A arquitetura do confinamento é uma área fascinante. Os espaços utilitários espartanos das prisões estão entre os mais sofisticados e caros que existem. É incomum para os projetistas criar espaços para pessoas que os experienciarão contra suas vontades (bem, na maioria dos casos) e há um complicado equilíbrio entre criar lugares sensíveis e positivos para reabilitação e a expectativa do que deveria ser uma punição. Há diferentes abordagens em todo o mundo: os EUA assumem uma postura particular, a Noruega outra. Hollywood, é claro, tem sua própria interpretação, livre de trivialidades como a Convenção de Genebra.
Em A Fortaleza (1992), estrelando Christopher Lambert, os detentos eram mantidos presos não por barras e grades de aço, mas por dispositivos cirurgicamente implantados que causavam dor caso as linhas de segurança fossem cruzadas. Embora essa fosse uma solução construtiva bastante simples, a terrível crueldade permaneceu na memória da audiência. Surpreendentemente, isso acontece com frequência no filme - onde os meios de contenção se tornam também os meios de punição, adentrando a esfera da tortura. A Sky cell de Game of Thrones faz uso do perigo para deter os prisioneiros - escavada em um alto penhasco, uma das paredes é aberta, presumidamente para permitir que alguns decidam por seu próprio destino, com a ajuda de um piso ligeiramente inclinado. O mago Gandalf também fora encarcerado nas alturas em O Senhor dos Anéis - isolado em uma plataforma incrivelmente alta. A série de filmes do James Bond, é claro, oferece muitos outros exemplos, geralmente envolvendo água infestada de tubarões, piranhas ou crocodilos. É o limiar psicológico infligido por esses lugares que transforma o confinamento em punição, soluções que nunca seriam aceitas em sociedades civilizadas mas que causam um grande impacto no cinema.
Embora as prisões tenham sido retratadas inúmeras vezes nos filmes, é interessante notar que em raras ocasiões elas foram glamourizadas. Isso é incomum para Hollywood, que por décadas conseguiu fazer o uso de drogas, armas e outros elementos do submundo desejável. Mesmo programas baseados na realidade, como Oz, da HBO, apresentam um retrato bastante duro da vida na prisão: a exagerada ausência de luz natural, os ambientes monocromáticos, as celas claustrofóbicas, a acústica péssima e a constante vigilância convergem para criar uma experiência fílmica arrepiante. Deprimente na melhor das hipóteses, doentia, a série é viciante, mas você certamente não vai querer se juntar a nenhum dos personagens.
Para a maioria de nós, a experiência no cinema é o mais próximo que chegaremos do encarceramento de segurança máxima. Arquitetos envolvidos em contratos com clientes de "Serviços Corretivos" saberão que o projeto de prisões tem uma longa história e que há hoje métodos aceitos para criar confinamentos utilitários e humanos (embora o envolvimento de arquitetos em prisões não esteja livre de controvérsias). Entretanto, como grande parte das pessoas é influenciada por referências do cinema, o modelo histórico de barras e correntes permanece como a linguagem arquitetônica mais reconhecível de uma prisão (em parte, resultado de filmes de grande sucesso como Um Sonho de Liberdade (1994) e À Espera de um Milagre (1999), que apresentam experiências horríveis de prisão em contextos históricos).
O valor de desincentivo disso é imensurável. Enquanto as prisões são associadas pelo público com privação, medo e tortura, parece não haver nenhum aviso para a juventude rebelde sobre consequências, pois Hollywood já nos passou a mensagem: continuem nesse caminho e é nesse tipo de lugar hediondo que vocês vão parar. E não vai ser agradável. Parece que, pela primeira vez, quando a indústria cinematográfica assume liberdade artística, ela acaba oferecendo um serviço comunitário.
Esse artigo é uma cortesia de Charlotte Neilson, autora do blog de design Casting Architecture. Sua coluna analisa a arquitetura e o design na televisão e no cinema.