Este artigo de Kurt Nelson foi originalmente publicado no Medium.
Depois de ler o artigo do ArchDaily sobre as horas em que os estudantes de arquitetura trabalham fora da sala de aula, fiquei curioso. Concluí o Bacharelado em Arquitetura e atualmente estou matriculado no programa de Mestrado em Arquitetura na Universidade da Pensilvânia, então quanto tempo além das 22,2 horas por semana apresentadas pelo artigo eu passo trabalhando em casa? Os dados que eles apresentaram representavam apenas estudantes de primeiro ano, mas poderia ainda ser uma comparação interessante. Com isso em mente eu comecei a registrar uma semana do meu tempo, assim como você faria em um trabalho fora de casa. A seguir estão os resultados que obtive.
Eu já esperava estar acima da média de 22,2 horas por semana, mas não sabia o quão longe da média eu estava. Usando sua medida de tempo gasto trabalhando em projetos para a classe, gasto 61,5 horas por semana. No total, eu dediquei 84,75 horas à arquitetura no que parecia uma semana bastante típica. Sendo que uma semana tem 168 horas, isso significa que dedico pouco mais de 50% do meu tempo à arquitetura. Ao longo da semana passada eu nunca estive sozinho no estúdio; muitas vezes estou cercado por outros alunos da minha classe, o que me leva a acreditar que os números que encontrei são bastante representativos do programa de Mestrado da Universidade da Pensilvânia. No mínimo, posso garantir que não estou em nenhuma das extremidades do espectro.
Não estou inteiramente certo do que fazer com estes resultados até agora, mas me lembrei de uma das primeiras palestras que assisti quando era calouro. Eu e alguns amigos assistíamos, um pouco sonolentos, a Perry Kulper (um professor que atualmente ensina na Universidade de Michigan) mostrando uma visão geral de alguns dos trabalhos que saem de seus estúdios. Quando ele começou a concluir a palestra, fez uma citação que imediatamente chamou nossa atenção, principalmente porque na época todos nós achamos isso completamente absurdo:
Se você não está fazendo algo 90 horas por semana, então isso é apenas um passatempo.
Mesmo que eu não tenha atingido a marca de 90 horas esta semana, ter o controle do meu tempo desse jeito deixou claro o quanto da minha vida eu estou dedicando a este campo -- que, definitivamente, não é um passatempo. Dito isto, eu amei cada segundo destas 84,75 horas gastas no estúdio. Não tenho dúvidas de que a arquitetura é algo com o que estarei envolvido pelo resto da minha vida, mas depois de escrever isso, acho que vou desligar o computador por um tempo, pausar o Spotify, e apenas relaxar um pouco. Afinal, isso não passa de um passatempo.
Nota do editor: Os editores do ArchDaily gostariam de observar que a metodologia e análise utilizada neste artigo não são necessariamente coerentes com o estudo do NSSE referenciado na introdução. Este artigo é baseado em uma investigação pessoal com um tamanho de amostra efetivo de 1 aluno ao longo de uma semana, com os resultados registrados com um grau muito elevado de precisão. Por outro lado, o estudo NSSE usou uma amostra de 3.000, mas mediu o uso do tempo com um menor nível de precisão - a metodologia esclarece que "os alunos relataram o uso do tempo em intervalos discretos que foram nivelados em seus pontos médios para esta análise [do NSSE]."
No entanto, embora esperemos que a análise introspectiva de Kurt Nelson sirva como anedota para entreter nossos leitores, ela não deve ser considerada um dado científico, tampouco vista como uma média de tempo investido pelos estudantes de mestrado da Universidade da Pensilvânia. Trabalhar 85 horas por semana em qualquer coisa que seja, mesmo amando o que se está fazendo, não deve ser considerado motivo de orgulho, mas deveria, sim, ser considerado um motivo para a pessoa rever sua rotina de trabalho, parar de procrastinar e buscar meios de ocupar de modo mais eficiente o tempo de vida investido.