Casa da Arquitectura: Primeira Instituição que une acervo e exposições exclusivamente de arquitetura em Portugal

Foi anunciada recentemente durante a finissage da Representação Oficial Portuguesa na 15ª Exposição Internacional de Arquitetura La Biennale di Venezia 2016 o projeto e a programação da Casa da Arquitectura - Centro Português de Arquitectura que inaugurará no dia 16 de Junho de 2017.

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A sede da Casa da Arquitectura fica em Matosinhos, uma pequena cidade vizinha do Porto, onde nasceu e onde reune a maioria dos seus 30 primeiros projetos antes do Prêmio Pritzker, além de edificações de arquitetos como Fernando Távora, Eduardo Souto de Moura, Alcino Soutinho e mais recentemente com a inovadora arquitetura do projeto do novo terminal de cruzeiros de Leixões de Luís Pedro Silva.

O projeto da Casa da Arquitectura - Centro Português de Arquitectura surge com o intuito de criar em Portugal o primeiro centro internacional dedicado à exposição, arquivo, estudo e valorização da arquitetura e também da arte. A entidade já conta hoje com mais de 500 maquetes dos projetos do arquiteto e Pritzker Eduardo Souto de Moura.

Maquetes de Eduardo Souto de Moura. Image Cortesia de Casa da Arquitectura-Centro Português de Arquitectura

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Segundo seu diretor-executivo, Nuno Sampaio, certamente um dos grandes desafios foi o de criar uma programação capaz de responder a reflexão da disciplina com os arquitetos e além disto, transmitir conhecimento ao público geral.

Nuno Sampaio (diretor executivo da Casa de Arquitectura) . Image Cortesia de Casa da Arquitectura-Centro Português de Arquitectura

Por razões diversas, são maiores os desafios na Arquitetura e em Portugal, tanto pela existência de experiências internacionais comparáveis e pelas expectativas por estas criadas, quanto pela contingência periférica e inexistência de situações análogas nacionais. Daí que entender a conjuntura portuguesa nas diversas dimensões sociais, económicas, profissionais e culturais, a par da sua relação com o mundo global, é ponto de partida para poder pensar a vocação de uma instituição dedicada à Arquitetura como disciplina, mas também na sua condição contemporânea num mundo cada vez mais instável, imprevisível e em constante mudança.

Cortesia de Casa da Arquitectura-Centro Português de Arquitectura

Como objetivo a CASA DA ARQUITECTURA – Centro Português de Arquitectura pretende contribuir decisivamente para a reflexão e investigação disciplinares, promovendo a constituição, conservação e valorização de coleções próprias - espólios e acervos, coleções de projetos, bibliográficas e documentais – com acesso público. Além de criar condições para reflexão, investigação e prospeção a partir do tempo presente e ajudar a construir perspetivas sobre o devir disciplinar da Arquitetura.

A CASA como fomentadora de novas narrativas e novos discursos sobre o passado, o presente e o futuro da Arquitetura.

A CASA quer levar a Arquitetura para além dos limites da profissão, aproximando-a do grande público e gerando novos públicos, designadamente entre os mais jovens, de forma perceptível, clara, descodificada, capaz de promover diálogos com o visitante, e incentivando-o a ser interlocutor ativo, exigente e participativo na sociedade como espaço aberto, com acesso universal à informação e conhecimento acumulados e a redes de informação e conhecimento, um espaço de encontro intergeracional, de programação cruzada, oriunda de várias geografias e contextos, onde existirá espaço para participação extraprogramação ou mesmo espontânea.

Cortesia de Casa da Arquitectura-Centro Português de Arquitectura

A CASA quer fomentar e participar na criação de uma Rede Nacional de Arquivos de Arquitetura, articulando partilha de informação, conhecimento e investigação, e ajudando no tratamento arquivístico de acervos e espólios detidos pelos diversos agentes da rede. Não obstante, terá o seu lugar e percurso, na justa medida da construção de um acervo próprio. O conceito de rede estende-se também à programação, quer a nível nacional, com a CASA a poder ser “montra expositiva” da Rede Nacional de Arquivos de Arquitetura, quer a nível internacional, ao privilegiar produções conjuntas entre entidades de países diversos, mas também trazendo a Portugal o melhor da produção internacional especializada.

Atividades 

 As atividades da CASA estruturam-se em três eixos fundamentais:

  • a) constituição, tratamento e valorização do acervo de Arquitetura (espólios e coleções);
  • b) visitas de Arquitetura;
  • c) promoção e celebração da Arquitetura, onde se incluem as exposições, conferências, debates e workshops, definidas em planeamento trianual.

Cortesia de Casa da Arquitectura-Centro Português de Arquitectura

COLEÇÕES

Está em preparação a primeira fase de tratamento dos arquivos da CASA que incluem conjuntos documentais que estão já na posse da instituição, dos quais salientam-se, entre outros, projetos como o do Novo Museu Nacional dos Coches de Paulo Mendes da Rocha ou das cooperativas de habitação da Quinta da Seara de João Álvaro Rocha, assim como um conjunto de documentos do antigo Centro de Documentação Álvaro Siza. Irá transitar para a CASA DA ARQUITECTURA o acervo da Câmara Municipal de Matosinhos que inclui projetos de diversos autores, tais como os das Piscinas de Marés e Quinta da Conceição de Álvaro Siza, da Câmara e Biblioteca Municipal de Matosinhos de Alcino Soutinho, da Quinta da Conceição de Fernando Távora, assim como projetos ganhadores de distintos prémios de arquitetura também construídos em Matosinhos.

Estas primeiras coleções visam construir panoramas transversais da produção arquitetónica de Portugal, do Brasil e, no futuro, de outros países e territórios de língua portuguesa. “Arquitetura Portuguesa de 1974 a 1999 - 25 anos de Democracia em Portugal”, comissariada por João Belo Rodeia, Graça Correia e Ricardo Carvalho, constitui uma dupla coleção que incluirá cerca de “200 projetos de referência” de cerca de 100 autores, acompanhada por outra de periódicos e catálogos no mesmo período, incidindo sobre revistas de arquitetura e catálogos de exposições. “Coleção Arquitetura Brasileira”, comissariada por Guilherme Wisnik e Fernando Serapião, será constituída por 70 projetos e 100 publicações selecionadas que permitirão ter uma visão significativa sobre o panorama da produção moderna e contemporânea do Brasil. Em simultâneo a estas duas coleções, está a ser equacionada a formação do primeiro conjunto de espólios individuais a integrar o acervo da Casa.

VISITAS

Além do acervo documental, a CASA DA ARQUITETURA fomentará o conhecimento e divulgação dos “espólios vivos” dos arquitetos, ou seja, dos edifícios à cidade. A visita de arquitetura pretende valorizar a experiência direta da arquitetura como contraponto ao mundo virtual. Se, por um lado, a proliferação da imagem digital permite a divulgação do trabalho do arquiteto, por outro, provoca equívoca ilusão quanto à obra arquitetônica. A visita de arquitetura apresenta-se como uma oportunidade para a valorização da obra, entre as relações com contextos, a vivência dos espaços e o seu uso, as suas escalas e proporções, a construção e materialidades, permitindo outras leituras para mais completa compreensão da obra arquitetônica e da própria Arquitetura.

O Open House Porto, a partir da próxima edição, em 2017, será da exclusiva organização da CASA, continuará a ser uma grande aposta para disponibilizar uma oferta diferenciada em três cidades em simultâneo: Porto, Gaia e Matosinhos. Constitui objetivo manter a qualidade do programa e o número de visitantes que, na edição passada de 2016, atingiu mais de 30.000 visitas em apenas 2 dias.

Cortesia de Casa da Arquitectura-Centro Português de Arquitectura

PROGRAMAÇÃO

Estão definidas duas linhas de programação para os dois espaços expositivos distintos, com objetivos diferenciados e que permitem aumentar e flexibilizar a oferta:

a) A Grande Sala receberá as exposições centrais e estruturantes da programação. Serão exposições próprias, coproduções, e exposições realizadas por entidades parceiras. No primeiro ano, a programação apostará em representações coletivas e, no segundo ano, haverá exposições individuais alternadas com as coletivas. No terceiro ano de atividade, e após a conclusão da primeira fase do tratamento arquivístico do acervo da Casa, serão realizadas as exposições temáticas referentes às coleções.

b) A Galeria da Casa será destinada a exposições e iniciativas de curta duração, aberta a propostas externas e provindas, em regra, de curadorias autopropostas. Além desta programação, haverá ainda a realizada fora de portas, nacional ou internacional. No início do ano de 2017, a CASA DA ARQUITETURA irá lançar uma open call para que curadores e entidades proponham iniciativas.

Cortesia de Casa da Arquitectura-Centro Português de Arquitectura

A CASA DA ARQUITETURA – Centro Português de Arquitectura abrirá as suas novas instalações com a Exposição e publicação “Poder Arquitectura”, comissariadas por Jorge Carvalho, Pedro Bandeira e Ricardo Carvalho. O Livro conterá uma reflexão disciplinar sobre o tema, sendo a exposição organizada para poder comunicar com o grande público. Pretende-se com este tema questionar como a sociedade contemporânea e a arquitetura trabalham em conjunto, e de que forma se influenciam e deixam influenciar mutuamente. 

O programa paralelo “Please Share”, comissariado por Roberto Cremascoli, decorrerá durante a permanência da exposição e irá abordar os 8 poderes enunciados num debate constante entre a profissão e outros agentes culturais, políticos, econômicos da sociedade, estando previstos debates, conferências, workshops, a realizar junto da exposição e em diversos lugares noutras geografias.

No segundo semestre será apresentada, pela primeira vez em Portugal, a exposição “Os Universalistas”, comissariada por Nuno Grande e inaugurada em Paris em 2016 numa coprodução entre a Fundação Gulbenkian e a Cité de l’Architecture et du Patrimoine. A sua concretização em Portugal é feita em parceria destas entidades com a CASA DA ARQUITETURA. Trata-se de uma retrospetiva crítica que propõe um “olhar sobre meio século de pensamento e produção arquitetônica portuguesa”, dividida em 5 momentos distintos que refletem as transformações sociopolíticas em Portugal nos últimos 50 anos: Universalismo versus Nacionalismo, Colonialismo, Revolução, Europeísmo e Globalização. Esta exposição gerará, no seu programa paralelo, oportunidades de debate nacional e internacional, bem como de diálogo geracional entre distintas visões sobre estes 5 momentos da história da arquitetura portuguesa.

A CASA DA ARQUITETURA, inseparável das suas novas instalações que permitem cumprir o pleno da sua missão enquanto Centro Português de Arquitetura, contribuirá assim para que a Arquitetura possa cada vez mais assumir o papel que lhe cabe no contexto nacional e internacional, valorizando o melhor da sua produção na melhoria do ambiente construído e da qualidade de vida dos cidadãos, e relevando-a como recurso cultural estratégico de Portugal no Mundo e do Mundo em Portugal.

Assista abaixo o vídeo com a apresentação da CASA DA ARQUITETURA

Proximamente contaremos mais detalhes sobre o projeto da sede da  CASA DA ARQUITETURA.

Sobre este autor
Cita: Equipe ArchDaily Brasil. "Casa da Arquitectura: Primeira Instituição que une acervo e exposições exclusivamente de arquitetura em Portugal" 14 Dez 2016. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/800932/casa-da-arquitectura-primeira-instituicao-que-une-acervo-e-exposicoes-exclusivamente-de-arquitetura-em-portugal> ISSN 0719-8906

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