Este artigo foi originalmente publicado por The Architect's Newspaper como "The American suburbs are the next fertile ground for architectural and urban experimentation."
Os últimos vinte e tantos anos podem ter presenciado um notável retorno das cidades, mas os próximos vinte podem mostrar uma retomada dos subúrbios, uma vez que muitas cidades tornaram-se vítimas de seu próprio sucesso. A crise na habitação — produto de uma complexa gama de fatores, desde a sub-construção até mudanças de zoneamento — fizeram de algumas cidades estadunidenses, como Nova Iorque e Los Angeles, um parque de diversões para os super-ricos, afastando os antigos residentes e tornando a cidade inacessível para artistas, mentes criativas e pequenos comércios que fazem os lugares vibrarem.
Enquanto é impossível definir uma generalização nacional, em um sentido mais amplo, a perda das cidades pode ser o trunfo dos subúrbios. Muitos jovens e residentes mais pobres estão se mudando para fora dos centros urbanos, embora não necessariamente porque o queiram. Isso está criando um mercado nas margens das cidades para empreendimentos de uso misto mais vibrantes baseados nos transportes públicos e amenidades urbanas. O modelo tradicional de subúrbio americano e o espraiamento das residências unifamiliares e pólos de comércio não é a única maneira que estes territórios estão se desenvolvendo, e até mesmo modelos de grandes volumes estão assumindo novas formas.
De algumas formas, o urbano e o suburbano estão se aplanando, como argumenta Judith K. De Jong em seu novo livro New SubUrbanisms. Cultural, formal e conceitualmente, eles compartilham mais do que nós tipicamente pensamos. Enquanto residentes suburbanos desejam experiências de quase imitações urbanas, muitas das áreas urbanas estão vivendo como se estivessem nos subúrbios, em empreendimentos mais insulares que minimizam suas interações com a cidade e outros cidadãos. Nos subúrbios, por outro lado, existe um potencial para aumentar o uso miso e a experiência de vida também mista.
Adicionando a este novo "subúrbio interseccional", que consideramos em nosso artigo, estão os desvios demográficos que continuam a transformar a noção de subúrbios clássicos do pós-guerra. Examinamos como um recente relatório do Urban Land Institute (Instituto de Terra Urbana, em tradução livre) examina a nova paisagem na qual a formação de novos projetos suburbanos ocorrerá. Um estudo recente do planejador urbano Daniel D'oca e seus alunos na Harvard Graduate School of Design que até chamaram esse fenômeno de "vôo negro".
O que faz destas mudanças tão carregadas de potencial para provocar novos tipos de desenvolvimentos suburbanos e de morar é que os subúrbios já cobrem uma enorme quantidade de território nos Estados Unidos. O professor de Arquitetura Paisagística da Universidade de Michigan Joan Nassauer cita Major Uses of Land in the United States, 2007, um estudo do Serviço de Pesquisa Econômica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos que mostra que 3% de todo território dos EUA é coberto por "cidades" enquanto mais de 5% é tomado por subúrbios.
Isso significa que embora existam novos parcelas do território a serem construídas, grande parte desta experimentação será transformar o que já existe, mas com novas tecnologias e compreensão de como é um urbanismo saudável ambiental, cultural e economicamente. É um terreno incrivelmente fértil para arquitetura e design urbano para imaginar como fazer um 'retrofit' dos subúrbios e torná-los parte da próxima geração de cidades.
Quando discute sua visão para o futuro das cidades, Vishaan Chakrabarti cita o diagrama de 1962 de Paul Baran "Redes Centralizadas, Decentralizadas e Distribuídas", que defende que uma rede rizomática distribuída de nós e conexões e a maneira mais resiliente de organizar um sistema. Se a crise de valores nas áreas urbanas leva mais e mais pessoas fora dos centros urbanos, então centros urbanos de uso misto podem ser localizados em toda a periferia, criando novas condições que são muito adequadas para as novas tecnologias e os desafios ambientais que enfrentam os subúrbios.
Uma vez que os subúrbios se adaptam às novas tecnologias—tais como carros que dirigem sozinhos e energia solar — para atualizar suas infraestruturas problemáticas e ineficientes, terão novas oportunidades para dirigir novas opções de trânsito que as conectam com o resto da paisagem urbana. Eles também serão um solo fértil para usos mais industriais e comerciais.
Estas mudanças na paisagem de subúrbio pode apenas ser frutíferas para arquitetos e urbanistas se eles se permitirem enxergar os subúrbios não como um lugar deplorável e ecologicamente destituído, mas sim um desafio de projeto que oferece riqueza cultural e uma gama diversa de problemas que podem ajudar uma infinidade de famílias de diferentes condições sócio-econômicas. Uma vez que nos livrarmos de nossos preconceitos, podemos começar a analisá-los nos termos que já foram definidos, e podemos começar a refazer os subúrbios na imagem de uma cidade progressista e do século 21.
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