Muito tempo depois da primeira viagem do homem à Lua, a ideia de colonizar o espaço continua a nos fascinar, aparecendo como tema de inúmeras obras de ficção científica e mesmo de propostas arquitetônicas. Para os arquitetos , essa nova fronteira é vista como um tema tentador a ser explorado, capaz de gerar tipologias completamente novas de habitação. Essa fascinação é a base do trabalho final de graduação de Luis Daniel Pozo na Universidade de Artes Aplicadas de Viena, no qual o estudante desenvolve protótipos possíveis para "a cidade acima dos céus."
Batizado com a palavra grega Peripeteia, o projeto de Pozo representa um momento decisivo para a humanidade provocado pela exploração espacial. Sob orientação do professor Hani Rashid, Pozo estudou diversas propostas conceituais anteriores, como por exemplo a Flying City de Georgy Krutikov, a Asteromo de Paolo Soleri e a New City de Greg Lyhn. Esses trabalhos formaram a base teórica sobre a qual Pozo pôde referenciar conceitos científicos de Gerad O’Neil para organizar um sistema no qual a vida é possível no espaço através da "Gravidade Artificial".
Enquanto nova tipologia, a proposta pode evitar as limitações da Terra e explorar componentes adaptáveis e reconfiguráveis. Elementos tradicionais como praças, pontes, átrios e quadras urbanas são, então, radicalmente redefinidos de maneira não ortogonal para se estabelecerem em um espaço em expansão. Adicionando e subtraindo vários elementos (talvez de modo similar a cápsulas em uma estação espacial), tal estrutura se torna continuamente dinâmica, refletindo as sociedades adaptáveis do futuro. Desenvolvido como um dos muitos componentes de Peripeteia, Space Habitat Constellation (SHC) é um protótipo de habitat para a colonização espacial. O conceito se baseia em uma abordagem modular que integra um sistema estático e dinâmico para abrigar 3 mil habitantes por um período de tempo indefinido.
Dentro da SHC, um dos maiores desafios é desenvolver um sistema de gravidade artificial para combater as implicações negativas à saúde dos astronautas. Isso é alcançado através do uso da força centrípeta gerada pela rotação da SHO, estabelecendo áreas com gravidade similar à da Terra onde programas educacionais, científicos e de pesquisa se desenvolvem. Em contaste, o núcleo da SHC consiste em um grande volume longitudinal com módulos habitacionais menores em sua periferia. Por enquanto, tal projeto pode ser visto como um sonho utópico, mas ao passo que a tecnologia continua a avançar, projetos teóricos como este podem ser um passo importante em direção à colonização espacial.
