Na última sessão do Conselho Municipal de Paris, realizada nos dias 30 e 31 de janeiro, foi aprovada uma Estratégia Peatonal que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos pedestres, ou seja, de todos que circulam a pé pela capital francesa.
Por um lado, o interesse da estratégia está focado em facilitar os deslocamentos e as condições dos pedestres, incentivando que mais pessoas caminhem, sendo que este já é o meio de transporte mais usado na cidade, totalizando 60% dos percursos. Além disso, quando se trata de deslocamentos para realizar compras, 79% dos trajetos são realizados a pé, quando apenas 4% deles são de carro.
As origens dessa estratégia remontam aos Orçamentos Participativos de 2014 -- uma instância na qual os habitantes expressaram seus desejos e opiniões em relação aos espaços públicos da cidade, por onde poderiam deslocar-se de maneira mais cômoda e segura -- que agora foi formulada levando em consideração estas opiniões.
A necessidade é justificada pois, apesar do número de fatalidades no trânsito ter caído 17% em 2015 e 2016, os pedestres ficaram no topo da lista de fatalidades do ano passado.
A implementação estabelece cinco princípios que orientarão a formulação e desenvolvimento dos projetos propostos a partir de agora. São eles:
1. Facilitar a continuidade dos deslocamentos a pé;
2. Promover a diversidade de usos na rua;
3. Elevar os níveis de conforto dos espaços públicos;
4. Repensar a orientação dos pedestres;
5. Consolidar a cultura peatonal em Paris.
Cada um deles envolve projetos específicos, como por exemplo, garantir a acessibilidade universal nos pontos e estações de transporte público, e aumentar a largura das ilhas de pedestres nas ruas.
Outras propostas consistem em eliminar as sinalizações luminosas de trânsito nas Zonas 30 para criar um estado de atenção constante entre os condutores, e aumentar o tempo abertura dos semáforos para pedestres.
A isso se soma o desenvolvimento de uma estratégia de comunicação sobre os benefícios de caminhar, melhorar os equipamentos dos pontos de ônibus, diminuir a densidade do trânsito e construir mais ciclovias para evitar conflitos no espaços público, entre outras.
A partir desta estratégia, o centro de Paris terá mais espaços de estar destinados aos pedestres e zonas que facilitarão o fluxo do movimento peatonal.
A aprovação desta estratégia soma-se aos planos anteriores da cidade, que também têm como foco os pedestres, como a ampliação das Zonas 30, a remodelação de sete praças e a ampliação dos espaços públicos na orla do Sena.
Na mesma sessão, o Conselho decidiu autorizar a prefeita Anne Hidalgo a assinar a Carta Internacional da Caminhada, redigida na Conferência Walk 21, que busca criar cidades onde os habitantes possam escolher caminhar de modo saudável, viável e eficiente, porque "caminhar é a primeira coisa que um bebê quer fazer e a última coisa que um adulto deseja renunciar."