Como fundador do "do tank" Elemental, o arquiteto chileno Alejandro Aravena (nascido no dia 22 de junho de 1967) talvez seja o arquiteto mais socialmente engajado a receber o Prêmio Pritzker recentemente. Distanciando-se de uma abordagem puramente estética, Aravena explica: "não achamos que somos artistas. Arquitetos gostam de construir coisas que são únicas. Mas se algo é único, ele não pode ser replicado, então, em termos de servir muitas pessoas em muitos lugares, o valor é próximo a zero."[1] Para Aravena, o principal objetivo do arquiteto é melhorar o modo de vida das pessoas ao abordar tanto as necessidades sociais e desejos humanos, como as questões políticas, econômicas e ambientais.
Nascido em Santiago, Aravena se formou na Universidad Católica de Chile em 1992. Quando lecionava na Harvard University entre 2000 e 2005, encontrou o engenheiro Andres Iacobelli, com quem fundou o Elemental com o objetivo de desenvolver a habitação social no Chile. Entre 2010 e 2015 foi jurado do prêmio Pritzker e após este período foi laureado com o Prêmio em 2016.
Recentemente, foi convidado a ser curador da Bienal de Veneza deste ano - que tem como tema "Reporting from the Front" - onde convidou os participantes a exibirem projetos que abrangem outros campos de ação: crise habitacional, migração, favelização, resíduos, desastres naturais, entre outros.
Entre seus projetos mais emblemáticos está o conjunto Quinta Monroy, onde implementou pela primeira vez a estratégia das "moradias incrementais". Em vez de criar casas em fila ou isoladas no lote, Aravena procurou criar uma "meia casa" de qualidade com o mesmo custo, assim, com o tempo, as famílias poderiam construir a outra metade de acordo com as suas necessidades.
Aravena posteriormente desenvolveu a ideia de moradia incremental nos projetos de Lo Barnechea, Monterrey e Villa Verde. Este último concluído após o terremoto e tsunami de 2010 que destruiu a cidade de Constitución.
Além de habitações sociais, Aravena desenvolveu edifícios para universidades e prefeituras em que demonstra sua habilidade de interpretar um contexto e compreender quais os recursos disponíveis. No Centro de Inovação UC, o arquiteto questionou a necessidade das peles de vidro em edifícios de escritórios. Como solução, Aravena inverteu a tipologia e criou uma envoltória maciça que garante o conforto térmico nos ambientes internos.
De modo geral, Aravena mostra como a qualidade do projeto não depende necessariamente do orçamento, mas do significado intrínseco do projeto. Atenção aos recursos disponíveis pode garantir um resultado sustentável, como prova o arquiteto quando projeta formas que respondem aos potenciais da natureza, ao senso comum e à auto-construção.
Referência:
[1] Michael Kimmelman. "Alejandro Aravena, the Architect Rebuilding a Country" 23 de maio de 2016. New York Times. Acessado em 15 Jun 2016. <http://www.nytimes.com/2016/05/23/t-magazine/pritzker-venice-biennale-chile-architect-alejandro-aravena.html>