Ao falar de planejamento urbano e espaço público, é importante pensar nas diferentes vivências que uma mesma cidade oferece aos seus habitantes. O urbanismo inclusivo é um tema amplo que pode ser abordado a partir de diferentes enfoques: gênero, acessibilidade e meios de transporte, por exemplo. Idealmente, a cidade deve ser projetada levando em consideração as situações particulares da população, acomodando diferentes experiências dentro de um mesmo espaço compartilhado.
Em termos específicos, quando são feitos projetos urbanos, qual a importância dada à experiência das crianças que utilizam o espaço público? Geralmente, pensa-se que o espaço público pensado para eles começa e termina em parques com brinquedos infantis; os demais espaços que são utilizados por outras faixas etárias da população não são projetados com elas em mente.
O urbanismo inclusivo pretende empoderar os grupos que estão à margem -- aqueles que foram excluídos dos papeis ativos da sociedade -- dando importância a eles dentro do espaço público para que esse empoderamento se reflita, então, na tomada de decisão das comunidades.
Temos que começar a mudar nossa postura sobre o papel das crianças no espaço público e dentro da participação cidadã, otimizando recursos e criando espaços onde elas não apenas possam se reunir para brincar com a supervisão de algum adulto, mas oferecer novas atividades onde a presença dos adultos sirva como uma mediação, e não uma autoridade.
Em Barcelona, o projeto La Pelle de la Ciutat busca fazer justamente isso, ao envolver as crianças em um "modelo participativo que busca contribuir com a análise, reflexão e transformação do espaço público e da cidade através da influência de seus habitantes." Entre os benefícios do projeto, as crianças e jovens têm a oportunidade de opinarem e serem ouvidos, contribuindo com a melhoria dos espaços.
Incluir um novo grupo social na tomada de decisões comunitárias pode ser enriquecedor para todos os envolvidos, pois são apresentadas novas perspectivas que podem trazer propostas e soluções para o avanço do bem comum. A cidade gestionada de modo coletivo possibilita a apropriação do espaços por todos -- não apenas os mais privilegiados -- e isso nos aproxima do ideal de cidade inclusiva.