Os Centros Maggie são o legado de Margaret Keswick Jencks, uma mulher em estado terminal que tinha a noção de que os ambientes de tratamento contra o câncer - e os resultados do processo - poderiam ser drasticamente melhorados através de um bom projeto. Sua visão foi concretizada e continua a se propagar através de inúmeros arquitetos, incluindo Frank Gehry, Zaha Hadid, e Snøhetta - para nomear apenas alguns. Originalmente publicado na Metropolis Magazine sob o título “Living with Cancer” (Vivendo com Câncer), este artigo de Samuel Medina apresenta imagens dos Centros Maggie em todo o mundo, detendo atenção nas raízes da organização e seu sucesso que continua através da ajuda dos arquitetos.
Era maio de 1993, e a escritora e designer Margaret Keswick Jencks se sentara em um corredor sem janelas de um pequeno hospital escocês, temendo o estaria por vir. O prognóstico era ruim - seu câncer havia voltado - mas a espera, e a sala de espera, drenavam suas energias. Ao longo dos dois anos seguintes, até sua morte, ela retornou diversas vezes para sessões de quimioterapia. Em espaços tão negligenciados e impensados, escreveu, pacientes como ela eram deixados ao léu para "murchar" sob o brilho dessecante das luzes fluorescentes.
Não seria melhor se houvesse espaços privativos, banhados por luz, para se esperar pela próxima série de testes, ou onde se pudesse contemplar, em silêncio, os resultados? Se a arquitetura pode desmoralizar os pacientes - "contribuindo para um nervosismo extremo", como observou Keswick Jencks - não poderia ela também se mostrar restauradora?
Esta é a ideia central por trás do experimento Keswick Jencks, ou “Maggie,” iniciado por seu marido, o teórico historiador de arquitetura Charles Jencks, há mais de duas décadas. Sua missão - proporcionar atendimento gratuito e global para pacientes com câncer através de uma boa arquitetura - se expandiu e abrange 17 projetos de edifícios (Centros Maggie), muitos dos quais concebidos por renomados arquitetos como Richard Rogers e Rem Koolhaas.
Diversos destes postos, que estão espalhados por todo o mundo, de Edinburgo a Hong Kong, foram apresentados em uma exposição retrospectiva na Galeria da New York School of Interior Design, que permaneceu em cartaz até o final de abril.
É notável quão belos e diferentes os resultados têm se mostrado. "Ainda não tivemos um edifício ruim", disse Charles Jencks. O sucesso destas obras, comenta Jencks, pode ser atribuído ao "efeito placebo arquitetônico" - um edifício, embora não seja totalmente capaz de curar uma doença, pode agir como "uma terapia secundária, uma terapia de retorno."
Cada um dos centros incorpora um pequeno apartamento aberto onde os pacientes podem se reunir, salas de espera arejadas com acesso aos jardins, e generosas vistas. Há também ambientes privativos para consultas individuais; aqui, em espaços bem iluminados e humanizados, os assistentes podem aconselhar os pacientes sobre como conseguir empréstimos tratamentos e mesmo sobre o planejamento de suas dietas.
Apesar destes confortos, Jencks insiste que a arquitetura "assume riscos", pois se envolve com uma crise existencial muito real. "Viver é um grande risco. Pacientes com câncer passam por este ciclo de medo desesperado, de decidir morrer", diz ele. "Mas aqueles como Maggie arriscaram viver. Isso é arquitetura de algum modo, e é isso que os arquitetos precisam incorporar em seus edifícios. E eu acho que conseguiram."