Sob a curadoria de Jorn Konijn, Nitsche Arquitetos foi convidado para revisitar a obra do Superstudio, grupo fundado em 1966, na Itália, que fazia parte da vanguarda arquitetônica de seu tempo. Os italianos traziam à tona novas formas de imaginar os espaços e através de suas representações formulavam grandes críticas políticas e urbanas, questionando o estilo de vida e o que era produzido na época. Talvez "Monumento Contínuo" seja a obra mais celebrada deste grupo, e é exatamente esta a escolhida para ser revistada pelo escritório de arquitetura paulistano, que faz uma releitura inserindo o "grid" na realidade paulista.
Veja o texto e as imagens do projeto, junto de fotografias de sua exposição, a seguir.
"Se o design é meramente um incitamento ao consumo, então devemos rejeitar o design. Se a arquitetura é meramente a codificação do modelo burguês de sociedade, então devemos rejeitar a arquitetura.Até que todas as atividades de design sejam voltadas para a satisfação de necessidades primárias, o design deve desaparecer. Nós conseguimos viver sem arquitetura."
Adolfo Natalini, SuperStudio, 1971
Superstudio foi um estúdio radical de arquitetura fundado na Itália por Adolfo Natalino e Cristiano Toraldo Di Francia, exatamente 50 anos atrás. O estúdio é conhecido, principalmente, pelo conceito de Monumento Contínuo, um grid que, ao criar um espaço neutro, era colocado sobre uma paisagem existente. Este grid representava um espaço esparso, mas funcional e livre para todos, além de, adicionalmente, criticar os absurdos do planejamento urbano contemporâneo.
O Superstudio tornou-se muito conhecido também por suas colagens poderosas e repletas de significado que ressoam entre arquitetos até os dias de hoje. São imagens oníricas que ilustram suas ideias sobre o futuro da política, da mobilidade e do morar.
Cinquenta anos depois, as ideias do Superstudio continuam sendo extremamente relevantes. Em um momento no qual a polarização é norma e as nuances cada vez mais raras, a exposição Superstudio Revisitado recria o grid neutro e atualiza suas colagens para a sociedade brasileira atual. Essas novas imagens ilustram a crescente complexidade de problemas que arquitetos e designers vêm enfrentando, seja em 1966 ou 2016.
As contradições e problemáticas da cidade de São Paulo servem como pano de fundo para as colagens. As enormes estruturas minimalistas contrastam com a arquitetura caótica dos edifícios. Os grandes planos cruzam uma cidade segregada. A desigualdade social ganha forma e fica evidente no encontro das favelas com os condomínios de luxo. O espaço público é subvertido, as vias de automóveis viram área de lazer e local de manifestações enquanto as calçadas e praças servem de leito para os moradores de rua. O potencial hidrográfico dos rios e córregos foi negado durante o planejamento urbano da cidade, uma cidade que cresce desordenadamente e se reinventa a todo instante.
FICHA TÉCNICA
Autores: NITSCHE ARQUITETOS + JORN KONIJN
Curadoria: Jorn Konijn
Assistente de Curadoria: Francesca Tedeschi
Set Design: Nitsche Arquitetos e Jorn Konijn
Fotomontagens: Nitsche Arquitetos
Fotos originais: Joana França, Nelson Kon, Nitsche Arquitetos
Agradecimentos: Patrícia Auerbach, Paola Tedeschi, Divinal Vidros e Portobello Shop
Fotos exposição: NITSCHE ARQUITETOS E MASSIMO FAILUTTI