Em parceria com o Centro pesquisas urbanas responsável pela Revista Centro, e editada por Gabriel Kogan (arquiteto e jornalista), Guilherme Giufrida (antropólogo) e Rodrigo Villela (editor), semanalmente publicaremos fragmentos da publicação online gratuita que propõe uma intersecção de áreas do conhecimento como arquitetura, arte, literatura e ciências sociais.
Assim como os portugueses não gostam muito de falar sobre o Álvaro Siza, os arquitetos brasileiros não gostam de falar do Oscar Niemeyer. Mas começamos por aqui. Você sempre faz referências a Niemeyer. Como nasce o seu fascínio por ele?
Manuel Aires Mateus: Visitei um projeto de Niemeyer pela primeira vez em Belo Horizonte, na Pampulha, e fiquei impressionado com seu discurso arquitetônico de independência, de liberdade; diferente de tudo que havia sido feito até aquele momento na história. Mais do que falar sobre o conjunto completo de edifícios de Niemeyer, é necessário olhar algumas coisas em particular, principalmente até Brasília. É fascinante, nessas obras, sua capacidade de resumir aquilo que é determinante em cada projeto. Niemeyer foca em alguns elementos centrais e o resto é deixado como uma espécie de vazio. Temos apropriações do tempo mais rápidas, mas, para a história, ficará só aquele primeiro gesto, que dura materialmente e que também durará como ideia.
E sobre o interesse particular por um projeto nunca construído de Niemeyer, a Casa Rothschild – por um tempo bastante desconhecida. Qual é a relação da obra de vocês ela?
Manuel Aires Mateus: Foi uma casualidade tropeçarmos na Casa Rothschild porque ela foi pouco publicada. Numa página de um livro, vimos os desenhos à mão. Havia qualquer coisa lá sobre a ideia de fechar um canto; de, no infinito, determinar o limite e, depois, ter liberdade geométrica por dentro. Essa ligação entre as duas coisas é forte: por um lado, dizer que há um pedaço de terra, um pedaço do mundo, que deixa de ser utilizado; por outro, há a liberdade do gesto, no desenho do pátio ou da piscina. Esse partido foi determinante para estudarmos a casa. Tentamos refazer o projeto a partir daqueles desenhos à mão e fizemos até uma maquete dele.
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Entrevista realizada por Gabriel Kogan & Renata Mori com Colaboração de Rodrigo Villla