As escolas de arquitetura são um longo e árduo percurso e todos nós sabemos disso. No entanto, como muitos concordarão, é válido por todo o conhecimento adquirido ao longo dos anos (sem mencionar as amizades que se formam nas maratonas de projeto). A educação de arquitetura é mais do que aprender a desenhar espaços incríveis e, mesmo que você não perceba na época, as escolas de arquitetura também ensinam outras lições para a vida. As habilidades abaixo são aquelas que você provavelmente desenvolverá incidentalmente durante sua jornada estudando arquitetura, mas que serão um ganho tremendo também fora da academia.
1. Cometer erros rapidamente
No espírito de fazer as coisas com rapidez, vamos abordar este primeiro. Você já deve ter ouvido o conselho de não se prender à más decisões apenas porque gastou muito tempo as fazendo. No fundo o que tem que ficar claro é que você vai cometer erros, tanto nos projetos como na vida. Mas a coisa importante a se aprender nas escolas de arquitetura é que é preciso tentar diversas vezes, reconhecer os erros ou ideias improdutivas o mais cedo possível, e se livrar deles para então partir para uma solução viável. Se você dominar a arte de cometer e reconhecer seus erros, é possível abordar todas as suas opções de maneira eficiente e não é preciso se preocupar em gastar muito tempo em algo que não dê frutos.
2. Design Thinking / Resolução de problemas
Falando em resolução de problemas, um dos tópicos mais abrangentes na educação de arquitetura é o que se refere como “design thinking” para a solução de problemas. A educação e o conhecimento do design thinking podem ser aplicados a qualquer campo onde as pessoas precisem resolver problemas. Arquitetos são ensinados desde o início a olhar para um problema de todos os ângulos (literalmente) para coletar informações, estudar precedentes, para então fazer escolhas visando a solução e também a análise dos efeitos das escolhas que fazem. Esses processos e essas habilidades podem ser aplicadas a todos os tipos de problemas, inclusive fora do campo da arquitetura.
3. Aprender, ler, pesquisar
Outra habilidade muito útil é aprender a como aprender. Ninguém nasce sabendo sobre os motivos em mosaicos da Arte Deco, mas se você tiver que escrever um artigo sobre eles numa aula de história de arquitetura, provavelmente vai aprender um pouco do processo de conduzir uma pesquisa. Quando o professor sugere capítulos para leitura da noite pro dia, você também deve ter aprendido como absorver de fato o que já leu, para não desperdiçar suas noites encarando o mesmo parágrafo por meia hora. Ter um conjunto de habilidades permite que acumule novo conhecimento de maneira eficiente sempre será benéfico, então em teoria você conseguirá guardar alguns dos seus antigos hábitos de estudo mesmo quando estiver fora da aula.
4. Gestão do tempo
Cenário completo: muitos adultos ativos e arquitetos em particular parecem ter uma péssima gestão do próprio tempo. No entanto, se puder acumular um tempo significativo gerindo suas habilidades enquanto estiver na escola, seu eu do futuro vai agradecer o seu eu do passado. Claro que boa gestão do tempo é incrivelmente útil quando se está na escola para evitar o máximo de noites em claro nos ateliês, mas nem é preciso dizer que vai continuar sendo útil depois da graduação. Devido às pressões frequentes envolvidas nas escolas de arquitetura, os alunos têm boa oportunidade para aprender a priorizar tarefas e gerir o próprio tempo sabiamente. Se você o fizer enquanto ainda for aluno, qualquer situação similar na vida futura não vai ser nada em comparação.
5. Não se levar muito a sério
Se as escolas de arquitetura te ensinam algo, é o conforto de ser facilmente notável. Seja desenhando em público, medindo o pé direito numa sala lotada, carregando enormes placas de isopor pela universidade, o estudante de arquitetura certamente vai ser notado mais do que os alunos de outros cursos com menos trabalhos manuais. As faculdades podem te forçar a ser mais do que um pouco ridículo às vezes, e quanto mais cedo concordar com isso, mais fácil será para você fazer o que tem que ser feito para concluir o trabalho. Claro, isso se aplica para qualquer situação de trabalho ou mesmo social com a qual você se deparar no futuro. Foque no que tem que ser feito e pronto!
6. Aprender a receber críticas
A menos que você seja o próximo Paulo Mendes da Rocha, (e mesmo que o seja) todo estudante de arquitetura enfrentará críticas ruins. Na esperança de que você já aprendeu a habilidade anterior de não se levar muito a sério, você não vai levar as críticas para o lado pessoal, embora seja sempre difícil ouvir um observador externo destruir o projeto no qual você depositou toda toda sua alma. Críticas duras podem frequentemente parecer um ataque pessoal e todos conhecemos os estudantes que defenderão seus projetos até a morte sem absorver o feedback de seus avaliadores. Este não é quem você quer ser na graduação e muito menos quem você quer ser na vida. Existe uma diferença entre corrigir um mal entendimento sobre seu trabalho e ser apenas argumentativo. Como as escolas de arquitetura estão repletas de oportunidades de críticas e feedbacks, com o tempo você aprenderá a compreender e integrar a crítica construtiva de seu trabalho.
7. Defender seu trabalho e suas opiniões
Com o que foi dito acima em mente, o que não se deve fazer é se vender barato em dia de avaliação. É um equilíbrio delicado, mas você realizou um grande esforço com este projeto e é, literalmente, a melhor pessoa para falar sobre ele. Se um avaliador questiona suas escolhas ou motivos, você deve ser capaz de responder e explicar seu trabalho de maneira clara. Tenha um argumento forte e se mantenha fiel à suas opiniões, mas ouça o feedback. Isso pode ser feito sem entrar na defensiva.
8. Fazer propaganda de si e de seu trabalho
Se você tem um claro entendimento de seu trabalho e de suas opiniões, será capaz de fazer propaganda de si e de suas habilidades para empregadores e/ou clientes em potencial. Através do processo de fazer um portfólio de projetos, arquitetos e designers investem muito tempo em seu trabalho e portanto, aprendem como descrevê-lo melhor para outros. Na verdade, quando estiver em uma entrevista de emprego, você já terá praticado o mesmo passo mais de uma vez em bancas das disciplinas de projeto. Ter orgulho de seu trabalho e falar com confiança e integridade sobre ele pode te levar longe na vida e na profissão.
9. Falar em público
Este tópico já foi abordado mais de uma vez nesta lista, mas dizem que a prática leva à perfeição, e durante a faculdade pratica-se muito as apresentações de trabalhos. Seja explicando suas ideias para os membros de seu grupo ou defendendo seu projeto na avaliação final, a escola de arquitetura é repleta de apresentações de todas as formas e escalas. Uma vez que estiver confortável em falar ou se apresentar diante de grupos de pessoas, vai tirar de letra situações similares na vida profissional, e isso se tornará cada vez mais fácil.
10. Trabalhar em equipe
A essa altura, já fomos desiludidos do estereótipo do arquiteto sendo aquele gênio solitário e a realidade é que se você trabalha em um escritório de arquitetura, estará trabalhando em equipe. Ainda bem que as escolas de arquitetura te fazem praticar isso com projetos em grupo. Embora possa ser um processo repleto de frustração, você está aprendendo valiosas lições sobre como trabalhar (leia-se lidar) com outras pessoas, e é possível que aprenda como não fazê-lo também. Pode parecer um clichê, mas boas habilidades de trabalho em equipe são verdadeiramente valiosas para os empregadores. Em um sentido pragmático, eles provavelmente não estão interessados em contratá-lo por seu gênio único e gosto impecável, mas porque eles querem alguém que possa trabalhar com o resto do escritório. Se não puder fazer isso, suas ideias de projeto não valem muito para eles, enquanto que se você puder trabalhar bem com (e eventualmente liderar) uma equipe, todas as suas outras habilidades são um bônus bem vindo.
11. Trabalhar com pessoas de outras áreas
Falando em equipes, erguer um edifício requer muito mais do que um arquiteto, e na verdade muito mais do que uma equipe de projeto. Em sua formação de arquitetura, você deve ter tido oportunidade para ir além e possivelmente fez uma disciplina de outra área; se o fez, estará mais preparado para a vida fora da bolha que é a arquitetura. Na prática profissional, se comunicar e cooperar com pedreiros, engenheiros, executivos e clientes é vital para concluir um projeto e também para construir relações. Além da prática, aprender a pensar fora da caixa de suas experiências e realmente estar disposto a ouvir e aprender dos outros fará toda sua vida correr mais tranquilamente.
12. Seguir instruções
Parece incrivelmente chato, mas o projeto de edifícios (e a vida em si) frequentemente vem acompanhado de regras. Muitas vezes um arquiteto é desencorajado por restrições da legislação ou as exigências do programa do cliente, mas seu projeto tem que funcionar e atender as necessidades dos usuários para quem se projeta. Enquanto que as escolas de arquitetura estão frequentemente livres de muitas das limitações do mundo real, os estudantes ainda sim têm que aprender a trabalhar com uma série de parâmetros estipulados. Isso se aplica diretamente à vida, pois em muitos cenários diferentes você trabalhará sob as regras externas.
13. Quebrar as regras quando necessário
Uma vez que você compreender totalmente a intenção da regra, pode começar a desdobra-la e muitas vezes quebrá-la, para resolver o problema. Clientes e chefes nem sempre concordarão - assim como seu professor de projeto - mas simplesmente ver as regras como barreiras, ao invés de entender seu propósito maior, irá lhe sufocar enquanto arquiteto. Nem todos os riscos valem a pena, mas se você entender a extensão total e as implicações do risco antes de dar o salto, terá mais chance de ser bem sucedido com suas escolhas e soluções.