Guia de arquitetura de Santiago: 41 lugares que todo arquiteto deve conhecer

Escrito por Nicolás Valencia | Traduzido por Julia Daudén
Publicado em 23 de Novembro de 2022

Fundada em 1541 pelo conquistador espanhol Pedro de Valdivia sobre assentamentos indígenas no vale do rio Mapocho, Santiago é a capital e a cidade mais populosa do Chile. Este centro urbano sul-americano é contido pela Cordilheira dos Andes a leste e pela Cordilheira da Costa a oeste, além de contar com 26 cerros islas, seus morros, espalhados por toda a cidade. Alguns desses cerros islas foram transformados em parques urbanos, como Santa Lucía e San Cristóbal, enquanto Chena, Calán e Renca estão em processo de expansão.

Os quase três séculos de domínio espanhol no que hoje é conhecido como Chile definiram uma arquitetura crioula austera no plano quadriculado (ou hipodâmico) de Santiago: casas de um ou dois pavimentos, paredes de adobe, telhados de telhas e plantas que distribuem os ambientes ao redor de corredores e pátios internos.

Depois que o processo de independência do Chile começou em 1810, e graças à exploração de salitre, cobre e carvão em meados do século, a república e sua elite promoveram uma arquitetura europeísta que refletia as transformações econômicas e culturais que o Chile estava passando. Esse movimento incluiu o projeto civilizador de Santiago promovido pelo prefeito Benjamín Vicuña Mackenna entre 1872 e 1875.

Em 1910, as comemorações do centenário da República se materializaram na construção de grandes infra-estruturas e obras públicas que reforçaram a imagem de uma identidade nacional triunfante, em franco contraste com "o nascimento da marginalidade urbana, o déficit habitacional, o surgimento do proletariado e da classe média burguesa", como propõe Max Aguirre.

Desde a inauguração do Edifício Oberpaur em Santiago em 1929, o movimento moderno moldou a arquitetura chilena do século XX. Inicialmente difundido por jovens arquitetos em contato com a vanguarda européia e americana através de encomendas privadas, o movimento moderno no Chile foi adotado por uma visão de estado de bem-estar social, planejamento e industrialização até os anos 70. A ditadura militar entre 1973 e 1990 relegou os arquitetos ao projeto de segundas casas e arquitetura comercial, com destaque para o surgimento de caracóis comerciais que antecederam do surgimento do shopping center. A cena arquitetônica de Santiago nas últimas décadas concentrou-se no desenvolvimento de grandes projetos envidraçados de intenção cosmopolita em distritos financeiros como Sanhattan e Nueva Las Condes, além do projeto de obras públicas e espaços para iniciativas estatais como o Plano Bicentenário.

Além das obras e lugares aqui apresentados, recomendamos também visitar os bairros Lastarria, Italia, Concha y Toro, Biobío, Yungay e Nueva Las Condes; o sistema de galerias internas do centro de Santiago e a rede de arte pública do metrô da cidade, incluindo o mural "Memoria visual de una nación" de Mario Toral na estação Universidad de Chile.