Como projetar banheiros escolares mais seguros, confortáveis e inclusivos

Northwood Elementary School no distrito de Mercer Island. Imagem © Benjamin Benschneider

Este artigo foi originalmente publicado pela Metropolis Magazie como "Why Architects Must Rethink Restroom Design in Schools."

Banheiros coletivos, em que uma fileira de vasos sanitários é instalada no lado oposto a uma fileira de chuveiros, designados a homens ou mulheres, têm sido a regra em instalações educacionais ao longo dos últimos cem anos. Eles envolvem encanamento, exaustão mecânica e custos de instalação previsíveis. As portas encurtadas e as paredes de divisórias permitem o monitoramento passivo dos usuários.

Renunciar a este modelo de casa de banho tradicional é assustador, já que banheiros individuais podem aumentar significativamente os custos com encanamento, ventilação, divisórias, portas e louças adicionais. Esses projetos também exigem mais espaço. Além disso, escolas públicas normalmente têm orçamentos limitados, instalações pré-estabelecidas e práticas sociais profundamente enraizadas.

É por isso que a iniciativa apresentada pela Grant High School em Portland, EUA, é tão extraordinária. Em 2013, a escola tinha 10 alunos que se identificavam abertamente como transgêneros. Para evitar a possibilidade real de que eles abandonassem a escola devido à falta de segurança, os administradores designaram quatro banheiros de estudantes e dois banheiros de funcionários - individuais com banheiro, pia e espelho - como inclusivos para todos os gêneros. Os banheiros se tornaram imediatamente populares entre todos os estudantes no Grant HS, transgêneros ou não, que gostavam da privacidade oferecida por estas instalações individuais.

Com um projeto de renovação em vista, a prefeitura percebeu que oferecer as mesmas opções de banheiro para todos os 1700 estudantes seria essencial.

A solução encontrada pelo escritório Mahlum para a escola Grant HS centrou-se em substituir todos os banheiros coletivos por instalações individuais com portas totalmente fechadas que se abrem para um espaço compartilhado para lavatórios e bebedouros. Mictórios não serão instalados. Dois pontos de entrada e saída eliminam a sensação de entrar em uma "sala sem saída", aumentando a segurança. Marcado com uma simples representação pictórica de um banheiro, em vez do tradicional "ele" e "ela", o banheiro é aberto para uso de todos. Quando a renovação for concluída em 2019, a Grant HS se tornará a primeira escola da região - e uma das poucas dos EUA - a ter todos os banheiros individualizados.

Solução de projeto para a Grant High School em Portland. Cortesia de Mahlum

Para a nova escola primária Northwood no distrito de Mercer Island, o mesmo escritório também abandonou os banheiros coletivos e, em vez disso, instalou banheiros individuais em diversos pontos de cada pavimento. Esta solução aumenta a flexibilidade do programa e reduz o tempo perdido para as transições do banheiro. Uma vez que o Distrito pretende manter os banheiros abertos e disponíveis para todos os alunos, a solução maximiza a equidade das instalações, o que é especialmente útil para os jovens estudantes que estão aprendendo a estabelecer relações sociais e se encaixar entre seus semelhantes. 

As instituições de ensino superior podem implementar projetos de banheiros igualitários mais facilmente, já que os usuários são mais velhos, mais diversificados e, possivelmente, mais abertos.

Banheiro inclusivo na Universidade do Oregon. Cortesia de Mahlum

O desejo de projetar banheiros individuais e inclusivos pode encontrar bloqueios nos códigos de construção que ainda são bastante rígidos. As jurisdições locais dos EUA têm autoridade legal limitada e não podem promulgar mudanças de código, ou seja, aos novos projetos só resta seguir à risca a legislação. À medida que a sociedade exige um projeto de banheiro mais equitativo, a indústria da construção civil deve exigir mudanças de código em grande escala que permitam "caminhos alternativos" para atender ao desejo do público. 

Embora o movimento transgênero esteja lançando luz sobre o assunto, a privacidade do banheiro abrange um grupo muito mais amplo, incluindo famílias com crianças pequenas, idosos, pessoas com mobilidade reduzida ou com problemas de saúde. Melhorar a equidade através da privacidade é um direito humano básico que as instituições de ensino primário, secundário e superior podem defender através de soluções projetuais mais inteligentes. 

À medida que os arquitetos lutam para compreender as necessidades da comunidade e a superar normas antiquadas, devemos encontrar rapidamente um novo vocabulário de design, inclusive iconografia e diretrizes legais, para refletir sobre as melhores práticas. E, acima de tudo, devemos colocar a igualdade e a dignidade humana no centro dessas discussões.

JoAnn Hindmarsh Wilcox é sócio e diretor de projeto do escritório Mahlum e já participou de projetos internacionalmente reconhecidos que priorizam a vida dos estudantes e seus processos de aprendizado. 

Kurt Haapala é sócio da Mahlum e líder de planejamento e projeto de instalações educacionais. 

Sobre este autor
Cita: JoAnn Hindmarsh Wilcox and Kurt Haapala. "Como projetar banheiros escolares mais seguros, confortáveis e inclusivos" [How to Design School Restrooms for Increased Comfort, Safety and Gender-Inclusivity] 22 Nov 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/799840/como-projetar-banheiros-escolares-mais-seguros-confortaveis-e-inclusivos> ISSN 0719-8906

¡Você seguiu sua primeira conta!

Você sabia?

Agora você receberá atualizações das contas que você segue! Siga seus autores, escritórios, usuários favoritos e personalize seu stream.