Como parte da cobertura do ArchDaily Brasil na Bienal de Veneza 2016, apresentamos uma série de artigos escritos pelos curadores das exposições e instalações à mostra no evento.
Nosso relato é uma reflexão sobre as lições aprendidas projetando e revisitando edifícios para as pessoas com demência. Os visitantes entram no nosso espaço no final do Arsenale através de uma abertura nas paredes divisórias. A sala é escura, em contraste com o brilho projetado no chão. O piso acomoda um desenho animado, de 4,8 m x 6,4 m, do Centro Respite de Alzheimer. O desenho é dinâmico, com múltiplas mãos projetadas movendo-se através do plano do chão, enquanto criam fragmentos de um plano. Eles se fundem e se sobrepõem. Essas mãos representam dezesseis indivíduos que habitam uma série de salas no Centro do Alzheimer. A projeção consistentemente trabalha a clareza de uma planta completa, mas fica aquém de alcançá-la.
Caixas de som suspensas criam uma paisagem sonora, consistindo dos sons físicos do ato do desenho em si, em camadas com conversas murmuradas; sons de chuva e do mar; ruídos cotidiano - uma chaleira fervendo, crianças brincando, pessoas comendo - e sinos de igreja.
Esta instalação é uma tentativa de comunicar e interpretar algumas das mudanças para a percepção espacial causada pela demência. A fim de compreender estas mudanças, temos lido, pesquisado e questionado. Temos falado com uma ampla gama de pessoas - neurocientistas, psicólogos, trabalhadores de saúde, filósofos, antropólogos, pessoas com demência e suas famílias - sobre a demência, o cérebro, e o papel do projeto no tratamento. Essas conversas são gravadas e estão em nosso website.
Estamos interessados na função social da arquitetura: como ela pode melhorar a vida das pessoas com demência. Além disso, esperamos que nossa pesquisa sobre o impacto da condição na cognição espacial irá equipar-nos com uma compreensão mais profunda de como todas as nossas mentes interpretam o espaço.
Nosso projeto também destacou as deficiências do plano arquitetônico tradicional: um habitante nunca pode experimentar o edifício do ponto de vista completo e fixo do arquiteto. Essa desconexão é particularmente evidente se o morador tem a doença de Alzheimer, e perdeu a capacidade de usar memória e projeção para ver além de sua situação imediata e criar um modelo estável de seu ambiente. Nossa animação projetada tenta corrigir este aspecto, trabalhando para desenvolver uma técnica para desenhar a construção da perspectiva da habitação.
O processo tem sido colaborativo, contando com as habilidades de um animador, um compositor, especialistas em audiovisual, designers gráficos e muitos autores. Temos consultado pessoas com demência para termos o feedback sobre o design do website. Temos planejado, testado e adaptado a nossa técnica de desenho com os nossos colaboradores de elaboração. Às vezes, tivemos que projetar ferramentas de produção, tais como mesas de vidro para gravar o processo de desenho. Tivemos de aceitar um certo nível de imprevisibilidade e incerteza quanto ao produto acabado, talvez como consequência da tentativa de representar um estado cognitivo que é apenas parcialmente entendido, usando um meio que estamos desenvolvendo através de iterações e experiências.