Com o desafio de gerar o mínimo impacto no entorno natural, o Centro Holístico Punto Zero - desenvolvido pelos arquitetos do escritório Dio Sustentable - ergue-se a base de materiais ecológicos e sistemas limpos de geração de energia, além de incorporar a permacultura e o estudo de geometrias sagradas durante o processo de projeto.
Veja como seus diferentes edifícios são construídos em madeira, palha e adobe, através de uma série de detalhes, a seguir.
Vipassana, uma técnica de meditação muito antiga da Índia.
O projeto pediu que se trabalhasse com materiais ecológicos e que impactassem minimamente o meio ambiente. Além disso, também requisitou-se a implementação de tecnologias limpas para a geração de energia elétrica e para a climatização. Implementou-se ainda um sistema para reciclar as águas residuais do projeto. Os jardins contemplam a incorporação de árvores frutíferas e vegetais como parte integral do projeto paisagístico de permacultura.
A proposta geral demandou o estudo de geometrias sagradas, e inspirou-se no estudo das moléculas de água de Masaru Emoto.
Primeiramente, realizou-se um levantamento radiestésico que identificou as energias benignas do local. A partir disso, estabeleceu-se o ponto de origem do assentamento do projeto e suas orientações.
A partir desse primeiro ponto, desenha-se a flor da vida, criando as medidas e proporções harmônicas. Traça-se o hexágono até o crescimento do padrão da molécula de água.
O padrão nos guiou até um crescimento harmônico de suas partes para abrigar as diversas áreas do programa arquitetônico requisitado.
O doyo, recinto onde são realizadas as meditações, possui um sistema geotérmico de climatização por meio da terra. Este sistema aproveita a temperatura permanente da terra, 14º, para aquecer ou refrigerar um espaço interno, economizando recursos energéticos derivados da necessidade de aquecer ou resfriar o ar. A iluminação é zenital, onde mostra-se o cubo metatron.
Os dormitórios com banheiros individuais foram dispostos em um programa de corredor e beirais pela radiação solar, dispostos em forma de células hexagonais de dois em dois onde em sua intersecção implanta-se uma estufa triangular que atua como parede "trombe" para ambos os dormitórios.
Este sistema passivo somado à cobertura ventilada e a um sistema construtivo baseado em estrutura de madeira modulada com interior de adobe para que haja inércia térmica e fardo de palha para o isolamento, alcança uma climatização ótima para todas as estações do ano. Há, ainda, um sistema solar ativo para o aquecimento de água.
Todo o setor oeste que contém a recepção, o auditório, o refeitório e as salas de estar, foi construído em madeira laminada. Apesar disso, ao ser executado com o mesmo sistema construtivo que os dormitórios, aproveita de espaço climatizados todo o ano.
O complexo contempla também um pavimento de tratamento ecológico de águas residuais, um sistema tohá. Trata-se de um sistema de reciclagem, que processa as águas cinzas e pretas da rede de esgoto ao passar por biofiltros e depois por uma câmara de luz UV, deixando a água 99% limpa para irrigação.
Arquitetos: Dio Sustentable
Arquitetos encarregados: Fernando J. Romero, Jean Pierre Marchant, Horacio Croxatto
Localização: Putaendo, Região V, Chile
Área do terreno: 44.920 m2
Área construída: 2.561 m2
Materiais: Estrutura de madeira laminada e serrada, adobe, fardo de palha e cobertura de zinco
Engenharia estrutural: Ingelam
Engenharia estrutural: Dinamica S.A.
Instalações sanitárias: Ivigar
Instalações elétricas: Proycel
Instalações do pavimento de tratamento ecológico, sistema tohá: SOLSAN S.A.
Iluminação interna: Lighting Project
Energia termo-solar: Energen
Climatização por geotérmica: Energen
Paisagismo permacultura: Cristóbal Elgueta
Estudo radiestésico: Erika Pezoa
Data de projeto: 2008 - 2009
Data de construção: 2009 - 2011
Fotografia: Jean Pierre Marchant y Fernando J. Romero