Qual é o estado da arquitetura hoje? O que motiva os diferentes arquitetos de todo o mundo a melhorarem as condições dos habitantes do planeta? Se você está na cidade de Chicago durante os próximos meses, estará no centro da discussão do que realmente é arquitetura, o que ela pode e deveria ser no futuro.
A equipe do ArchDaily esteve o final de semana passado na inauguração da Bienal de Arquitetura de Chicago, uma celebração antecipada em uma escala nunca antes vista na América do Norte. Apoiada em grande parte pela própria cidade de Chicago, o prefeito Rahm Emanuel expressou que queria que sua cidade fosse "o centro" da discussão de como a arquitetura pode repercutir positivamente nas cidades de todo o mundo. Em resposta à isso, os curadores José Grima e Sarah Herda revisaram o trabalho de mais de 500 arquitetos de todo o mundo e selecionaram 100 arquitetos de 30 países para "demonstrar que a arquitetura é importante em qualquer escala".
Sob o título "The State of the Art of Architecture," Grima e Herda analisavam os mesmos arquitetos, não para revelar um tema em particular, mas para ressaltar as formas construídas, as estratégias e as especulações que enfatizam o "trabalho do arquiteto". Divididas em sete sedes (he Chicago Cultural Center, Millennium Park, Stony Island Arts Bank, Graham Foundation, 72 E. Randolph, Water Tower Gallery e IIT), importantes arquitetos de renome mundial exibem seus projetos. Algumas das instalações são sérias, outras são mais provocadoras, entretanto, em geral oferecem uma clara imagem dos desafios que enfrenta a produção de arquitetura de hoje.
Deste amplo grupo de participantes, selecionamos 15 projetos mais interessantes, inspiradores e audazes expostos na Bienal deste ano. Eles nos mostram as diversas formas nas quais é possível exercer a arquitetura e ilustram como os arquitetos têm aproveitado a oportunidade de valorizar a prática da arquitetura.
Como introdução à nossa cobertura da Bienal de Arquitetura de Chicago, lhes convidamos a entender melhor os projetos. Estes variam em escala; de um pequeno desenho até a escala real de um protótipo de moradia. Durante os próximos dias estaremos publicando entrevistas com os comissários e os participantes, fique atento a nossa página da Bienal de Arquitetura de Chicago.
SOU FUJIMOTO ARCHITECTS
Architecture Is Everywhere
Com base na ideia da 'arquitetura encontrada', o arquiteto japonês Sou Fujimoto re-contextualiza objetos comuns; um cinzeiro, uma esponja vegetal, caixas de fósforo, batata-frita, bolinhas de ping-pong, etc, habitando-os com pequenas figuras brancas em escala. Um texto na parede explica: "A arquitetura poderia surgir de qualquer lugar. Acredito que o fomento da arquitetura-a-ser, não é em si como uma arquitetura real, mas também é arquitetura". Este "leviano e alegre" enfoque, na realidade obriga a apreciar como a arquitetura pode aparecer de forma inesperada, quase em qualquer parte. Onde há seres humanos, há arquitetura.
GRAMAZIO KOHLER RESEARCH, ETH ZÜRICH + SELF-ASSEMBLY LAB, MIT
Rock Print
Esta instalação de três patas feita com milhares de pequenas pedrinhas, na realidade foi construída por um robô e sem o uso de qualquer adesivo, somente pedras e fio" Esta é a revolução" comentaram os curadores, enfatizando que a tecnologia que criou o Rock Print pode ajudar no desenvolvimento da arquitetura a escala de arquitetura feitas a partir de 'materiais travados'. Em uma cerimônia finisage no final da Bienal, Rock Print será desmontada "desfazendo" os fios que a mantém unida.
ATELIER BOW-WOW
Piranesi Circus
Você não poderá realmente utilizar as escadas, escadas de mão e trapézios feitos pelo Atelier Bow-Wow, mas poderá observar a instalação localizada no pátio desde distintas partes do edifício. Remetendo a Prisão Imaginária de Piranesi, os arquitetos japoneses oferecem uma crítica das "limitações da vida cotidiana", apresentando (inoperáveis) elementos de circulação.
VO TRONG NGHIA ARCHITECTS
S HOUSE
Vo Trong Nghia Architects está em uma missão de entregar moradias em massa, de qualidade, baixo custo e grande duração aos habitantes da área do delta de Mekong. sua S House, construída na escala real em uma galeria do quarto pavimento no Chicago Cultural Center, permite aos visitantes ver e sentir a leve estrutura de aço galvanizado, a planta livre e a cobertura de palha. Com menos de USD $4.000, são mantidos os baixos custos utilizando os mesmos residentes como os construtores dos seus próprios lares.
MOON HOON
Doodle Constructivism
27 detalhados, obssesivos e fantásticos croquis de Moon Hoon revelam estruturas que não podem ser construídas junto a complexos conceitos expressados como arquitetura. Doodle Constructivism nos ajuda a entender não somente o trabalho excepcional de Moon Hoon, mas o faz através de um dos meios mais elementais da comunicação da arquitetura: o desenho.
KÉRÉ ARCHITECTURE
Place for Gathering
Francis Keré utiliza um recurso de origem local (a madeira) para proporcionar uma experiência com aroma natural na entrada do Chicago Cultural Center. Estendendo-se por baixo da linha de visão dos visitantes, "Place for Gathering" (Lugar de Encontro) é, entretanto, inevitavelmente notável por seu odor a um "trabalho em processo': um adequado ponto de abertura para esta primeira Bienal. Trabalhando sobre a preocupação central da arquitetura de Kéré, "a maximização dos recursos locais e facilitar o intercambio de ideias e conhecimentos", sua intervenção exitosamente permite que as pessoas se conectem.
PEDRO&JUANA
Randolph
A instalação Randolph de Pedro&Juana recebe aos visitantes da Bienal com uma paisagem suspensa na cobertura criada por lampadas e contrapesos, complementados por meros móveis de uma 'sala de estar'. O espaço se assemelha a um espaço doméstico destabilizado e em combinação com outros projetos situados na entrada do Chicago Cultural Center, demostra como os habitantes de Chicago podem recuperar e reativar seu espaço público.
RAAAF (RIETVELD ARCHITECTURE-ARTAFFORDANCES)
The End of Sitting – Cut Out
RAAF ativa o espaço que divide com uma pequena loja da Bienal reproduzindo parte do seu exitoso projeto “The End of Sitting”. Estes móveis transformadores atraem de imediato os visitantes para interagirem com os espaços angulares e fissuras, convertendo-se em acolhedores recantos.
MOS ARCHITECTS
House No.11 (Corridor House)
House No.11 de MOS Architects demostra como os corredores podem ser repensados como um modelo espacial que deve ser celebrado e trazidos à tona, não relegado a ser um mero meio de circulação. A configuração destes módulos de corredores cria intrigantes espaços interiores e exteriores. "É repetitivo. Está feito de peças. É casual. Quase familiar. Não é nada particular. Cabe todo ele em um caminhão".
ULTRAMODERNE
Chicago Horizon
Vencedor do Prêmio BP para o Lakefront Kiosk Competition, o leve refúgio quadrado às margens do lago Michigan de Ultramoderne forma parte do legado mais permanente da Bienal de Arquitetura de Chicago. Sob a grande cobertura plana de madeira, os visitantes podem apreciar as vistas ao lago; ou podem subir as escadas para uma vista em forma do horizonte artificial da plataforma.
TOMÁS SARACENO (Berlim, Alemanha)
Este projeto experimenta quatro espaços criados por diferentes aranhas que se adaptaram a um contexto com distintas variáveis, como a música e o tempo. A pesquisa e a arte de Saraceno mostra como a inspiração pode ser encontrada no fascinante espaço manipulado, produto de uma aranha.
URBANLAB
Filter Island
Exposto como parte de 18 ideias concebidas para "Bold: Cenários Alternativos para Chicago", Filter Island do UrbanLab imagina o potencial de um novo desenho do rio de Chicago (represado em vias separadas de água) e os benefícios ambientais de uma ilha que filtra, literalmente, as águas residuais e o escoamento da chuva. "Em vez de ocultar o processo de limpeza da água, Filter Island o revela".
TATIANA BILBAO S.C.
Sustainable Housing
Tatiana Bilbao materializou e quantificou a discussão da moradia acessível, de uma maneira que o público geral (não somente os arquitetos) possam entender e apreciar. Sua proposta em grande escala para Sustainable Housing (Moradia Sustentável) na Cidade do México mostra que a arquitetura não deve ser um luxo reservado as altas esferas da sociedade, mas que é possível ter uma casa cuidadosamente desenhada por menos de USD$15.000.
RUA ARQUITETOS
Cultural Territory: Complexo da Maré
Reagindo contra os olhares estigmatizados das favelas, o modelo do RUA para Maré, no Rio de Janeiro desafia novas ideias sobre as favelas homogeneizadas e convida à crescente influencia artística do distrito em direção a cidade. O modelo apresentado no Centro Cultural foi um trabalho em progresso desde 2013 e inclusive escombros de demolição dos edifícios de Chicago.
BESLER & SONS + ATLV
The Entire Situation
The Entire Situation honra o humilde pino de aço e nos obriga a considerar um edifício de dentro para fora, pedindo um novo exame da estrutura "dentro do domínio da construção, mas também no nível de detalhamento arquitetônico e detalhes". Através da criação de um novo link entre a produção de conceitos arquitetônicos (em programas como BIM) à produção física de modelos a escala 1:1 e protótipos Besler & Sons + ATLV mostram que existem "lacunas literais" a serem exploradas e apreciadas.
Pequena nota: somente porque nossa lista está focada em instalações e projetos que ainda podem ser vistos na Bienal de Arquitetura de Chicago (que se prolongará até 03 de janeiro de 2016) não foi incluso nessa lista "Superpowers of Ten", a altamente elogiada performance de Andrés Jaque.