Como uma impressora 3D mudou minha vida: a escala

Que a impressão 3D chegou para ficar é um fato. Todos os dias vemos artigos que mostram os avanços mais recentes com impressão 3D. Desde pontes impressas a próteses para uma criança, passando por máquinas que imprimem pizzas. No campo da arquitetura, vemos a impressão 3D como a próxima revolução que nos libertará do trabalho de realizar maquetes, mas... por que limitar essa tecnologia apenas a isso?

O mundo da impressão 3D me fascina há muito tempo. As aplicações para uma impressora 3D só tem um limite: a imaginação da pessoa por trás da máquina. E embora até o momento este seja um universo limitado a indivíduos com recursos ou instituições, 2017 será o ano em que as impressoras 3D chegarão ao usuário doméstico não especializado. 

Quando comecei a trabalhar com as impressoras 3D, meu objetivo era poder fazer muitas maquetes em pouco tempo, permitindo-me testar diversas soluções para meus projetos. A maquete 3D feita em um computador, no entanto, ainda que seja uma ferramenta poderosa, não substitui a maquete física.

Modulor, 1948. Le Corbusier. Imagem via Arqhys

Como arquitetos somos instruídos a entender e utilizar a escala como elemento de projeto. Falamos da escala humana, aquela que Le Corbusier definiu de modo tão genial, aquela que aprendemos através do Neufert, ou da escala da cidade definida por Aldo Rossi. A impressão 3D abre ao arquiteto a terceira escala, uma escala insignificante, tão pequena que, provavelmente, nunca teve importância para nós. Afinal, o que significa 0,1 milímetro em um mundo de metros e quilômetros?

Na impressão 3D, 0,1 mm são um mundo. 0,1 mm são a diferença entre uma impressão rápida ou uma de qualidade, 0,1 mm pode ser a diferença entre uma peça completamente funcional ou 16 horas perdidas. Por culpa desse 0,1 mm os objetos da vida cotidiana assumem uma nova dimensão, e começamos a entender através destas peças a importância da ergonomia ou das particularidades de cada usuário. 

Spaghetti 3D. Imagem © wolf555hound

Uma impressão 3D nos ensina a projetar objetos que tornam algumas de nossas tarefas diárias mais simples. Por que não trazer isso ao nosso trabalho enquanto arquiteto? Por que não parametrizar um projeto, de forma que seja compatível com uma grande variedade de usuários? Por que não dar um passo além e pensar como será usado um móvel dentro de um espaço, em vez de pensar apenas no espaço em si?

Acredito que todos os arquitetos deveriam ter acesso a uma impressora 3D. As lições que podemos aprender em nossos primeiros anos de carreira podem mudar radicalmente o modo como trabalharemos no futuro. Para os arquitetos já formados, a impressora 3D pode abrir novos caminhos que até agora eram desconhecidos. Tudo isso a um custo tão baixo que vale a pena tentar. E se não funcionar, sempre teremos à disposição uma máquina que permite fazer maquetes muito mais rapidamente. 

Sobre este autor
Cita: Picado, Miguel. "Como uma impressora 3D mudou minha vida: a escala" [Cómo una impresora 3D cambió mi vida: la escala] 16 Fev 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/805244/como-uma-impressora-3d-mudou-minha-vida> ISSN 0719-8906

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