Planejamento urbano pode ser uma tarefa difícil dependendo dos elementos envolvidos, como tempo, participantes e tópicos.
Desde 2012, a empresa sueca MethodKit se dedicou em elaborar kits para simplificar as tarefas em diversos campos profissionais, utilizando cartas que definem questões e guiam discussões.
Inicialmente, estes kits foram orientados para o design e tecnologia digital, no entanto, esta ferramenta colaborativa e fácil de utilizar foi logo expandida para a arquitetura e planejamento urbano.
Um dos últimos lançamentos da empresa é o "MethodKit for Cities", um kit voltado para arquitetos, cidadãos, estudantes, organizações sociais, planejadores e autoridades para participar na construção do ambiente urbano.
Para descobrir mais sobre ele, conversamos com o fundador da empresa, Ola Möller, que também é coautor deste kit juntamente com o arquiteto Jordan Lane.
De acordo com eles, a ideia por trás da criação deste material para cidades foi "a necessidade de criar uma ferramenta visual que fosse deliberadamente simples e fácil de utilizar. É uma representação visual dos elementos, ações e aspectos mais importantes que compõem o tecido da cidade."
Isso significa que o kit cria uma oportunidade de falar sobre espaços urbanos, meio ambiente, transporte e projetos urbanos, entre outras coisas.
Embora se tenha em mente que "algumas ferramentas de planejamento urbano podem impor certas soluções ou serem projetadas para um grupo específico de usuários", neste caso, perceberam que elas criam uma proximidade e uma linguagem comum entre os usuários, independente de sua ocupação.
Isso se deve à conversas baseadas nas 105 cartas que levantam questões e explicam o que as fazem tão importantes para uma cidade. No entanto, também existe a opção da classificação das cartas em sete grandes temas como maneira a focar as discussões em um assunto particular.
Elaborar estas cartas não foi uma tarefa fácil. Na verdade, apenas definir os tópicos levou a um ano e meio de pesquisa. Durante este período, muitas reuniões foram realizadas com especialistas no tema, oficinas e grupos focados serviram para estabelecer noves critérios de seleção que incluem atuar como um espaço base para o desenvolvimento, ter uma linguagem direta, e favorecer a discussão de questões urbanas importantes.
Deste modo, Möller menciona que "as cartas devem ser relevantes e benéficas em cidades brasileiras como são em Estocolmo, Seul ou Sydney." A aplicabilidade do método é dirigida para várias partes do mundo.
Para descobrir se este foi o caso, Möller explica que existem uma série de cidades de tamanhos diferentes na Suécia que estão implementando os kits em suas prefeituras.
Isso inclui cidades grandes como Malmö e Nacka, e menores como Nässjö e Kristianstad, que estão utilizando para um projeto conjunto, a nova linha de trem para o norte da Suécia. O estúdio de arquitetura White Arkitekter está considerando incluí-lo na fase de participação cidadã em seus projetos.
No curto período que o kit já está no mercado um novo projeto surgiu do Conselho Sueco de Habitação e Planejamento (Boverket) para desenvolver uma linha de atuação que inclui planejamento urbano para igualdade de gênero nas cidades.
Confira abaixo diferentes exemplos de como o kit pode ser utilizado:
- Em escritórios de arquitetura e urbanismo. Utilize o kit no ambiente de trabalho para alinhar colegas, consultantes e clientes; para criar cenários e visões de futuro ou ferramenta de pesquisa e checklist. Como novos empreendimentos se encaixam no tecido urbano? Quais são as prioridades? Faltou alguma perspectiva importante?
- Em escolas e Universidades. Use o kit como checklist para projetos da faculdade - quais elementos são os mais fortes? Tem algo faltando? Incentive estudantes a acolher a complexidade e projeto em contextos do mundo real. Incentive a conversa e o debate ao fazer os alunos priorizarem as cartas - porque algumas quadras são mais importantes que outras? Como elas mudam ao longo do tempo?
- Como ferramenta educativa para cidadãos. Muitas pessoas tem profundo interesse na cidade. Use a ferramenta para ajudá-las a entender o tecido urbano, com diferentes perspectivas e óticas. .
- Como ferramenta entre arquitetos, cidade e seus cidadãos. Use como uma interface, uma vez que tem linguagem clara. A ideia é sentar na mesa, fazer parte e se sentir confortável para compreender e compartilhar.
- Como ferramenta de coleta de dados. É possível dar um valor a cada carta para criar um inventário de bairros? Pergunte a cidadãos, amigos e vizinhos o que valorizam em suas vizinhanças.
Veja como conseguir o "MethodKit for Cities" aqui.
Notícia via: MethodKit.