Semana passada, após um mês de especulações, o escritório BIG revelou seus planos para Two World Trade Center, em Nova Iorque, projeto que substitui a proposta de Foster + Partners que, embora tenha sido iniciada, foi embargada devido à crise financeira de 2008. Devido à grande visibilidade da obra, em apenas uma semana o projeto do BIG já foi objeto de análise minuciosa. Nesta entrevista, publicada originalmente pelo New York YIMBY como "Interview: Bjarke Ingels On New Design For 200 Greenwich Street, Aka Two World Trade Center, Nikolai Fedak conversa com Bjarke Ingels sobre o projeto da torre e porque foi necessário substituir o desenho de Foster + Partners.
YIMBY sentou-se com Bjarke Ingels para falar sobre o projeto de seu escritório para a 200 Greenwich Street, o Two World Trade Center. Apesar do clamor público após a mudança da versão de Norman Foster para a torre, a construção inovadora e com visão de futuro do BIG realmente responderá às necessidades humanas dos seus usuários e, ao mesmo tempo, pontuará o horizonte da cidade com 1.340 pés (408 mts) de altura. Veja, além da entrevista, algumas imagens do futuro ícone da paisagem urbana de Nova Iorque.
New York YIMBY: Qual é o conceito?
Bjarke Ingels: O Two World Trade é quase uma vila vertical sob medida dentro do edifício, que também pode ser vista como uma única torre. O programa cria grandes espaços para os estúdios, espaços de tamanho médio para as redações e plantas mais clássicas para os demais usos.
Testamos vários tipos de volumes - diferentes tipos de lógicas - para terminarmos aceitando que está bem se os componentes do edifício tiverem proporções diferentes, e em seguida, forem empilhados uns sob os outros. Ele realmente tem uma inclinação para o One World Trade Center, de modo que as duas torres - mesmo não sendo gêmeas - por terem uma relação mútua, criam um espaço paralelo entre elas, embora em declive.
A partir do memorial, o Two World Trade é realmente um grupo de torres; ele tem uma esquina vertical, como se fosse uma torre completamente alinhada, mas, então, algo estranho acontece, ela parece se inclinar em direção ao One World Trade Center.
NYY: O que você acha do comentário negativo a respeito de seu projeto em relação ao projeto de Foster, e quais são os aspectos positivos ao comparar o novo edifício com o que foi anteriormente planejado?
BI: É uma cidade de milhões, você vai ter um milhão de opiniões diferentes. Eu li muitos comentários positivos também. Mas o que eu acho importante é que, basicamente, quando 11/09 aconteceu, ele criou esse afastamento do distrito financeiro, pelo menos para as empresas financeiras. E então a crise financeira de 2008 aconteceu, esvaziando ainda mais o espaço. Basicamente [a torre de Foster] foi concebida como um banco, com o mesmo pavimento tipo em cada nível, até que apareceram configurações diferentes no topo - que também foi projetado com um sky lobby, o que significa que se você está trabalhando na metade superior do prédio, você precisa trocar de elevador.
NYY: E o seu projeto não possui um sky looby?
BI: Não, você percorre o mesmo caminho até o topo. Se você está trabalhando no 60º andar você não quer trocar de elevador a cada viagem para cima e para baixo. A razão pela qual é tentador propor um sky lobby é que ele permite diminuir núcleo na parte inferior e tem o mesmo núcleo em todo o caminho, mas é ineficiente porque obriga todas as pessoas a trocarem de elevador duas vezes. Eu acho que este fato também pode ter contribuído para que o antigo projeto não fosse construído. Acho que o que nós tentamos fazer foi projetar um edifício que se apresenta de forma diferente; a mudança nas proporções nos pavimentos significa que muitas empresas diferentes com uma série de atividades diferentes poderão acontecer dentro do mesmo edifício.
Ele possui a diversidade de um bairro, em vez de replicar muitas vezes um tipo de laje. E então eu acho que o fato de você ter abundantes espaços ao ar livre significa que não só vamos dissolver a segregação entre um pavimento e outro com os vazios em cascata, onde as pessoas possam ver os seus colegas à até quatro pavimentos para baixo, mas você poderá também expandir o seu trabalho para o exterior, para que possa atender telefonemas ou ter reuniões e almoços nos terraços a 600 pés (182 mts) de altura, sobre a sombra de uma árvore, apreciando o ar fresco.
NYY: Esta seria a primeira torre em Nova Iorque a possuir vários balanços, certo?
BI: Sim. Normalmente as torres contemporâneas possuem pavimentos extrudados, algo interessante no topo e algo interessante na parte inferior. Aqui nós tentamos manter a mesma lógica ao longo de todo o edifício; desde o memorial é uma silhueta muito disciplinada, mas a partir de Tribeca, torna-se um edifício mais ativo e abstrato.
NYY: Quais são os planos para a iluminação, o projeto terá algum esquema icônico?
BI: Estamos começando o desenho esquemático agora.
NYY: Quando você iniciou o processo projetual?
BI: Vamos dizer que em dezembro.
NYY: Quanto espaço destinado ao comércio o projeto terá?
BI: Cerca de 50.000 pés quadrados (15.000 mts quadrados) nos três primeiros pavimentos mais o térreo.
NYY: Como foi traduzir um edifício parcialmente construído em um novo projeto?
BI: Foi um dos principais desafios - situar os espaços em locais predeterminados. É como jogar Twister com uma torre de 1.300 pés (400 mts).
Nós, basicamente, colocamos os núcleos onde eles quiseram apresentamos então a arquitetura da tradução, como eles se distorcem para alcançar uma posição predeterminada; o mesmo acontece com as colunas. Isso significa que o lobby terá uma arquitetura muito expressiva, mas é puramente uma maneira de tentar ligar os pontos.
NYY: Como você trabalha com o clima de Nova Iorque, em relação ao paisagismo do espaço exterior?
BI: Nós estamos procurando criar um paisagismo diferente em cada um dos terraços, com climas exuberantes nos níveis mais baixos, acabando com uma tundra ártica. Você terá diferentes temperaturas médias e condições - nas Highlands, a cada 200 metros ou 600 pés, a temperatura cai cerca de um grau. Assim, a diferença deverá ser de cerca de dois graus [entre o nível superior e o inferior].
NYY: Você pode descrever a fachada?
BI: Para a fachada nós procuramos traduzir dois desejos básicos: transparência externa e interna. Do lado de fora, a textura e os materiais são acolhedores. Ele está de costas para o lado sudoeste, então a partir dessa perspectiva, é uma torre inteira de vidro. Mas a partir do leste ou norte, você pode ver o material do batente. O mesmo acontece quando você olha abaixo - você pode vê-los. A partir do interior criam-se então, dois sentimentos diferentes.
NYY: O telão de notícias estará abaixo?
BI: Sim. Normalmente nos referimos ao telhado como a quinta fachada, mas essa será a sexta fachada, no lado de baixo do edifício. É um edifício muito ativo e animado para o resto da cidade, mas formal para o Memorial. Quanto mais você se afasta, mais ele recria o efeito gêmeo, não por serem dois edifícios idênticos, mas por serem irmãos. Ambos esbeltos a partir do mesmo ângulo, o que significa que o espaço entre eles é paralelo, embora este seja inclinado.
NYY: Você já ouviu falar alguma coisa a respeito do Centro de Artes Performáticas?
BI: Eu acho que os detalhes aparecerão em breve, mas não estamos trabalhando nisso.
NYY: Última pergunta: este será o edifício mais alto você projetará em Nova Iorque?
BI: Só o tempo irá dizer.