O primeiro arranha-céu feito em madeira de Londres pode estar mais próximo da realidade após pesquisadores apresentarem ao prefeito de Londres, Boris Johnson, uma proposta conceitual de uma torre de 80 andares e 300 metros de altura feita em madeira para a região de Barbican.
O escritório PLP Architecture está trabalhando com pesquisadores do Departamento de Arquitetura da Universidade de Cambridge e os engenheiros Smith e Wallwork para desenvolver o futuro das construções de madeira em altura no centro de Londres.
O uso da madeira como material estrutural em edifícios altos é uma área de grande interesse por possuir diversos benefícios potenciais emergentes: o mais óbvio é o fato de ser um recurso renovável, ao contrário dos métodos de construção em vigor que utilizam concreto e aço. A pesquisa também está investigando outros benefícios potenciais, tais como redução de custos e melhoria dos prazos de construção, aumento da resistência ao fogo e redução significativa no peso total dos edifícios.
As propostas conceituais atualmente desenvolvidas criariam mais de 1.000 novas unidades residenciais em 90 mil metros de torres de uso misto e terraços no centro de Londres, integrados dentro do Barbican.
Dr. Michael Ramage, diretor do Centro de Inovação em Materiais Naturais de Cambrigde, disse: "O Barbican foi concebido em meados do século passado para trazer vida residencial à cidade de Londres - e foi bem sucedido. Nós colocamos as nossas propostas no Barbican como uma maneira de imaginar como pode ser o futuro da construção no século XXI.
"Se Londres for sobreviver ela precisa se densificar cada vez mais. Acreditamos que as pessoas sentiriam uma maior afinidade com edifícios mais altos feitos em materiais naturais, em vez das torres em aço e concreto. Parte-se da premissa fundamental de que a madeira e outros materiais naturais são vastamente subutilizados e nós não damos crédito suficiente. Quase todos os edifícios históricos, desde a King’s College Chapel até o Westminster Hall, têm feito uso extensivo da madeira ".
Kevin Flanagan, colaborador do escritório PLP Architecture disse “Nós vivemos predominantemente nas cidades e por isso estas propostas foram concebidas para melhorar o nosso bem-estar em um contexto urbano. As construções de madeira têm o potencial arquitetônico para criar uma experiência urbana mais agradável, relaxada, sociável e criativa. Nossa empresa está atualmente desenvolvendo muitos arranha-céus de Londres e o uso da madeira poderia transformar a maneira como construímos esta cidade. Estamos muito animados para trabalhar com a Universidade e com Smith e Wallwork nesta pesquisa inovadora ".
A pesquisa das construções de madeira em altura também analisa a criação de novos potenciais de projeto em vez de simplesmente copiar as formas de aço e concreto. A transição para a construção em madeira pode ter um impacto positivo em ambientes urbanos e forma construída, oferecendo oportunidades não só para repensar a estética dos edifícios, mas também as metodologias estruturais.
Assim como grandes inovações em aço, vidro, concreto revolucionaram os edifícios nos séculos XIX e XX - a criação de novas tipologias como o Crystal Palace de Joseph Paxton e as arcadas parisienses descritas por Walter Benjamin - as inovações na construção em madeira poderiam levar a experiências inteiramente novas na cidade do século XXI.
O tipo de madeira utilizada nesses novos edifícios é considerada como um «cultivo». A quantidade de floresta de cultivo no mundo está atualmente em expansão. O Canadá por si só poderia produzir mais de 15 bilhões de metros cúbicos de floresta nos próximos 70 anos, o suficiente para abrigar cerca de um bilhão de pessoas.
Simon Smith do Smith e Wallwork engineers disse: "A madeira é o nosso único material de construção renovável e na sua forma moderna de engenharia pode trabalhar ao lado do aço e concreto para estender e regenerar as nossas cidades. É apenas uma questão de tempo até que o primeiro arranha-céu de madeira seja construído ".
Atualmente, o edifício mais alto do mundo feito em madeira é um bloco de apartamentos de 14 andares em Bergen, na Noruega. As propostas apresentadas para Johnson incluíram conceitos para uma torre de madeira de quase 300 metros de altura, que se tornaria o segundo edifício mais alto em Londres após o The Shard.
Dr Ramage acrescentou: "Nós projetamos a arquitetura e engenharia e demonstramos que vai se manter em pé, mas esta é a uma escala que ninguém tentou construir antes. Estamos desenvolvendo uma nova compreensão de desafios principais na estrutura e na construção. Há muito trabalho pela frente, mas estamos confiantes para enfrentar todos os desafios diante de nós. "
Talvez a preocupação mais óbvia para potenciais moradores de casas construídas em madeira é o risco de incêndio. No entanto, a equipe envolvida no projeto disse que o edifício proposto acabaria por atender ou superar todos os regulamentos de incêndio existentes atualmente em vigor para os edifícios em aço e concreto.
Uma pesquisa recente mostrou também que os edifícios de madeira podem ter efeitos positivos sobre a saúde do seu usuário. Alguns estudos recentes mostraram também que as crianças ensinadas nas escolas com estruturas de madeira podem ter um melhor desempenho do que naquelas feitas em concreto.
Os projetos para o Barbican são os primeiros de uma série de arranha-céus de madeira desenvolvidos pela Universidade de Cambridge, em associação com arquitetos de renome mundial e engenheiros estruturais com financiamento do Conselho de Pesquisa em Ciências Físicas e Engenharia do Reino Unido.
Enquanto isso, PLP Architecture vai colocar a ideia em prática. Eles estão atualmente trabalhando em um projeto, feito em madeira, com uma altura de 130 metros, na Holanda.