Este artigo é parte da nossa nova série "Material em Foco", onde os arquitetos compartilham conosco o processo de criação através da escolha de materiais que definem parte importante da construção de seus projetos.
Na zona rural da Catalunha, nos arredores da pequena cidade de Alforja, está uma paisagem incongruente: entre as casas de pedra masia dispersas, há uma estrutura de aço e vidro, uma caixa retilínea resolutamente entre as formas tradicionais de habitação. Mas, uma vez dentro da casa OE House, projetada por Fake Industries Architectural Agonism e Aixopluc, percebe-se que o edifício não é tão diferente dos seus vizinhos: no piso superior, o teto incorpora um sistema de abóbadas de cerâmica, com design quase vernacular. Este recurso, em seguida, combina com a madeira compensada e painéis de OSB para criar uma paleta de materiais eclético. Conversamos com o arquitetos do projeto, David Tapias, do Aixopluc e Cristina Goberna e Urtzi Grau, do Fake Industries Architectural Agonism, para descobrir o que está por trás dessas escolhas de materiais incomuns.
Quais foram os principais materiais utilizados no projeto?
Como a demanda inicial da OE era construir duas casas, uma para o verão e uma para o inverno, uma em cima da outra, ficou claro desde o início que seria necessário aplicar materiais totalmente diferentes nos dois ambientes. Na casa de verão, usamos materiais mais baratos, como OSB e policarbonato, para que pudéssemos economizar para as a casa de inverno, onde colocamos abóbadas de cerâmica catalã e placas de okume, que dão o conforto e intimidade necessária para a estação mais fria. No entanto, o principal material para a casa de verão é a corrente de ar. Para o andar de inverno, foi o calor do sol.
Em termos de materiais, quais foram suas maiores fontes de inspiração e influência ao selecionar os materiais finais?
Para este projeto em particular, as influências o peso da Maison Jaoul e a leveza e abertura das primeiras "Case Study Houses", além do entorno, das pedras, dos tijolos cerâmicos feitos à mão nas proximidades e reciclando o solo escavado para o telhado verde.
Descreva como as decisões de materiais influenciaram o conceito do projeto.
A grande crise econômica na Espanha foi, paradoxalmente, uma oportunidade para expandir opções de materiais. Como temos que ter sempre, pelo menos, dois "planos A" para cada solução de construção, para cobrir imprevistos, se o material A1 não está disponível, usamos o material A2. Se a empresa que iria construir o sistema A3 fechar, usaremos o sistema A4. Isto permitiu que a casa não só sobrevivesse o processo de construção lento, e por vezes difícil, mas que na verdade melhorasse durante estes tempos incertos.
Quais foram as vantagens que estes materiais ofereceram na construção do projeto?
A disponibilidade. Usar materiais padrão tem sido fundamental durante a crise econômica, quando falta de estoque é um problema. E também a proximidade. Nós escolhemos fontes próximas de materiais não-padrão ou artesanais, para sermos parte do processo de produção.
Vocês consideraram outros materiais para o projeto e, em caso afirmativo, como isso teria mudado o projeto?
Nas fases iniciais, cada conceito tem um sistema de material associado. Em algum momento nós pensamos em construir as casas de inverno e verão com dois sistemas de estrutura independentes, explorando uma continuidade impossível entre eles. Quando o projeto seguiu em frente, alguns deles foram descartados e então desenvolvemos uma estrutura de aço que contém ambos os ambientes opostos.
Como vocês pesquisaram e selecionaram os fornecedores para os materiais utilizados em seu projeto?
Nossos materiais, fornecedores e prestadores de serviços foram pesquisados simultaneamente. Começamos pelos locais, e quando não estavam disponíveis, procuramos mais longe.
OE House / Fake Industries Architectural Agonism + Aixopluc
See the project in full on ArchDaily.
