Seguindo a tradição dos vencedores do MoMA PS1 Young Architects Program, o plano de Andrés Jaque para "COSMO" aborda uma necessidade ecológica através de uma instalação arquitetônica. Enquanto o "Hi-Fi" de 2014 explorava o uso de tijolos orgânicos e o projeto "Wendy" de 2012 abordava a poluição atmosférica, Jaque pretende lidar com algo aparentemente muito mais político: a água. Esse artigo, originalmente publicado pela Metropolis Magazine como "The Politics of Water: Andrés Jaque on His 2015 MoMA PS1 YAP Winning Design", examina como Jaque espera transformar sua instalação em um ponto de discussão política.
À primeira vista, o Janicki Omniprocessor de Bill Gates e a proposta vencedora de Jaque para o MoMA PS1 Young Architects Program (YAP) de 2015 compartilham o mesmo objetivo - ambos abordam o problema de escassez de água no mundo, que foi potencializada por mudanças climáticas, disputas políticas e diversos outros fatores. Mas enquanto o Omniprocessor se parece com uma fábrica de cimento em miniatura, o projeto de Jaque une seu objetivo social - mudar o modo como compreendemos a infraestrutura contemporânea de água - a uma estética quase psicodélica.
Projetado pelo Office for Political Innovation, de Jaque, "COSMO: Give me a pipe and I will move/celebrate the Earth" está de acordo com a tendência ambientalista recente do YAP. Ano passado, a torre de tijolos orgânicos do The Living incorporou preocupações ecológicas relacionadas ao desperdício e à produção. Em 2012, o pavilhão Wendy, de Hollwich-Kushner, empregava nanopartículas de dióxido de titânio pra combater poluentes atmosféricos. Estimulado por eventos como as revoltas em função da água na Bolívia, Jaque escolheu um tema mais fundamental para abordar: a água. "Podemos projetar algo que celebre a água enquanto recurso, em vez de ferramenta de punição?", pergunta o arquiteto, referindo-se às políticas da água durante a crise boliviana.
A estrutura suspensa, feita de componentes de irrigação, libera água através de um circuito contínuo de filtros naturais. A água percorre a base do pavilhão, onde um "ecossistema complexo e resiliente" realiza a primeira etapa de purificação, a partir de onde passa por tubulações que usam luz UV para eliminar micro-organismos. Após a conclusão do ciclo, o processo se repete.
Os 3 mil galões de água fluindo no COSMO foram fornecidos por uma estação de semi-tratamento de Nova Iorque. O envolvimento voluntário da cidade é importante para Jaque, fazendo da estrutura uma extensão de um processo industrial separado do público e de sua participação. A instalação foi construída sobre rodas, o que facilita seu deslocamento e permite tornar pública a maneira como a água da cidade é, ou deveria ser, tratada.
Para Jaque, a experiência do visitante é essencial. "Projetamos algo que pode ser enriquecedor e agradável, algo que nos relaciona com a água de modo mais contemporâneo." Contudo, para Jaque, a arquitetura e a tecnologia usadas nesses processos são mais que artefatos agradáveis - eles são o resultado da colaboração de seu escritório com engenheiros hidráulicos, biólogos de algas, especialistas em tratamento de água e uma rede de outros especialistas. "É importante para nós vermos COSMO como um protótipo", disse Jaque. "Um protótipo que combina muitas inteligências de modo a torná-las acessíveis para um público global que pode, então, replicar o que é experimentado aqui."