Na Bienal de Arquitetura de Chicago, o tema escolhido pelos diretores Joseph Grima e Sarah Herda foi deliberadamente amplo em escopo, com a expectativa de que mais de cem expositores trouxessem a sua própria perspectiva sobre o que é "O Estado da Arte da Arquitetura". Mas onde entra nisto uma das missões mais amplamente adotadas na arquitetura do século XXI: a sustentabilidade? Neste artigo, originalmente publicado no Architectstasy como "Chicago Architecture Biennial: The State of the Art of Sustainability" Jessica Letaw analisa cinco projetos que abordam a sustentabilidade no contexto da Bienal de Chicago.
Na primeira bienal de arquitetura da América do Norte, a Bienal de Chicago, sob o tema "O Estado da Arte da Arquitetura", firmas e estúdios de arquitetura de todos os seis continentes habitados foram convidados a mostrar seus trabalhos. Abrangendo todos os tamanhos e tipos de projetos, a Bienal apresenta soluções para problemas de projetos, desde teias de aranha à habitação social.
Os edifícios dos EUA usam cerca de 40% de todo o consumo de energia do país. É uma verdade desconcertante e mesmo que cada novo edifício passe a ser auto-suficiente no consumo de energia e água, o país ainda estaria em um curso intensivo, drenando recursos mais naturalmente disponíveis do que o nosso único planeta pode sustentar permanentemente . Neste ambiente, os arquitetos têm uma responsabilidade especial para educar-se sobre técnicas inovadoras de design sustentável, desde aqueles que têm trabalhado durante milhares de anos até aqueles que, como o título da Bienal sugere, são o estado da arte.
Então, o que a Bienal tem a dizer sobre sustentabilidade? Cinco projetos expostos demonstram diferentes abordagens em cinco escalas diferentes: materiais, edifícios, recursos, cidades e o globo.
Sustentabilidade na Escala dos Materiais
Kéré Architecture, Place For Gathering
Esta instalação tem o sabor refrescante da natureza no hiper-ornamentado Centro Cultural de Chicago, composto unicamente por árvores que foram serradas, aplainadas e empilhadas. De acordo com Kéré, a instalação foi "construída de forma simples, com madeira de origem local" que será encaminhada para projetos locais ao fim da Bienal. Este projeto local, com zero produção de lixo, apresenta uma configuração confortável para as pessoas de todas as idades e habilidades para descansar, conversar e escalar.
Conclusão: Com um planejamento cuidadoso, é possível abordar projetos que tratam ambas fontes de materiais responsáveis e reuso após a utilização. Isto pode ser difícil, mas não é impossível, e este é um exemplo calmamente gracioso de uma abordagem sustentável para o pensamento material.
Sustentabilidade na Escala do Edifício
Vo Trong Nghia Architects, S HOUSE
Casas modulares pré-fabricadas é um dos objetivos primordiais da arquitetura. Não que este produto não exista, mas alcançá-lo é incrivelmente difícil ou extremamente caro.
Este santo graal é exatamente o que Vo Trong Nghia vem cruzando para chegar à Casa S. Concebida como um protótipo para o Delta do Mekong, no Vietnã, este projeto pode ser construído em três horas por trabalhadores não qualificados, onde moradores são incentivados a participar na construção de suas próprias casas, como no Habitat For Humanity.
O que torna este protótipo ainda mais especial é que ele é sensível ao seu ambiente: um kit de peças que trabalha com a sua ecologia local. A casa é um espaço eficiente que resiste às intempéries e possui fontes sustentáveis, como como o aço estrutural galvanizado resistente à ferrugem e bambu, que compõe as paredes externas.
O arquiteto afirma que está no processo de escalar este processo, ele já é produzido em massa no Vietnã e estão trabalhando no desenvolvimento do processo de modo que ele possa ser aplicado no exterior. Na concepção de uma habitação ambientalmente responsável que é quase universalmente acessível, Vo Trong Nghia está mudando o mundo para melhor.
Conclusão: É possível projetar casas de baixo custo, modulares e pré-fabricadas que requerem o mínimo de manutenção em curso, utilizando materiais de origem local.
Sustentabilidade na Escala dos Recursos
UrbanLab, Filter Island
Filter Island (ou Ilha Filtro, em português) procura abordar o sistema sobrecarregado de gestão de água de Chicago, enquanto prevê novas possibilidades cívicas. Mesmo se dirigindo especificamente a Chicago, esta proposta pode ser traduzida para qualquer cidade lutando para melhorar a sua infraestrutura de água envelhecida e insuficiente.
A proposta sugere que Chicago transforme parte da cidade em o que seria funcionalmente uma máquina viva: um sistema de tratamento de água que utiliza uma série de tanques e fitorremediação (plantações) para processar a água no local, sem utilizar a água do sistema hídrico da cidade. Edifícios como o Public Utilities Commission em São Francisco já estão fazendo isso. A partir de uma dependência de recursos passivos e renováveis de energia para a sua máquina viva, o edifício utiliza apenas a energia e a água disponível para a sua pegada física.
Filter Island é uma proposta dramática seus elementos de planejamento urbano (relocação de vários bairros urbanos? Reencaminhamento para o Rio Chicago?) ainda não são práticos, é um exemplo do tipo de pensamento não convencional que serão necessários para resolver os problemas de escassez de recursos do século 21.
Conclusão: Filter Island é um exemplo imaginativo de toda uma cidade sem utilizar água da rede pública em áreas urbanas, que serão cada vez mais uma necessidade, com os mudanças climáticas e o crescimento da população mundial.
Sustentabilidade na Escala das Cidades
Lacaton & Vassal + Druot, IImaginários da Transformação
Quando falamos de projetos de arquitetura, os novos edifícios são geralmente a primeira coisa que vem à nossa mente, mas na realidade a maioria esmagadora lida com edifícios já existentes. Este vídeo representa a resposta para um local ultra específico para um problema comum de preservação urbana. A especificidade da solução dessa equipe a este projeto é, simultaneamente, uma janela sobre a universalidade de sua abordagem.
No início dos anos 2000, os arquitetos Anne Lacaton, Phillippe Vassal e Frédéric Druot realizaram uma ampla pesquisa qualitativa e quantitativa em torno de projetos de habitação social modernistas na França. Usando um edifício em Bordeaux como uma forma de laboratório vivo, eles demonstraram que era possível melhorar substancialmente o desempenho energético e a qualidade de vida dos seus ocupantes, sem necessidade de demolição e substituição. A estratégia é simples, em vez de desperdiçar a energia incorporada no edifício existente, demolir e construir de novo, a equipe propôs uma série de melhorias na fachada e no desempenho energético.
Assim, o edifício dobrou sua eficiência energética e ganhou 66% a mais de espaço, proporcionando espaços privados ao ar livre previamente inexistentes na forma de pátios e varandas.
Conclusão: Às vezes, a solução mais fácil não é a mais correta. Investir mais tempo em uma solução a longo prazo pode resultar em economias significativas no custo, construção e energia.
Sustentabilidade na Escala do Planeta
Gramazio Kohler Research + MIT’s Self-Assembly Lab, Rock Print
Apesar de sua aparência brutal, este é de fato um projeto da era espacial. A equipe trouxe um robô multi-eixo para o Centro Cultural de Chicago, programou-o com um padrão de repetição de quatro quadrantes, com um trajeto longo e contínuo. Começaram, então, a empilhar placas de madeira laminada em torno dele, criando uma fôrma, e foram despejando pequenas rochas. Uma vez que a instalação tinha atingido cerca de dois painéis de altura, removeram cuidadosamente a madeira, resultando em uma coluna de pedra de 2,4 x 2,4 x 4,5 metros que é sólida, mesmo sem adesivos ou argamassa.
Este projeto é profundamente emocionante no que diz respeito à sustentabilidade em duas dimensões: à energia incorporada, e em consideração ao fim de sua vida útil. Pouca energia foi gasta para criar esta estrutura e ainda é uma construção de escala utilizando apenas dois materiais e um design infinitamente repetível. A capacidade de carga da coluna foi testada e resistiu a 2,7 toneladas, e será incrivelmente fácil de desmontar: basta puxar o único agregado, um fio, no comprimento, normal e contínuo que é a estrutura subjacente e a coluna irá se desmontar. As aplicações práticas para isso, como com essa impressora 3D, parecem remotas no momento, mas as suas eventuais implicações para a sustentabilidade, resiliência e edifícios humanitáris são potencialmente enormes.
Conclusão: a primeira construção arquitetônica construída por máquinas robóticas usando apenas pedras e fios, a Rock Print apresenta uma combinação única de conhecimento de arquitetura, fabricação digital e ciência dos materiais.