A arquitetura pode ser construída com elementos comprimíveis e com elementos tensionados, mas poucos materiais têm a capacidade de serem esticados e também resistir a esforços de compressão. Em um novo projeto dos alunos Soulaf Aburas, Maria Velasquez, Giannis Nikas e Mattia Santi, da Architectural Association DRL, um destes materiais - policaprolactona, um poliéster biodegradável - é usado para criar uma estrutura para pavilhões e instalações temporárias. Construído por braços robóticos programáveis, o produto resultante é um mono-material autoportante sem junções que lembra visualmente a estrutura dos ossos, rendendo ao projeto o nome de Osteobotics.
Este estudo sobre o potencial arquitetônico da robótica começa com as propriedades do material escolhido para o projeto. A apenas 60°C, a policaprolactona apresenta um baixo ponto de fusão. Nesta temperatura, a estrutura do material se desfaz em uma consistência suave e pegajosa que lembra um caramelo, permitindo que o poliéster seja esticado na forma desejada e, então, enrijecido com um spray de resfriamento. O método Osteobotics usa um braço robótico para esticar uma deposição triangular do material entre nós tetraédricos, uma forma determinada que segue múltiplos experimentos de diferente padrões, nós e alturas. Ao passo que um braço robótico deposita o material, outro opera o spray de resfriamento.
Mas a maleabilidade constitui apenas parte da escolha do material do projeto. A policaprolactona é também um material reciclável, completamente biodegradável. Segundo a equipe de projeto, a arquitetura e a construção civil são responsáveis por "setenta porcento da produção de resíduos em Londres". E com 1.418 construções acontecendo atualmente na cidade, deve-se ter mais responsabilidade na escolha dos materiais das estruturas temporárias. Osteobotics soluciona esta questão, já que assim que um pavilhão é desmontado, ele pode ser derretido e usado para criar novas estruturas, ou simplesmente ser biodegradado.
A estrutura treliçada de Osteobotics requer cálculos precisos de ângulos, comprimentos e orientação dos nós para criar a rede geométrica. Como resultado, e para facilitar e agilizar a construção, os pavilhões são construídos com unidades pré-fabricadas para que a montagem no local necessite apenas de uma pistola de calor para unir as superfícies. Uma vez resfriadas, as unidades trabalham juntas em um sistema estrutural. Este processo, que faz uso de materiais leves, permite criar longos vãos e amplos espaços.
Apesar dos testes iniciais realizados pelos estudantes, a durabilidade destes pavilhões é incerta. Testes mais profundos devem ser feitos para provar a viabilidade arquitetônica do sistema, mas graças à sua maleabilidade e natureza biodegradável, não é exagero dizer que o Osteobotics poderá em breve ser aplicado para propósitos mais práticos.
Nome do projeto: Automated Robotic Fabrication for Temporary Architecture
Nome da equipe: Osteobotics
Membros da equipe: Soulaf Aburas, Maria Velasquez, Giannis Nikas, Mattia Santi
Orientador: Shajay Bhooshan
Ano: 2013-2015
Instituição: London, AADRL, Architectural Association School of Architecture
Créditos: Vishu Bhooshan, Theodore Spyropoulos