#donotsettle é um projeto de vídeo online criado por Wahyu Pratomo e Kris Provoost sobre arquitetura e a maneira como ela é percebida pelos seus usuários.
Em nosso primeiro artigo estamos levando você para Doha, a capital do Catar, onde visitamos o Museu de Arte Islâmica. Por alguns anos, este museu foi o único projeto de arquitetura que você poderia encontrar em Doha, mas recentemente isso mudou, com projetos quase concluídos por Jean Nouvel e Rem Koolhaas, e continuará a mudar com a aproximação da Copa do Mundo de 2022. O edifício foi projetado por I.M. Pei que, na época, já era aposentado, mas foi persuadido a dedicar seu tempo a projetar este proeminente museu. E proeminente essa obra com certeza é. Senhor Pei, você sabe como fazer o seu edifício se destacar. Erguido sobre uma pequena ilha, uma sólida estrutura de pedra se eleva sobre as águas.
A aproximação ao museu é uma parte importante de como um edifício é percebido. Notamos algumas semelhanças com outro edifício: no verão passado, visitamos Suzhou onde observamos outro museu I.M. Pei tinha projetado. O Suzhou Museum não é apenas qualquer museu - como Suzhou é a cidade natal I.M. Pei, esta obra deve ter tido alguma importância especial para ele. O projeto claramente claramente influenciou a proposta para o Museu de Arte Islâmica. Apesar deste ser em maior em escala, observamos uma linguagem comparável de linhas ortogonais e diagonais. As plantas de ambos os edifícios têm fortes semelhanças. No entanto, o revestimento externo distingue os dois projetos, de modo que, mesmo que eles sejam semelhantes em forma, ambos estão profundamente enraizados em seus contextos.
Nosso vídeo, espero, torna mais fácil entender as principais características do projeto, no entanto, esse texto serve como um resumo dos tópicos que consideramos interessante. Orientação é o ponto principal deste edifício. A partir do momento em você que entra, a sensação é a de que só andamos para frente, e que o movimento para a frente eventualmente leva você para a imagem que o Qatar quer que você se lembre: o skyline de Doha, uma imagem em que cada visitante é obrigado a registrar em fotografia.
A circulação é simples, um grande átrio com passarelas ao redor. Nem tão engenhoso, certo? Não importa, seus olhos se voltam para aquela enorme janela que oferece a imagem que eles querem que você veja. Sim, o horizonte de Doha em ascensão.
De fora, a forma do edifício é monolítica, introvertida, forte, mas complexa. Internamente é oca, e isso conduz os olhos para a claraboia geométrica - outro elemento que impele os visitantes a tirarem fotos.
A materialidade do edifício é de misturas e contrastes. É mesmo possível combinar esses dois opostos? Doha sempre terá aquela cor arenosa, não importa quantos arranha-céus envidraçados eles construam. A cor natural da pedra se mesclará bem nessa nova paleta. No entanto, o contraste começa quando você olha mais perto: o azul forte e animado do Golfo Pérsico faz com que o museu se destaque.
Enquanto escrevo isso, não posso evitar de me sintir um pouco contraditório. Uma frase fala sobre como essa obra-prima se funde, enquanto a próxima frase explica como este edifício se destaca. Estes são opostos completos, e contudo o projeto foi indubitavelmente planejado desta maneira. Nós sempre pensamos em Doha como uma versão do Oriente Médio que não se esforça tanto para se destacar. Mas pensando profundamente nisso, eles tentam se destacar, apenas de uma forma muito mais refinada e intelectual. Essa janela, a vista de qualquer lugar do museu, as passarelas flutuando no espaço. Esta é sua maneira de dizer "nós recebemos você, e queremos que você veja o que temos feito na última década para colocar nossa cidade no mapa".
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