Kunlé Adeyemi, ex-pupilo de Rem Koolhaas, chamou a atenção da mídia ano passado com sua Escola Flutuante em Makoko, que permitiu melhor acesso à educação para uma comunidade informal em Lagos. Nesse artigo sobre Adeyemi e seu escritório NLÉ Architects, originalmente publicado na Metropolis Magazine, Avinash Rajagopal explora o que guia o jovem arquiteto, explicando porque ele foi eleito um dos 10 arquitetos da lista de Novos Talentos 2014 da Metropolis Magazine.
Quando a Escola Flutuante em Makoko foi concluída em março de 2013, recebeu diversas críticas positivas da mídia internacional. A simples estrutura em forma de "A", sustentada por barris plásticos reciclados em uma lagoa em Lagos, Nigéria, foi projetada por NLÉ, um estúdio com sede em Lagos e Amsterdã fundado pelo arquiteto Kunlé Adeyemi. O projeto, proposto como um modelo construtivo simples e sustentável para a comunidade flutuante de Lagos, enfrentou alguns desafios. Um dos maiores foi convencer as autoridades locais, que simplesmente não sabiam o que fazer com tal edifício.
“Queremos isso validade como um protótipo para construir e viver sobre a água, para o que creio que não haja precedentes", explicou Adeyemi. "Para permitir sua replicação - ou mesmo a replicação da ideia, não necessariamente na forma, mas no modo de construir sobre a água - o apoio do governo é crucial." Mais de um ano depois, esse apoio finalmente parece estar se concretizando. O governo nigeriano concedeu sua aprovação e as mudanças na estrutura exigidas pelas autoridades foram realizadas.
Um dos interesses de pesquisa do arquiteto é a urbanização em países em desenvolvimento, particularmente no continente africano. "Penso que estamos ainda em um estágio em que muito esforço está sendo colocado em fazer as coisas contrariamente ao jeito certo", diz ele. " Consciência social e ambiental específica às necessidades da África ainda não foi abordada o bastante, particularmente em grandes empreendimentos."
Seu escritório espera trazer esse tipo de pensamento aos seus trabalhos residenciais e comerciais em Lagos e em outras cidades africanas. Parte de sua estratégia é um retorno à métodos construtivos e materiais vernaculares. No projeto que acabou de iniciar em Karatu, Tanzânia, o arquiteto - que passou oito anos trabalhando com Rem Koolhaas, no OMA, em diversos projetos ao redor do mundo - está fascinado pela fabricação local de tijolos. "Fiquei impressionado quando percebi que quase tudo o que precisávamos para projetar e construir um belo edifício estava dentro de um raio de cinquenta quilômetros do terreno", comentou Adeyemi.
Adeyemi está cada vez mais sendo chamado para oferecer suas perspectivas em fóruns internacionais. Foi jurado na Bienal de Veneza deste ano e membro do Conselho Internacional para o World Design Capital 2014. Ele também está encabeçando um estúdio na Cornell University em que os estudantes focarão no tema "Água e a Cidade".
"Como as cidades na África estão lidando com a questão da mudança climática, particularmente quando buscam se urbanizar, dadas pressões do desenvolvimento econômico e crescimento populacional? Estamos procurando como todos esses parâmetros se encontram."
Adeyemi foi selecionado para a lista de Novos Talentos 2014 da Metropolis Magazine por Sarah Herda, diretora da Graham Foundation, que disse:
“Adeyemi aborda a arquitetura como uma ferramenta de mudança social. Seu escritório demonstram que a arquitetura pode operar como um catalisador positivo do desenvolvimento, e que algumas das soluções mais inovadoras aos problemas sociais e urbanos em uma comunidade específica vêm da compreensão do clima , condições ecológicas, pessoas, costumes e necessidades imediatas locais."
