Fora dos nossos círculos familiares, sociais ou outros, a Internet pode ser um lugar assustador. Embora a informação e a interação nunca tenham sido tão fáceis, desenvolver maneiras de obter um controle sobre a quantidade e o ritmo deste mundo muitas vezes pode ser difícil - é muito fácil se deparar com sua vida digital involuntariamente isolada. Na esfera da arquitetura, o conhecimento compartilhado e uma ampla compreensão da história e da prática contemporânea são importantes; o discurso e a conversa ainda mais. Are.na, uma plataforma de pesquisa colaborativa e independente, fornece uma nova forma de navegar, capturar e contextualizar o conteúdo da Internet.
Porque a Are.na é útil
Um desenho da Igreja de Grundtvig fora de Copenhague, por exemplo, pode ter o mesmo significado para um arquiteto que uma história de Hans Christian Andersen - ambos, de maneiras distintas, revelam importantes aspectos da cultura e da sociedade dinamarquesa do século XX. Tudo é relevante para os processos de criação e construção, e a expansão do acesso à Internet tem potencializado isso. Quando profissionais ou estudantes de arquitetura descobrem um desenho, uma fotografia, um ensaio ou um artigo, sua tendência é salvá-lo como uma referência de projeto. "Se não for útil neste momento, provavelmente será em breve!" - e assim o mantra persiste.
Mas o material procurado e encontrado ao acaso no reino digital pode facilmente se perder e desaparecer; marcar uma página da web como favorita ou baixar um álbum de imagens pode ser tanto trabalhoso quanto inibidor. Além disso, arquivos pessoais (tanto online ou offline) demandam bastante tempo para serem construídos e mantidos e, em última instância, difíceis de serem compartilhados e enriquecidos por outras pessoas.
O modelo atual mais eficiente para entregar e consumir informações online é o do fluxo: uma cascata cronológica de bits e bytes ad infinitum, apresentando informações de forma contínua e coerente. É o modelo empregado pelo Twitter e Facebook e quase todos os sites que são atualizados regularmente (inclusive o ArchDaily). Quando se trata de colaboração, no entanto, o fluxo em seu formato convencional muitas vezes pode não facilitar conexões significativas.
Como a Are.na funciona
Os fundadores da Are.na - Charles Broskoski, Daniel Pianetti e Chris Sherron, de Nova Iorque - empregaram o fluxo (o "Feed", neste caso) de uma maneira não convencional. O termo para mídia salva (incluindo imagens, texto, hiperlinks e arquivos) é um "Bloco", que pode ser conectado por usuários de toda a internet em "Canais" (containers temáticos flexíveis). Dentro destes canais, você pode optar por arquivar material relacionado a um tema específico: projetos habitacionais na Bélgica, por exemplo, ensaios de domínio público sobre teoria da arquitetura ou tecidos persas do século XVIII. Você pode decidir criar um Canal chamado "Colagem Arquitetônica", para armazenar exemplos interessantes desse estilo de representação, por exemplo, ou um chamado "Casas na Natureza". Estes Canais e seu conteúdo com curadoria própria - que podem ser compartilhados com colaboradores e visíveis para o mundo ou visíveis apenas para você - são locais para armazenar e categorizar o material reunido em suas explorações digitais.
A menos que você especificamente os esconda da visualização pública, seus Canais estão abertos a toda a comunidade de usuários da Are.na e, por extensão, à comunidade da Internet. Outros usuários da plataforma podem conectar seus exemplos de colagens arquitetônicas, por exemplo, no canal deles, "Desenhos de Ambientes" - e assim as conexões proliferam. Nesse sentido, a Are.na não diz respeito simplesmente a formas convencionais de compartilhamento, mas sobre a coleta, conexão e - ainda mais importante - a contextualização dos meios de informação. Quando você salva um Bloco da web, a URL fica com ele, assim como sua fonte. Por mais que esse Bloco cresça de seu ponto de partida, sua origem não é descartada ao longo do caminho.
As intenções por trás da Are.na são maiores do que a soma de suas partes. Seus fundadores reconhecem que aqueles que dependem da Internet como uma fonte de informação e inspiração são confrontados com uma grande quantidade de informações e, sem as atitudes e ferramentas certas, é quase impossível aproveitá-las em todo seu potencial. Desta forma, a Are.na visa facilitar a contínua re-contextualização da informação na forma de novas ideias e assim ajudar a criar sentido a partir da "inundação de dados". Como sociedade, deveríamos "pensar em quais ferramentas mainstream teremos para extrair nossas próprias ideias", argumentam os fundadores. O "compartilhamento" é suficiente? E quanto aos "Curtir"? A plataforma responde diretamente a perguntas como: "O que acontece com as coisas que você compartilhou no ano passado?" E "Como as ferramentas que construímos hoje nos ajudam a entender como nosso pensamento mudou ao longo do tempo?"
Embora seja fácil entender Are.na como uma evolução do Tumblr, ou uma encarnação menos centrada na imagem do Pinterest, em última análise, não é nem um nem outro. Ao contrário de um "Curtir", um "Adicionar como Favorito" ou um simples "Compartilhar", a plataforma exige um grau de esforço cognitivo. Isso encoraja um processo de pensamento mais complexo e, então, mais gratificante entre sua decisão de salvar uma fotografia, por exemplo, e seu possível uso futuro. Da mesma forma que um gabinete de arquivamento convencional exige que você escolha onde arquivar uma fotografia em uma coleção finita de categorias, Are.na requer um processo semelhante de auto-edição e generosidade mútua. A diferença é que você pode arquivá-lo mais de uma vez e outros podem encontrar seu gabinete, apoderarem-se dele no espírito do compartilhamento, e arquivá-lo em seu próprio gabinete.
Se isso parece muito complicado, na prática não é. Num momento em que até mesmo os menores processos de pensamento online estão sendo codificados de outras plataformas que oferecem serviços semelhantes, as reações cegas e simplistas ao conteúdo (como "triste", "wow" e "irritado" do Facebook) não são o que Are.na foi projetada para facilitar. Ela fornece uma oportunidade de auto-organizar sua própria vida digital, pensar um pouco sobre o que ou por que você está armazenando e compartilhando. Como resultado, você tem mais controle sobre o seu mundo online e, quando se trata de colaboração criativa, o caminho é um pouco mais claro para a acumulação produtiva e a discussão.
Como Eu Começo?
Esta é a nossa seleção inicial de usuários e canais de arquitetura, urbanismo e representação que você pode achar interessante:
- Min Chen – Canais: ‘architecture without architects…’, ‘construction detail’, ‘when nature takes over’
- Consortia Systems – Canais: ‘Are We Human?’, ‘Bauhaus’, ‘Logistics’
- Architecture Effects – Canais: ‘Exhibition Type: Scenography’, ‘Exhibition Type: Image Saturation’
- PWR Studio – Canal: ‘data architecture’
- ¥ Pog – Canal: ‘Architectural light’
- A Turgeon – Canal: ‘Better Homes & Gardens’
- James Taylor-Foster – Canais: ‘castles’, ‘domestic rooms’, ‘leaves’
A Are.na é gratuita (mas tem uma versão Premium). Saiba mais aqui.