Cartas de Mujeres (Cartas de Mulheres) é uma campanha da ONU Mujeres e o CAC - Centro de Arte Contemporáneo, criado para mostrar a diversidade do feminino e nos distanciar desse desgastado clichê da mulher frágil e "rosa". Tudo isto a partir de mulheres e homens escrevendo suas próprias histórias nos espaços públicos da cidade.
A campanha abordou uma grande quantidade de frentes, desde oficinas em diferentes cidades do país até noites de eventos públicos dirigidos para mulheres. O estúdio de arquitetura equatoriano AL BORDE desenhou os dispositivos onde as mulheres escreveram suas cartas.
Descrição dos arquitetos.
UM LUGAR PARA SE SENTAR, UM LUGAR PARA ESCREVER
Este lugar para se sentar deve ser cômodo, motivar a introspecção e escritura sincera. Mas a comodidade é algo subjetivo, cada pessoa é única e tem gostos particulares, cada um se sente mais cômodo em certas circunstâncias e com certos objetos. É necessário que o objeto a ser desenhado seja portanto particular, tanto como as personalidades que estão atrás das cartas e que constituem a mesma essência do que se busca viabilizar na campanha.
O lugar para apoiar o papel tem menos condições, é simplesmente uma superfície plana.
Nos resta duas possibilidades: desenhar um lugar para se sentar que todos gostem e se sintam atraídos - basicamente impossível - ou desenhar muitos tipos de lugares para que cada pessoa use a que mais lhe agrade - que também não parecia algo muito fácil em seu momento.
SIMPLES
O projeto é resolvido através da "mesa de apoio", uma prancheta, inserida nos lugares mais diversos e, assim, abre-se a possibilidade de que cada pessoa escolha o lugar com o qual mais se identifica: um lugar tipo abraço protetor para alguém tímida, outro mais livre para as pessoas extrovertidas, um lugar pequeno para as pequenas, um lugar grande para as grandes, um lugar transgressor para as rebeldes, etc.
Utilizamos a mesma estratégia em três cenário distintos: No primeiro cenário tudo é permitido, é uma apropriação espontânea do espaço público, qualquer coisa na qual alguém pode se acomodar é suscetível da adaptação como espaço de escritura.
O segundo cenário é uma apropriação do mobiliário público existente. Se já há bancos na cidade que estão construídos para suportarem a intempérie e o uso frequente, por que construir outras? Apenas adicionamos a nossa prancheta.
O terceiro cenário é uma apropriação do mobiliário doméstico, a intervenção é transportável e se adapta facilmente a diferentes situações. Uma equipe de gestão se encarregou de conseguir uma diversidade de cadeiras menosprezadas, arrumamos os defeitos e instalamos as pranchetas.
O projeto implicou no caminhar, recolher, limpar e parafusar uma prancheta a quase tudo que estava em nosso alcance. Entre mulheres, anedotas e histórias, as cadeiras ganharam vida própria e num mês a campanha coletou 10000 cartas.
Arquitetos: AL BORDE
Cliente: ONU Mujeres + Centro de Arte Contemporáneo CAC – Quito
Gestão das cadeiras: Vanessa Amores
Localização: Equador
Construtor: Metalmecánica Suntaxi
Projeto: 2011
Construção: 2011
Infografia: Guillaume Stark
Créditos Fotográficos: CAC – Centro de Arte Contemporáneo + AL BORDE