponente à luz.

Em vez de uma atmosfera sombria e sufocante, uma nave mais iluminada e alegre tornou as igrejas ambientes mais acolhedores para qualquer pessoa em busca de assistência espiritual ou física. Assim, quando os fabricantes de vidro descobriram que os elétrons de vários óxidos adicionados à mistura de vidro absorveriam luz em diferentes comprimentos de onda, começaram a criar receitas para moldar folhas de vidro em um espectro completo de cores.

Recortando essas folhas de vidro colorido em diferentes formas, posicionando-as em um esboço (vidimus), conectando-as com a resistência e maleabilidade do chumbo e, por fim, aplicando esmalte preto no vidro para detalhes e sombras, foi possível representar com precisão mãos, rostos e tecidos em cenas complexas de ilustrações em vidro.

Com igrejas em toda a Europa se aproximando dos 1.000 anos, várias vulnerabilidades arquitetônicas, como paredes em ruínas, telhados danificados pelas intempéries e sistemas de aquecimento ineficazes, revelam que muitas delas necessitam urgentemente de restauração, se não de uma reforma completa. No entanto, partes mais artísticas como os vitrais, são restauradas com mais frequência do que substituídas.

Transformação da iconografia na arquitetura eclesiástica: 20 exemplos de vitrais contemporâneos em igrejas - Imagem 18 de 27 — Igreja Católica de Liulin. Imagem © Runzi Zhu

Com a queda gradual, mas constante, no número de pessoas que frequentam a igreja ao longo do último século, tanto nos EUA quanto em toda a Europa, muitas igrejas restauradas, renovadas ou recentemente construídas e seus líderes optaram por concentrar-se em áreas da fé cristã alinhadas com o mundo moderno, como bem-estar e inclusão. Ao omitir grande parte da iconografia religiosa e das representações bíblicas evidentes nas obras de arte tradicionais em vitrais, mas mantendo as cores brilhantes e envolventes, os interiores contemporâneos das igrejas estão sendo reformulados para atrair os fiéis mais jovens e com inclinações mais humanistas. Isso destaca a posição desses espaços como lugares onde todos, independentemente da idade, riqueza, gênero e até mesmo religião e fé, são bem-vindos e tratados de forma igual.

Transformação da iconografia na arquitetura eclesiástica: 20 exemplos de vitrais contemporâneos em igrejas - Imagem 21 de 27 — Luoyuan Anglican Church. Image © Shikai, Dengxie Xiang, INUCE

Os vitrais originais eram unidos por chumbo para manter várias seções juntas, protegendo contra as adversidades climáticas e variações de temperatura ao aplicar uma mistura de chumbo, cal e óleo de linhaça nas junções. Em vez de depender de alvenaria antiga e outros materiais para manter a vedação hermética ao longo dos séculos, as igrejas podem proporcionar espaços comunitários acolhedores, luminosos, secos e quentes, envolvendo seus coloridos vitrais com painéis de vidro mais resistentes ou fachadas. O uso de uma fachada de dupla camada também significa que fontes de luz adicionais direcionadas através dos vitrais podem dar vida ao interior da igreja, mesmo à noite.

Ao invés de se concentrar apenas na cor do vitral, é relevante destacar outras maneiras pelas quais os arquitetos podem moldar a luz que entra em uma igreja, enfatizando sua presença. Ao alterar a forma e a disposição das janelas por onde o sol penetra durante os serviços, os interiores das igrejas podem ser preenchidos com representações icônicas que cativam a alma, como cruzes, ou podem recriar o efeito pontilhado da luz filtrada organicamente com fachadas perfuradas.

Essas igrejas recém-construídas, reformadas e restauradas são preenchidas com luz: