O que um prédio com 5 mil funcionários pode fazer pela mobilidade urbana de São Paulo? Saiba que ele ou qualquer outro de menor ou maior tamanho pode dar início a uma transformação no trânsito do principal centro financeiro da América do Sul. Pensando nisso, o WRI Brasil Cidades Sustentáveis organizou a ação No Pedal para o Trabalho, em parceria com a CBRE e o Eldorado Business Tower, local onde ocorreu o evento.
Transformar a rotina e os hábitos de uma população pode começar com ações simples. Incentivar as pessoas a escolhas mais sustentáveis no dia a dia ajuda a tornar qualquer cidade mais sustentável. A mobilidade urbana pode ser um dos principais vetores de mudanças nos grandes centros urbanos. Pensar em alternativas mais eficientes para a maneira com que as pessoas se locomovem diariamente precisa ser uma preocupação dos próprios locais de trabalho, um conceito chamado de mobilidade corporativa.
O Eldorado Business Tower é um prédio comercial localizado em um dos principais pontos da capital paulista, na Avenida das Nações Unidas, no bairro Pinheiros. O edifício é ocupado por 27 empresas e tem 1800 vagas de estacionamento para carros. O bicicletário foi recentemente requalificado e, hoje, conta com aproximadamente 40 vagas. Os vestiários tem armários de utilização rotativa e prolongada, suportes para bicicletas, controle de acesso ao local, que proporciona segurança dos objetos deixados no local, e fácil acesso.
No dia 28 do mês passado, os funcionários que usaram a bicicleta para ir trabalhar puderam aproveitar uma oficina gratuita de reparos das magrelas, e ainda vagas extras no bicicletário, que foram montadas para o evento. “Minha vida mudou muito quando eu comecei a vir de bicicleta. Antes, de carro, eu demorava 1 hora e 20 minutos para chegar, 1 hora se estivesse com sorte. De bicicleta, eu levo 30 minutos ou 40 minutos, no máximo”, contou Carolina Plata, Analista de Assuntos Regulatórios da Hershey’s Brasil, que trabalha no edifício e pedala ao trabalho há cerca de um ano.
O Analista de Mobilidade Urbana do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, Bruno Almeida, participou da ação e conversou com participantes que relataram não pedalar há 1 ano. “Muitas pessoas que participaram do evento de hoje passaram a vir de bike depois da reforma, mas também conversei com um funcionário que não vinha de bike há um ano. Devido ao tempo parado, a bicicleta estava precisando de uns reparos e ele acabou deixando ela de lado. Hoje, com o evento e a oficina de bikes ele aproveitou para fazer reparos na magrela e retomar o velho hábito”, contou Almeida.
A Gestão de Demanda de Viagens (GDV, do inglês Transport Demand Management, TDM) é a prática responsável por racionalizar a maneira com que os funcionários de uma organização de deslocam. Junto a um plano de mobilidade corporativa, a política pode abranger estratégias diversas como a própria promoção do uso da bicicleta, ou ainda incentivo às caronas, aos carros compartilhados, possibilitar ônibus fretados, permitir jornadas flexíveis ou até teletrabalho.
No caso do Eldorado Business Tower, a simples infraestrutura dedicada aos ciclistas foi determinante para a troca modal de Danilo Vivan, gerente de comunicação estratégica da BRAiN – Brasil Investimentos & Negócios: “Trabalhar de bike para mim já é um hábito há mais de 4 anos. No início, eu pedalava apenas uma vez por semana, no dia do meu rodízio. Quando vim trabalhar neste prédio, em 2011, vi que tinha uma estrutura muito boa, muito completa para quem vem trabalhar pedalando e passei a usar a bike com mais frequência”. Vivan pedala ao trabalho há 4 anos, quase todos os dias, de 3 a 4 vezes por semana, 24 km, 12 km na ida e 12 km na volta para a casa.
Para auxiliar no processo de criação de uma política de mobilidade e guiar as organizações, o WRI Brasil Cidades Sustentáveis desenvolveu a publicação Passo a Passo para a Construção de um Plano de Mobilidade Corporativa. O documento traça um roteiro detalhado com os sete principais passos a serem tomados por aquelas empresas que reconhecem a importância do tema e querem tomar iniciativas. As atividades propostas se aplicam a locais de trabalho já consolidados, bem como a organizações novas, realocadas, que estão se expandindo ou à procura de novos locais, independentemente de seu tamanho ou tipo de atividade desenvolvida.
A publicação é fruto das diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), lei que entrou em vigor em 2012, com o intuito de guiar as ações políticas para qualificar a mobilidade urbana em todo o território nacional, dando prioridade para os transportes coletivo e não-motorizado em detrimento ao uso desmedido do veículo particular.