Caminhar pela cidade não é apenas uma forma de conhecer os espaços urbanos, mas um estímulo a uma vida mais ativa. Para isso, é preciso que a rua seja atrativa para os pedestres. E a obesidade, doença que já afeta grande parte dos países desenvolvidos, é uma das questões que podem ser em parte solucionadas pelo desenho urbano.
Uma das formas de fazer isso é fomentar o uso misto do solo, um dos princípios do Desenvolvimento Orientado para o Transporte SustentáveL (DOTS), e reunir trabalho, comércio, serviço e lazer no mesmo espaço. Assim, as pessoas têm a possibilidade de abrir mão do carro para chegar até os lugares onde precisam ser atendidas, vivendo os ambientes mais ativamente.
Sabe-se que não é viável dispor em uma mesma área tudo de que as pessoas precisam para satisfazer suas necessidades cotidianas. No entanto, segundo artigo publicado no site da Forbes, é possível desenhar as cidades de forma que o transporte coletivo atenda os trajetos que não puderem ser feitos a pé ou de bicicleta. “Conectar os bairros com transporte ativo ou coletivo aumenta o nível de atividade física das pessoas”, disse em entrevista ao veículo David Osrin, professor de Saúde Global da Universidade College London. Prova disso é que os países em que a maioria das pessoas já aderiu ao transporte ativo também são aqueles com os menores índices de obesidade.
Quando é possível percorrer os caminhos a pé, a tendência é abandonar o carro. No entanto, é preciso que os projetos urbanos deixem de ser centrados nos automóveis. Cidades em desenvolvimento muitas vezes crescem de forma espraiada, criando longas distâncias e onerando a população com esses deslocamentos. Para Tim Chen, autor do artigo, esse movimento incentiva o pensamento dependente do transporte motorizado: “Além de desencorajar atividades físicas em um estilo de vida já sedentário, a ênfase exagerada no carro traz outras questões como a poluição e seus efeitos na saúde da população. O uso misto do solo, então, pode combater a obesidade ao incentivar um novo comportamento. Se as escolhas podem ser moldadas pelo ambiente em que elas são feitas, logo, as pessoas podem se tornar viajantes mais ativos”, defende.
Como solução para o problema, o objetivo não é criar inúmeras áreas isoladas tampouco acabar com o transporte motorizado. A proposta é desenvolver comunidades urbanas que permitam que as pessoas caminhem e consigam resolver suas necessidades de forma mais rápida e ativa. A missão é tornar viável a escolha pelo transporte ativo e, assim, mostrar às pessoas a influência do desenho da cidade em uma vida mais leve e saudável. “O que as pessoas escolhem comer é resultado de uma série de variáveis. E o ambiente em que vivemos é um denominador comum entre elas. Seja qual for a estratégia de desenvolvimento das cidades, deve incluir o desenho do espaço onde vivemos e fazemos nossas escolhas”, conclui Chen.
Publicado originalmente em The CityFix Brasil, com o mesmo título, em outubro de 2016.