Natalie Seroussi vive em um lugar entre a arte e a arquitetura há 26 anos na Villa Bloc em Meudon. A reforma da famosa vila desenhada em 1950 por André Bloc, um percursor da arquitetura contemporânea, impacta em seu trabalho como galerista, assim como em sua sensibilidade como colecionador.
A cada ano, desde 2008, Natalie Seroussi convida um artista para interagir com este patrimônio arquitetônico singular. Sobre os calcanhares de Ernesto Neto, Mathieu Briand, Malaquías Farrell, Michel François, Tobias Putrih, Phill Niblock e Natalie Seroussi, foi requisitada a Didier Faustino uma proposta como artista visual, e também como arquiteto.
Respondendo a este convite, Didier Faustino implementa uma instalação arquitetônica explosiva, reduzida a sua forma mais simples, a fim de acomodar os próximos eventos deste lugar muito especial.
Sabia mais detalhes desta instalação a seguir.
"Esta proposta contextual reflete a arquitetura de André Bloc que tende a iludir a função através da construção de uma «-escultura habitacle». Em um movimento libertador, Bloc limita o lugar do corpo na sua arquitetura. Essa é a história deste lugar. Este campo ambíguo entre a arquitetura e a escultura é muito similar ao meu. O êxito da arquitetura como um tema imposto deve terminar. O corpo precisa recuperar a arquitetura através de seu aspecto social. Por tanto, minha proposta é um evento esculpido que supera a «escultura-habitacle», com um efeito mínimo em arquitetura, simplesmente emoldurando um espaço que espera para ser habitado. O título "This is not a Love Song", inspirado no título de Public Image Limited, dá ênfase no meu desapego em relação à André Bloc, assim como no potencial futuro desta escultura para converter-se em uma arquitetura, uma instalação, uma performance ou um espaço de eventos...", resume Didier Faustino.
No “Habitacle II”, um modelo para a escultura arquitetônica, Didier Faustino prevê duas peças de arte: uma feita de luz e outra feita de som. Ambas expressam nossas dúvidas e hesitações. Em nenhum lugar, em nenhuma parte adota a forma da luz destacando as diferentes aberturas da «escultura-habitacle». Suas diversas flechas já não são direcionais, são mais desorientadores do que úteis! Paradoxalmente, este farol de "todas as direções" imobiliza o espectador que então está pronto para escutar. Confia em mim, três vozes sussurrantes nos incitam a não confiar nos arquitetos. Habitar o espaço que ressoa, este que nos adverte a reconsiderar a situação da arquitetura e suas verdadeiras intenções.
A exposição desorientadora de Didier Faustino inclui trajetórias hipotéticas e a perda de pontos de referência para levar a cabo e questionar a dimensão transgressora da obra de André Bloc.
Autor: Didier Faustino
Localização: Meudon
Ano Projeto: 2014
Fotografias: Felipe Ribon
Sobre o autor. Didier Faustino trabalha na íntima relação entre o corpo e o espaço. Seu enfoque é multifacetado, desde a instalação até a experimentação, a partir da criação das artes visuais subversivas aos espaços que exacerbam os sentidos.
Caracterizado por sua dimensão fictícia, sua crítica, sua liberdade de códigos e sua capacidade para oferecer novas experiências para o corpo individual e coletivo, vários dos seus projetos entraram nas coleções de importantes instituições: MoMA, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação Serralves, Fundo Nacional d 'Art Contemporain, Museu Nacional de Arte Moderna / Centro Georges Pompidou.