Poucas vezes encontramos arquitetos que planejam soluções espaciais e arquitetônicas para situações tão concretas e específicas como o retorno à casa de nossos pais após alguns anos vivendo sozinhos. A equipe PKMN [pacman] Architectures procura justamente trabalhar com os espaços temporários derivados desta mudança, levando em conta o quão recorrente esta situação se tornou na Espanha entre a população de 25 a 40 anos.
Para desenvolver o Home Back Home, os arquitetos estudaram detalhadamente dois casos reais. Saiba mais detalhes sobre essa proposta e o resultado "espacial" da pesquisa, a seguir.
Dos arquitetos. Quais são os novos modelos de habitabilidade derivados da mudança de paradigma e do colapso econômico?
As pautas convencionais, segundo as quais o processo de emancipação era visto como uma paisagem linear e sequencial entre a formação, o trabalho, a saída de casa e a constituição de uma nova família, concluindo de maneira unívoca o fortalecimento da autonomia pessoal, já não constituem um paradigma válido que legitima as escolhas pessoais realizadas por uma pessoa na construção da sua biografia pessoal.
A mudança de contexto no qual se inserem os modos emergentes de transição para a vida adulta supõe uma situação complexa na qual se produz uma ruptura das opções biográficas tradicionais e socialmente aceitáveis.
Esta mudança se faz especialmente relevante no que concerne a saída de casa como evento que deixou de ser inequívoco e irreversível, e em muitas ocasiões, possível.
Home Back Home é uma agência de des-emancipação que propõe atuar utilizando esta mudança de paradigma não como um fracasso, mas sim como uma oportunidade a partir da qual fomentar uma não-padronização dos processos de emancipação. Isto se dá através da construção [em colaboração com as pessoas des-emancipadas] de uma série de ferramentas que incentivam o surgimento de posturas proativas frente à mudança e à crise por parte destas pessoas.
Home Back Home é uma plataforma para a análise, acompanhamento e resolução através do protótipo de situações habitacionais geradas pela "des-emancipação" e pelo retorno à casa familiar. Um processo realizado majoritariamente por pessoas com idade entre 25 e 40 anos, para reabilitar seus antigos quartos e os demais ambientes da habitação compartilhada com os membros do seu núcleo familiar primitivo.
Como agência de assessoria, Home Back Home desenvolve processos de acompanhamento e negociação em que trata de aplicar a todos os co-habitantes da moradia des-emancipada a construção de um protótipo habitacional completo.
Pesquisa e registro das condutas derivadas da mudança de moradia.
A mudança de moradia sempre supõe alterações mais ou menos substanciais nos hábitos de vida diários, no caso do retorno à casa familiar, estas modificações na conduta e hábitos afetam não somente o novo inquilino mas também os outros membros da família que a habitam. Por isso, Home Back Home planeja o acompanhamento e a análise das condutas espontâneas ou estabelecidas que foram instauradas, para melhorá-las e evitar, assim, o surgimento de conflitos derivados da ausência de desenho e/ou previsão do novo estado familiar.
Desenvolvimento e construção de protótipos de moradia des-emancipada.
Des-emancipar-se não significa uma perda total de independência, mas a manutenção de uma certa autonomia que implica em um esforço de negociação e estabelecimento de acordos. Home Back Home propõe o desenvolvimento de protótipos espaciais que possam constituir o reflexo de alguns dos pactos alcançados neste processo de diálogo através de operações de "remasterização" do mobiliário.
Home Back Home
CASO DE ESTUDO_01 / Dune Claudio
Worhshop desenvolvido em colaboração com o Instituto Do It Yourself. Outubro de 2014.
Home Back Home
CASO DE ESTUDO_02 / Edel Montón
Worhshop desenvolvido em colaboração com Tricontinental Master Degree. Fevereiro de 2015.
Arquitetos: PKMN [pacman] Architectures
Equipe de projeto: Rocío Pina Isla, Carmelo Rodríguez Cedillo, Enrique Espinosa Pérez, David Pérez García
Fotografias: Javier de Paz García